Deficiência e coletividades bivalentes: análise da Psicologia Escolar Crítica dos editais da UnB
DOI:
https://doi.org/10.5902/1984686X91889Palavras-chave:
Pessoa com deficiência, Pós-Graduação, Psicologia Escolar CríticaResumo
Esta pesquisa busca compreender como a deficiência é representada e seus efeitos na inclusão de pessoas com deficiência (PcD) na pós-graduação da Universidade de Brasília (UnB). Diante da escassez de estudos na área, foram analisados 73 editais de programas da UnB, publicados entre 2020 e 2024. A investigação adota análise documental, ancorada na Psicologia Escolar Crítica e na teoria das coletividades bivalentes de Nancy Fraser. O foco está nos avanços institucionais após a Resolução CPP nº 5/2020 e a Lei nº 14.723/2023, avaliando políticas afirmativas voltadas às PcDs. Observa-se progresso na inclusão de definições de deficiência com base no modelo biopsicossocial da Lei Brasileira de Inclusão. No entanto, ainda se identificam termos inadequados como “portador de deficiência” e “deficiente”, refletindo visões capacitistas. Também há ausência de interseccionalidades, como raça, classe e gênero, nos dados coletados e nas políticas formuladas. Conclui-se ser urgente adotar uma abordagem crítica de justiça social que integre redistribuição e reconhecimento, tratando a deficiência como categoria política atravessada por múltiplas opressões. Isso permitirá práticas inclusivas e anticapacitistas que considerem o sujeito em sua totalidade social, econômica e cultural.
Downloads
Referências
BACELLAR, Carlos. Uso e mau uso dos arquivos. In: Pinsky, C. B. Fontes históricas. São Paulo: Contexto. 2023.
BARNES, Colin. The social model of disability: Valuable or irrelevant. The Routledge handbook of disability studies. 2012.
BARROCO, Sonia Mari Shima. A família fetichizada na ideologia educacional da sociedade capitalista em crise: uma questão para a psicologia da educação. In: DUARTE, Newton. Crítica ao fetichismo da individualidade. São Paulo: Autores associados. 2012.
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE]. Pessoas com deficiência 2022 (PNAD - contínua). Brasília, DF, 2023. https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/media/com_mediaibge/arquivos/0a9afaed04d79830f73a16136dba23b9.pdf
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia Estatística [IBGE]. Censo Demográfico 2010 - Nota técnica 01/2018. Brasília, DF, 2018. https://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/metodologia/notas_tecnicas/nota_tecnica_2018_01_censo2010.pdf
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Texeira [INEP]. Censo da Educação Superior 2023. Brasília, DF, 2024. https://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/documentos/2023/apresentacao_censo_da_educacao_superior_2023.pdf
CELLARD, André. A análise documental. In: Poupart, J. et al. A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. 1.ed. Petrópolis: Vozes. 2012
CONNOR, David J.; VALLE, Jan. Estudos da Deficiência na Educação: passado, presente e futuro?. Educação & Realidade. v. 49.
https://www.scielo.br/j/edreal/a/Z9DLZVHw4shbySXG77tFqLk/
DIAS, Adriana. Por uma genealogia do capacitismo: da eugenia estatal a narrativa capacitista social. I SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ESTUDOS SOBRE A DEFICIÊNCIA. SEDPcD/Diversitas/USP Legal, Anais. São Paulo. 2013.
DINIZ, Débora. O que é deficiência?. Brasília: Editora brasiliense. 2007.
DINIZ, Débora; BARBOSA, Lívia; SANTOS, Wederson Ruffino. Deficiência, direitos humanos e justiça. Sur. Revista Internacional de Direitos Humanos. v. 6. 2009. https://www.scielo.br/j/sur/a/fPMZfn9hbJYM7SzN9bwzysb/?lang=pt
DRAGO, Rogério; GABRIEL, Emílio. A pessoa com deficiência e a educação especial no Brasil nos últimos 200 anos: sujeitos, conceitos e interpretações. Revista Educação Especial (Online), v. 36. 2023. http://dx.doi.org/10.5902/1984686X73415
FARIAS, Adenize Queiroz et al.. Estudos da deficiência: implicações do capacitismo no âmbito do ensino superior. In: SILVA, Solange Cristina; BECHE, Rose Clér Estivalete; COSTA, Laureane Marília de Lima. Estudos da deficiência na educação: anticapacitismo, interseccionalidade e ética do cuidado. Florianópolis: UDESC. 2022.
FONSECA, Thaisa da Silva; NEGREIROS, Fauston. Como elaborar uma pesquisa em Psicologia Escolar fundamentada no Método Histórico-Cultural? In: NEGREIROS, Fauston; CARDOSO, Jorge Rio (Orgs.). Psicologia e educação: conexões Brasil - Portugal. Teresina/PI: EDUFPI. 2019.
FRASER, Nancy. Redistribuição ou reconhecimento? Classe e status na sociedade contemporânea. Interseções - Revista de Estudos Interdisciplinares. v. 4. n. 1. 2002a.
FRASER, Nancy. A justiça social na globalização: redistribuição, reconhecimento e participação. Revista Crítica de Ciências Sociais. n. 63. (2002b). https://journals.openedition.org/rccs/1250
FRASER, Nancy. Justiça interrompida: reflexões críticas sobre a condição “pós-socialista”. São Paulo: Boitempo. 2022.
GESSER, Marivete; MORAES, Marcia. Psicologia e políticas da deficiência: ativismos, aleijamentos e a luta anticapacitista. Revista Psicologia Política, v. 24, 2024.
GOFFMAN, Irving. Estigma - notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4ª ed. São Paulo: LTC. 2004.
LEMOS, Flávia Cristina Silveira et al. Análise documental: algumas pistas de pesquisa em psicologia e história. Psicologia em Estudo, vol. 20, n. 3. 2015. https://bdtd.ufcg.edu.br/jspui/handle/riufcg/35647
MELLO, Anahi Guedes de. Deficiência, incapacidade e vulnerabilidade: do capacitismo ou a preeminência capacitista e biomédica do Comitê de Ética em Pesquisa da UFSC. Ciência & saúde coletiva. v. 21. n. 10. 2016. https://www.scielo.br/j/csc/a/J959p5hgv5TYZgWbKvspRtF/
Organização Mundial de Saúde [OMS]. Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. 2004.
SASSAKI, Romeu Kazumi. Como chamar as pessoas que têm deficiência? 2013. Revista Diversa Educação Inclusiva na Prática. v. 14004. 2021. https://www.tjes.jus.br/wp-content/uploads/Como-chamar-as-pessoas-com-defici%C3%AAncia.pdf
RIBAS, Luana de Melo. A (re)construção social da deficiência para a compreensão de uma diversidade humana. Revista Com Censo: Estudos Educacionais do Distrito Federal. v. 7. n. 2. 2020. https://periodicos.se.df.gov.br/index.php/comcenso/article/view/879
Simões, J. A., & Fraser, N. (2006). Da redistribuição ao reconhecimento? Dilemas da justiça numa era “pós-socialista”. Cadernos de Campo. v. 15. n. 14/15.
Universidade de Brasília [UNB]. Anuário estatístico 2024 (ano-base 2023). 2024. https://anuario2024.netlify.app/
SIMIONATO, Marlene A. Wischaral; FACCI, Marilda Gonçalves Dias; LEMES, Maria Júlia. O ingresso de alunos com deficiência no ensino superior e a construção de uma política de inclusão na universidade Estadual de Maringá-UEM-alguns apontamentos. In: NEGREIROS, Fauston; ZIBETTI, Marli Lúcia Tonatto; BARROCO, Sonia Mari Shima. (Orgs). Pesquisas em Psicologia e Políticas Educacionais: Desafios para enfrentamentos à exclusão. Curitiba: CRV, p. 191-206, 2018.
Universidade de Brasília [UNB]. Relatório de Gestão 2024. 2025. https://www.dpo.unb.br/images/dpl/2025/RG_UnB_2024_1.pdf
VIGOTSKI, Lev Semionovitch. 7 aulas sobre os fundamentos da pedologia. Rio de Janeiro: e-papers. 2018.
VIGOTSKI, Lev Semionovitch. Problemas da defectologia. São Paulo: Expressão popular. 2021.
VIGOTSKI, Lev Semionovitch. Teoria e Método em Psicologia. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes. 2004.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Educação Especial

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0)
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E DIREITOS AUTORAIS
Declaramos o artigo a ser submetido para avaliação na Revista Educação Especial (UFSM) é original e inédito, assim como não foi enviado para qualquer outra publicação, como um todo ou uma fração.
Também reconhecemos que a submissão dos originais à Revista Educação Especial (UFSM) implica na transferência de direitos autorais para publicação digital na revista. Em caso de incumprimento, o infrator receberá sanções e penalidades previstas pela Lei Brasileira de Proteção de Direitos Autorais (n. 9610, de 19/02/98).


