Edições anteriores

  • Estudos sobre Shakespeare
    n. 67 (2023)

    Ao longo dos anos a crítica sobre a obra de Shakespeare se estabeleceu como um campo de estudos próprio. Semelhante a uma literatura nacional, existem eventos e séries de livros amplamente especializados na produção shakespeareana. Situado entre os pontos de encontro entre áreas de estudo como o teatro, a dramaturgia, a literatura inglesa, estudos de tradução e de adaptação, as peças e poemas são constantemente revisitadas. A diversidade de assuntos reúne uma grande variedade de interesses e de pesquisas desenvolvidas ao redor do mundo. No cenário brasileiro, o evento acadêmico Jornada Shakespeare se tornou um componente fundamental para o encontro de pesquisadores brasileiros e convidados do exterior. Além disso, o grande volume de referências à obra, estudos especializados e novas traduções atestam a permanência de Shakespeare no ambiente cultural brasileiro. Com amplitude analítica e presença constante no meio acadêmico, os estudos sobre a vasta obra dramático-poética extensa de Shakespeare continuam sendo um terreno fértil para novas metodologias de pesquisa, além de constantes revisitações.

  • Edição Especial - 1/2023: O falante, o linguista e uma antropologia na linguagem: uma homenagem ao Professor Valdir do Nascimento Flores

    Nesta Edição Especial, consolidamos a significativa contribuição de Valdir do Nascimento Flores à linguística, demonstrando que é “possível escrever de modo diferente mesmo sendo linguista” (NORMAND, 2009, p.101), pois os “livros de saber, de pesquisa, têm também o seu ‘estilo” (BARTHES,2004, p.210). A recente obra Problemas Gerais de Linguística, de Flores (2019), é, seguramente, um de seus mais interessantes livros, resultado de vários anos de pesquisa. Esta singela homenagem reúne Artigos, Resenha, Tradução e uma Entrevista com o próprio homenageado. Todos os autores entretiveram alguma relação de ensino, pesquisa ou parceria acadêmica ou com o Professor Valdir. Se esta Homenagem inspirar algumas outras, terá cumprido um objetivo a mais.

     

    Organizadoras

    Márcia Elisa Vanzin Boabaid – UFSM; Silvana Silva – UFRGS

    Capa : Giovana Lovato Riske Roseira

  • O Português e o Espanhol ao sul das Américas e suas relações com outras línguas
    n. 66 (2023)

    Este número é dedicado a trabalhos que abordem a língua portuguesa e a língua espanhola no contexto da América do Sul, considerando as questões político-linguísticas, as abordagens inovadoras e contextualizadas na e para formação de docentes frente aos desafios dos sistemas escolares da região bem como apresentação e discussão sobre experiências em educação intercultural e/ou bilingue; Análise das práticas linguísticas dos falantes frente às exigências do mundo globalizado e tecnológico;  o contato das línguas nacionais com outras línguas como as originárias, de imigração ou de fronteira; representação e status das línguas portuguesa e espanhola como nacionais, segundas, estrangeiras, de acolhimento e de herança nas comunidades e nas instituições; as línguas nacionais e os cenários plurilíngues da região; mediação cultural e linguística no planejamento político- linguístico. Sentidos e representações sobre interculturalidade, bilinguismo/multilinguismo na região.

    Organização:

    Eliana Rosa Sturza – UFSM;  Laura Masello – UDELAR; Leonor Acuña – UBA

    Capa: Clara Fernandes Barcelos 

     
  • Edição Especial - 1/2022: 30 anos de pesquisas em Computer Assisted Language Learning (CALL) no Brasil

    Em 1992, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a professora Maximina M. Freire defendeu a primeira dissertação de mestrado em CALL no Brasil. Tal sigla, já consagrada na literatura da área, é referente à Computer Assisted Language Learning, forma como se convencionou designar o campo de ensino de línguas mediado por computador e por tecnologias em geral. Reis (2010) e Paiva (2019) interpretam tal trabalho (FREIRE, 1992) como um dos marcos históricos de inauguração de uma comunidade científica de CALL, que é possivelmente a área mais transdisciplinar de uma área essencialmente transdisciplinar: a Linguística Aplicada (LA). Assim, em 2022, celebramos três décadas de estudos em CALL no país. Nesses trinta anos, acompanhando uma tendência global, a comunidade brasileira de CALL se expandiu e consolidou, conforme apontam publicações variadas que historiaram as fases e as tendências teóricas, metodológicas e temáticas da área (REIS, 2010; MARTINS; MOREIRA, 2012; PAIVA, 2019; COSTA et al., 2020). Tais trabalhos não se limitam ao registro do passado e do presente de CALL, mas vão além, na medida em que contribuem para pensar o futuro da educação linguística mediada por tecnologias.

  • Poéticas e retóricas dos séculos XVI a XVIII
    n. 65 (2022)

    Apesar de os estudos retóricos e poéticos virem, aos poucos, ocupando maior espaço na academia, tanto no exterior, como também no Brasil, o número de publicações, seja de livros, seja de dossiês temáticos em periódicos acadêmicos, a respeito deste tema ainda é pequeno, sobretudo em face do volume de publicações relativas à área de estudos literários como um todo. Por isso, dedicamos este número da Revista Letras (PPGL/UFSM) às poéticas e retóricas dos séculos XVI a XVIII. Assim, propomos, como afirma o crítico literário brasileiro João Adolfo Hansen, uma reconstrução & quot; arqueológica & quot; das práticas letradas compreendidas entre os séculos XVI e XVIII, com enfoque em questões retórico-poéticas a elas pertinentes. Reunimos artigos que versam sobre os gêneros praticados, as preceptivas e a tratadística, bem como propoêm a aplicação desses princípios a obras em particular, ou ainda promovem análises comparativas entre obras do período em questão com outras anteriores ou posteriores a ele, de modo a oferecer um panorama dos estudos das letras do período que, afastando-se de princípios forjados pelos séculos XIX e XX, buscam analisar as letras dos séculos XVI a XVIII a partir de uma perspectiva em que retórica e poética são inseparáveis.

  • Capa da revista Letras, n. 64

    A prática de análise linguística nos processos de ensino e aprendizagem de língua portuguesa na educação básica
    n. 64 (2022)

    Apesar de os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997; 1998), a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018) e as pesquisas atuais nos campos da Linguística Aplicada e da Educação Linguística indicarem um possível consenso sobre o trabalho com a língua portuguesa na escola, tomado à luz dos usos da linguagem na sociedade, o eixo da prática de análise linguística ainda pode ser considerado um desafio para professores em formação inicial e continuada. Em razão disso, este número da revista Letras reúne pesquisas que focalizam a prática de análise linguística (PAL) nos processos de ensino e de aprendizagem de língua portuguesa na Educação Básica. Essas investigações discutem aspectos teórico-metodológicos, político-educacionais e didático-pedagógicos em torno da prática de análise linguística nas aulas de Língua Portuguesa. Acreditamos que a reflexão proposta poderá contribuir para a consolidação de pesquisas em Linguística Aplicada sobre prática de análise linguística, como também colaborar com as discussões sobre a ressignificação das práticas de linguagem na esfera escolar.

  • Poéticas interartes e cultura brasileira
    n. 63 (2021)

    Literatura e outras artes sempre dialogaram, produzindo obras híbridas, emparelhadas, inspiradas ou adaptadas, resultando em uma relação de autofagia não só fértil como necessária a autores, gêneros e audiências. No caso da cultura brasileira, porém, a situação é mais delicada, uma vez que, do passado ao presente, cultura, arte e estética – e suas consequentes experimentações e eventuais diálogos – sempre foram relegadas a segundo plano, não raro associadas a classes médias e altas, como se a cultura popular e expressões marginais não fossem dignas de observação, quanto mais de registro ou estudo. Este número de Letras objetiva discutir a existência de poéticas interartes em nossa cultura, pensando de que modo a literatura nacional, no decorrer dos últimos dois séculos, e chegando à contemporaneidade, manteve uma relação promíscua e profícua com a pintura, o teatro, a música, a dança, os quadrinhos, o cinema, a arquitetura, entre outras expressões artísticas. A partir desse corpus, esta edição discute hibridação de gêneros, adaptações e traduções intersemióticas, narrativas multimídia, intermídia e transmídia, literatura e tecnologias digitais, além de ensaios que debatam, analisem e interpretem as poéticas interartes de uma perspectiva conceitual, teórica e aplicada.
  • O Uso de Metodologias de Corpus em Pesquisa de Linguística Aplicada
    n. 62

    Com foco na análise de quantidades relativamente grandes de dados, a Linguística de Corpus tem sido fundamental para auxiliar nossa compreensão sobre o modo como a linguagem é usada em diversos contextos. Os estudos que utilizam metodologias de corpus têm iluminado a nossa compreensão de como os idiomas variam de modo (por exemplo, falado vs. escrito), através de variáveis sociolinguísticas (por exemplo, idade e gênero) e como a proficiência linguística se desenvolve em aprendizes de primeira e segunda línguas. Embora a maioria dos estudos baseie cada análise em grande número de textos, também há casos em que as metodologias de corpus podem ser usadas em conjuntos de dados relativamente pequenos, principalmente através de métodos baseados em corpus (isto é, de baixo para cima) de análise de dados (listas de palavras, n-gramas, análises de palavras-chave). Esta edição da Revista Letras irá ilustrar as várias maneiras pelas quais os métodos de corpus podem ser usados para responder a questões de pesquisa específicas no campo da Linguística Aplicada, ilustrando como os métodos de corpus podem ser usados por referência a grandes e pequenos conjuntos de dados.

  • Edição Especial - 3/2020: Letramento acadêmico: práticas pedagógicas em tempos de internacionalização

    Este número especial da Revista Letras busca reunir trabalhos sobre a temática do letramento acadêmico, principalmente em língua inglesa. O desenvolvimento de letramento acadêmico em línguas adicionais, especialmente em inglês, tornou-se improtelável com a política de internacionalização da educação superior, que tem pressionado a comunidade acadêmica a ampliar sua interação com instituições internacionais. Frente às iniciativas das instituições de ensino superior para a promoção de letramento acadêmico e aos obstáculos enfrentados, surge uma demanda, especialmente em áreas como a Linguística Aplicada, para discutir questões de socialização/pedagogia do letramento acadêmico. Este número especial dá preferência (mas não se restrige a) trabalhos apresentados no Simpósio Temático Academic literacy in English: pedagogical practices in times of internationalization, parte do X Simpósio Internacional de Estudos de Gêneros Textuais (SIGET), realizado em Córdoba, em setembro de 2019. Nesse contexto, convidamos pesquisadores interessados em debater a temática em associação a conceitos como gênero discursivo (Swales, 2004); práticas sociais (Lillis; Curry, 2010); aos modelos autônomo ou ideológico (Street, 1984); ou às perspectivas generalista (Spack, 1988) ou específica (Hyland, 2002).

     
  • Edição Especial - 2/2020: Teatro Elisabetano e Jacobino: estudos textuais, teatrais e críticos

    Neste dossiê o conjunto de contribuições reunidas revela a amplitude dos estudos da Primeira Modernidade e em particular do teatro elisabetano e jacobino. Nele estão incluídos estudos de reconstituição textual e cênica, bem como o que poderíamos chamar da “posteridade” do período, suas reinterpretações ao longo da história por meio de adaptações, traduções e de interpretações críticas. De fato, se observamos o estado dos estudos que envolvem o período e em particular o teatro de Shakespeare, observamos, de um lado, esforços para reconstruir historicamente e arqueologicamente seus textos, suas práticas cênicas, sua ideologia própria, suas relações com o zeitgeist do período – por outro lado também observamos que o trabalho da crítica, da reinterpretação não se esgotaram. Os textos reunidos nesse dossiê, acolhido pela Revista Letras, possuem uma história em comum com a Jornada de Estudos Shakespeareanos. 

  • (Dez. 2020) - Representações da violência na cultura brasileira
    n. 61

    O número 61 da Revista Letras, publicação do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Santa Maria, traz textos que discutem as diversas formas de representação da violência na cultura brasileira. Para além de uma abordagem temática, as reflexões se amparam em como a violência, que se tornou onipresente no contexto social brasileiro, está intrinsecamente vinculada à literatura e à produção cultural, sendo muito difícil um estudo que não leve em consideração o seu caráter vívido em distintos grupos sociais nas mais diversas situações. Essa amplitude da percepção da violência para uma realidade comum brasileira demonstra que esse cenário não se restringe às periferias, à condição de pobreza ou mesmo à disputa de território e de poder decorrente do tráfico de drogas. Uma quase livre circulação de armas acaba legitimando uma ordem social problemática e contraditória que atinge também classes sociais mais altas vulneráveis à onda de ódio que há muito tempo já adoeceu as estruturas policiais de combate à criminalidade, fazendo com que essas organizações sejam cada vez mais violentas e externem as contradições advindas de um processo histórico excludente e marcado pelo racismo e pela misoginia.

  • (jun. 2020) - Línguas românicas em diacronia: teorias, métodos e análises
    n. 60

    Desde Weinrich, Labov e Herzog (1968), postula-se uma teoria que explique problemas relacionados à mudança linguística como restrições atuantes, implementação, transição, avaliação, encaixamento e propagação. Labov (1972) retoma essa proposta, insuflando o princípio do uniformitarismo, segundo o qual mudanças ocorridas no passado podem vir a acontecer no presente, para justificar a afirmativa de que é preciso estudar o passado para melhor explicar o presente. Com relação ao uso do texto escrito para o estudo da mudança, o autor diz que a investigação que toma como fonte o dado escrito é uma tentativa de fazer o melhor uso de um dado ruim. O dado escrito pode apresentar características comuns à fala, entretanto, por conta da dificuldade de interpretação grafema/som, podem existir registros que não sejam significativos linguisticamente. Por isso, é fundamental que se reflita sobre a relação entre a preparação de corpora diacrônicos e suas implicações para o desenvolvimento de pesquisas que tenham como foco a análise e descrição do uso das diversas línguas românicas em sincronias passadas. Com base no registro escrito, conforme Romaine (1982), Lass (2000), Schneider (2002) e Montgomery (2007), entre outros, é possível se averiguar a existência de variantes linguísticas como representantes de um ato de fala supostamente ouvido, a fim de se  investigar a evolução de processos de mudança linguística pelo tempo. O objetivo desse número temático é reunir pesquisas que discutam questões relativas à edição de textos de tradição românica que são tomados como corpora diacrônicos para fins de descrição e análise linguística, além de congregar estudos no âmbito da linguística românica que contemplem perspectivas sobre variação, mudança linguística e teoria e análise linguística.

  • Edição Especial - 1/2020: Oralidade e Ensino: discussões teórico-metodológicas

    Este número especial da Revista Letras busca reunir trabalhos sobre a temática do letramento acadêmico, principalmente em língua inglesa. O desenvolvimento de letramento acadêmico em línguas adicionais, especialmente em inglês, tornou-se improtelável com a política de internacionalização da educação superior, que tem pressionado a comunidade acadêmica a ampliar sua interação com instituições internacionais. Frente às iniciativas das instituições de ensino superior para a promoção de letramento acadêmico e aos obstáculos enfrentados, surge uma demanda, especialmente em áreas como a Linguística Aplicada, para discutir questões de socialização/pedagogia do letramento acadêmico. Este número especial dá preferência (mas não se restrige a) trabalhos apresentados no Simpósio Temático Academic literacy in English: pedagogical practices in times of internationalization, parte do X Simpósio Internacional de Estudos de Gêneros Textuais (SIGET), realizado em Córdoba, em setembro de 2019. Nesse contexto, convidamos pesquisadores interessados em debater a temática em associação a conceitos como gênero discursivo (Swales, 2004); práticas sociais (Lillis; Curry, 2010); aos modelos autônomo ou ideológico (Street, 1984); ou às perspectivas generalista (Spack, 1988) ou específica (Hyland, 2002).

  • (Dez. 2019) - Corpo, trauma e memória: desfazendo gêneros na literatura e nas artes das Américas
    n. 59

    Corpo, trauma e memória: desfazendo gêneros na literatura e nas artes das Américas foi o tema proposto pelos professores Wanderlan Alves (Univer-sidade Estadual da Paraíba), Divanize Carbonieri (Universidade Federal do Mato Grosso) e Anselmo Peres Alós (Universidade Federal de Santa Maria) para o número 59 da revista Letras, mantida pelo Programa de Pós-Gra-duação em Letras da UFSM. Já de início, conseguiu-se orquestrar um coro de vozes representativo da heterogeneidade da pesquisa na Universidade brasileira, ao representarmos as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sul já nas instituições de atuação dos organizadores do presente número.Na década de 1970, o advento da crítica feminista foi considerado pela academia como algo nefasto, uma onda de militância ideológica que veio para destruir as artes e a literatura, menosprezando a realiza-ção estética dos textos e reduzindo sua importância e valor à política. Contudo, já nos anos 1980, a crítica feminista foi reconhecida por teóri-cos do calibre de Jonathan Culler e Terry Eagleton como uma das mais poderosas forças de renovação da crítica contemporânea. Desde então, a crítica feminista tem transformado, do Ocidente ao Oriente, a forma como lemos e pensamos as artes e a literatura.

  • (Jun. 2019) - Gêneros textuais / discursivos: ensino, aprendizagem e avaliação na educação básica
    n. 58

    Os anos 80 do século XX marcaram fortemente a discussão sobre o ensino de língua materna, com vários questionamentos sobre as unidades básicas do ensino e o papel do ensino da gramática. A obra O texto na sala de aula, organizada por João Wanderley Geraldi, demonstrou como uma proposta interacionista de língua(gem), de forte base sociolinguística e enunciativa, implicou repensar, no contexto brasileiro, uma lógica escolar centrada no paradigma estrutural e formal. Estudos sobre a produção textual e sobre a redação escolar surgiram de vários Estudos da Linguagem impactando a produção de propostas curriculares estaduais e municipais. Na década de 1990, contexto que remonta à publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais - (BRASIL, 1998) - há uma crescente preocupação com a relação entre os Estudos da Linguagem e os contextos pedagógicos, articulados, es-pecialmente, em torno de questões de ensino de língua materna baseadas no trabalho com gêneros discursivos/textuais. Nesse sentido, parece haver consenso a respeito do termo “linguagem” como sinônimo de interação, cujo uso reflete as condições específicas e as finalidades de cada campo de atividade (BAKHTIN, 2011), e da necessidade de se focalizar, quando neces-sário em cada contexto, o ensino reflexivo, crítico e com mais sistematici-dade dos diversos textos em uso.

  • Edição Especial - 1/2019: Estudos poéticos e retóricos: novas perspectivas

    Os estudos retóricos e poéticos vêm recebendo, no campo acadêmico, uma atenção renovada nos últimos anos, seja na esteira de trabalhos que procuraram resgatar a importância da disciplina de retórica, como os de George A. Kennedy (Classical Rhetoric and Its Christian and Secular Traditions) e Brian Vickers (In Defense of Rethoric), seja, principalmente, na relação dessa disciplina com a crítica literária, na tentativa de re-tomar uma relação íntima com as poéticas anteriores à Modernidade. Se a crítica humanista e estilística de meados do século XX já alertava para a importância de uma reconstrução histórica das formas de es-critura, como se notava em Erich Auerbach, em seu clássico Mimesis, ou ainda no monumental Literatura Europeia e Idade Média Latina, de Ernest Robert Curtius, seria necessário ainda um pouco mais de tempo para que, no Brasil, houvesse um redirecionamento dos estudos literá-rios nesse sentido. Assim, pesquisas como as de João Adolfo Hansen (A Sátira e o Engenho) e de Alcir Pécora (Teatro do Sacramento) foram fun-damentais para que os estudos retóricos e poéticos se consolidassem no campo acadêmico brasileiro. Esses e outros trabalhos apontaram para a necessidade de reconstruir “arqueologicamente”, nos dizeres de Hansen, textos anteriores ao final do século XVIII, que, não raro, eram lidos pela crítica sob viés anacrônico, ou, pior ainda, conside-rados de pouca ou nenhuma relevância para o leitor contemporâneo.

  • (Dez. 2018) - Literatura(s) contemporânea(s): a dinâmica do afeto
    n. 57

    O dossiê propõe uma reflexão sobre as potencialidades afetivas da literatura contemporânea. A discussão sobre os afetos encontrou terreno fértil nas ciências humanas e sociais no início deste milênio, impulsionando a denominada virada afetiva, cujo desafio teórico é o de pensar as transversalidades do afeto situadas entre as ações e as paixões (CLOUGH, 2007). Deleuze e Guattari (1991), em Qu'est-ce que la philosophie?,  entendem o afeto como um devir sensível, não humano, como um “ato pelo qual algo ou alguém não para de devir-outro (continuando a ser o que é)” (1992, p. 229). Segundo essa perspectiva, o potencial mobilizador do afeto projeta-se para além das corporalidades e das experiências individuais e pode ser pensado não apenas em relação às diversas formas de “pertencimento”, mas também relacionado à ideia de comunidade e às discussões referentes à ampliação dos regimes estéticos. Nesse sentido, o afeto é uma potência, um caminho para o(s) outro(s), uma forma de produção, ou ainda, uma estratégia capaz de renovar atuações e comprometimentos, sejam eles artísticos, culturais, sociais e/ou políticos. O afeto não só participa de experiências estéticas pungentes, mas também mobiliza a formulação de laços de solidariedade, os quais contribuem para a construção de comunidades – mesmo que provisórias.     

  • (Jun. 2018) - Análise do discurso político: questões de teoria e de prática
    n. 56

    Os últimos acontecimentos no Brasil e no mundo têm trazido consigo não apenas uma reconfiguração do mapa do poder político, mas também uma avalanche de discursos que objetivam justificar esse labirinto de mudanças. Das atrocidades da guerra na Síria ao fortalecimento do Estado Islâmico, da encruzilhada da esquerda na América Latina ao projeto duvidoso da política externa dos EUA, o mundo enfrenta um conjunto de eventos políticos que se constroem e se reconstroem numa velocidade talvez nunca antes visto vista na História, provavelmente em função do papel da internet na construção e disseminação desses acontecimentos. A Universidade, historicamente palco onde se pensam os fazeres dos homens em toda a sua extensão, não pode se furtar de questionar e investigar as várias dimensões desses processos políticos que nos desafiam e afetam a todos nós em todo o mundo. Como não poderia deixar de ser, a linguagem se apresenta como uma das armas mais poderosas em todos esses embates políticos, usada para legitimar e/ou deslegitimar as várias vozes dos atores sociais envolvidos nesses eventos políticos que são, em boa parte, também linguísticos. Dito isto, a presente proposta constitui um amplo convite para se discutir o discurso político e, em particular, o papel da linguagem no desenrolar dessas práticas discursivo-políticas, uma vez que propõe aos interessados um diálogo de duas trincheiras: uma teórica e outra prática, isso porque, se é verdade que existem muitos trabalhos que poderiam ser rotulados de discurso político, pouquíssimos são aqueles que o tratam com a natureza específica que se deseja tratar aqui.

  • (Dez. 2017) - Literatura popular e seus circuitos associados
    n. 55

    O interesse do atual volume incide sobre dois objetos: o primeiro deles é a própria narrativa e poesia popular, entendida aqui não apenas como literatura oral, mas como o conjunto de narrativas, orais, escritas e im-pressas que pertencem ao domínio da cultura folclórica ou de seus res-quícios e desenvolvimentos no interior de outras culturas não-agrárias. O segundo deles é o estudo dos circuitos associados entre a tradição narrativa oral, popular e agrária, a alta cultura e a cultura contemporâ-nea. Interessa-nos aqui, primeiramente, as mediações entre as antigas formas da cultura literária oral ou escrita “popular” e outras formas de arte ou práticas literárias que não podem ser consideradas, stricto senso, pertencentes a antigas tradições folclóricas ou populares. Ainda assim, embora estejamos particularmente interessados nessa comunicação en-tre formas diversas, nosso alvo último é a própria literatura popular, privilegiando assim, na circularidade entre as duas tradições, os pon-tos de conexão e as influências. Historicamente, existe uma interação constante entre as chamadas “alta cultura” e “baixa cultura” que de modo algum remonta apenas à emergência do pensamento nacionalista de pensadores como Johann Gottfried Herder, que influíram indireta-mente no interesse e na própria criação dos estudos folclóricos. Carlo Ginzburg, em O queijo e os vermes, sublinhou a importância da noção de circularidade presente no pensamento de Bakhtin sobre as relações en-tre a cultura subalterna e a cultura dominante na Europa.

  • (Jun. 2017) - A produção textual a partir de abordagens interacionistas e sociocognitivas
    n. 54

    A proposta de organização deste número da Revista Letras objetiva discutir questões de produção textual a partir de abordagens inte-racionistas e sociocognitivas. Busca-se, com isso, promover, entre pesquisadores, debates sobre as bases teóricas propostas e desenvol-vimentos epistemológicos a respeito do objeto texto. Neste número, contamos com oito (8) artigos que tematizam diferentes aspectos da produção textual. Em quatro (4) artigos, temos o foco na questão teórica. Os autores de cada um dos artigos têm por objetivo mostrar como os enquadres conceituais selecionados podem resultar em novas formas de analisar o objeto texto, especialmente porque se debruçam sobre esse objeto a partir dos dispositivos teórico-metodológicos desenvolvidos no âmbito de teorias de base sociocognitiva e/ou sociointeracionista, tal como era a expectativa da ementa deste número. A produção textual discutida a partir da perspectiva do ensino é tematizada em outros quatro (4) artigos. Neles, o foco reside tanto nas condições do trabalho docente relativo à produção textual no interior das instituições escolares, como também na necessidade de se estabelecer uma agenda de discussão sobre as práticas de ensino de textos orais e escritos. Dois artigos enfocam o trabalho docente a partir de reflexões sobre o contexto da produção escrita nos campos acadêmico e do ensino médio. Dois artigos enfocam o trabalho com a produção oral no ensino fundamental e médio.

  • (Dez. 2016) - Estudos narrativos: Componentes interdisciplinares
    n. 53

    A proposta de Letras 53 supõe o aproveitamento da crescente revita-lização interdisciplinar dos estudos narrativos. Referimo-nos a “estu-dos narrativos” ou mesmo “narratologias”, pois tais expressões indicam a pluralidade de abordagens de que se beneficia a narratologia desde os anos 1990, cuja amostra pode ser conferida em duas importantes co-leções de ensaios: Narratologies, editada porDavid Herman (Columbus: Ohio State University Press, 1999), e Narratologies Contemporaines, orga-nizada por John Pier e Francis Berthelot (Paris: Éditions des Archives Contemporaines, 2010). Os termos, assim, já não designam apenas um subcampo da teoria literária estruturalista (ou da narratologia clássica), mas a reemergência e transformação da análise narrativa por meio de uma ampla variedade de áreas de pesquisa – estudos cognitivos, lin-guísticos, culturais, fenomenológicos etc., que se alimentam daquela teoria e ao mesmo tempo rompem com seus limites; e que se estendem, também, ao estudo de relatos transliterários e transmediáticos, como os produzidos nas mídias digitais, no cinema, na televisão, etc.

  • (Jun. 2016) - Linguística Aplicada: Multiletramento
    n. 52

    A temática dos multiletramentos tem sido pauta das discussões em Linguística Aplicada há algumas décadas, mais explicitamente a partir de 1996, com o manifesto do Grupo de Nova Londres (NEW LONDON GROUP, 1996), que apresentou a “Pedagogia dos Multiletramentos” para um ensino da linguagem conectado com as demandas das práticas sociais contemporâneas, marcadas pela multiplicidade cultural, linguís-tica, tecnológica e semiótica. O desenvolvimento de multiletramentos, ou seja, da capacidade de uso situado de múltiplas tecnologias, mídias e de múltiplos conheci-mentos culturais e recursos semióticos (como imagem, palavra, gesto, textura, som, por exemplo), proporciona o acesso do aprendiz ao mun-do e sua participação crítica (NEW LONDON GROUP, 1996), meta maior da educação linguística. O artigo inicial de Themis R. B. da Costa Silva discorre sobre aspectos centrais da Pedagogia dos Multiletramentos.Por um lado, o conceito de multiletramentos veio a destacar o papel dos canais e das tecnologias de comunicação (letramentos mul-timiáticos e letramentos digitais) e dos recursos semióticos não ver-bais (imagem, som, gesto – letramentos multimodais) na produção de sentido. Por outro lado, consolidou a perspectiva da linguagem como gênero discursivo, pois veio a reafirmar que só é possível desenvolver os multiletramentos dentro de algum gênero, expandindo o princípio já anunciado por Lemke (1998, p. 284): “um letramento é sempre um letramento em algum gênero”.

  • n. 51 (Dez. 2015)- Literatura, Cultura e Outras Artes

    A discussão sobre a relação entre a literatura e outras artes tem uma longa tradição, que inicialmente destaca o debate entre as artes ir-mãs e inclui, entre seus textos mais importantes, a célebre missiva de Horácio Ars Poetica (c. 14-13 a.C.), e Laokoon (1766), de Lessing. Essa tradição foi acolhida nos estudos de literatura comparada des-de a fundação da disciplina, embora não sem reservas, como expõe Henry H. H. Remak em “Literatura comparada: definição e função”. Remak, em seu ensaio de 1961, defende o conceito de literatura com-parada como disciplina que abriga não apenas “a comparação de uma literatura com outra ou outras”, mas também “a comparação da literatura com outras esferas da expressão humana”, como as artes (Remak, 1994, p. 175).Em 1995, o evento “Interarts Studies: New Perspectives”, rea-lizado na Universidade de Lund, inaugura um novo termo para iden-tificar o discurso sobre as inter-relações entre as artes. A criação do termo “Estudos Interartes” representaria, assim, uma mudança de ponto de vista em direção a uma abordagem interdisciplinar das artes em um campo de estudos em que a literatura não é mais a referência dominante (Pedroso Júnior, 2012; Clüver, 2001, 2006).

  • n. 50 (Jun. 2015) - Estudos sistêmico-funcionais: desdobramentos e interfaces

    Os artigos reunidos neste número temático do volume n. 50 de Letras, periódico do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Santa Maria, têm por objetivo, além de apresentar trabalhos produzidos pelos integrantes do Projeto SAL, promover discussões em torno do lugar que a Linguística Sistêmico-Funcional ocupa principalmente no Brasil e buscar desdobramentos e também interfaces com outras áreas do conhecimento humano, seja na linguagem do trabalho, da saúde, da educação, da política e das academias. Uma questão norteadora das atividades do Projeto SAL é a metafuncionalidade da linguagem, um dos conceitos-chave da teoria hallidayana, para quem a linguagem é essencialmente a manifestação da experiência e de valores e crenças de grupos sociais em determinadas situações contextuais. Assim, o contexto (ou os contextos) assume(m) o papel de elemento condicionante para as escolhas a serem realizadas pelos escritores/falantes. O grupo de pesquisadores tem promovido encontros e seminários do Projeto SAL em São Paulo, Santa Maria e Brasília (de 2009 a 2015), onde foram organizados colóquios e exposições do estado da arte. Também publicações foram realizadas em várias revistas brasileiras, dando-se destaque para um número especial da Revista Delta (D.E.L.T.A., 28) em 2012.

  • n.49: (Dez. 2014) - Narrativas, retóricas, drama e história nos séculos XVI e XVII

    A chamada da revista Letras refletiu a preocupação dos organi-zadores em incluir contribuições que, sem tratar de questões diretamente relacionadas ao período, explorassem-nas em relação a obras de outros tempos. Marcus De Martini e Noeli Rossatto exploraram, como já vimos, a presença do messianismo na obra de Suassuna. Kathrin Rosenfield, por sua vez, explorou as intersecções entre o pensamento de Walter Benjamin sobre o Trauerspiels alemão, a teoria tradutória de Haroldo de Campos e a poesia dramática traduzida pelo poeta alemão Friedric Hölderlin. Rosenfield revela como a inflexão da noção de barroco, produzida e reelaborada pela modernidade em obras, traduções e teorias, é objeto de leituras transversais fundamentais para as práticas tradutórias na modernidade: eis uma quadrangulação teórica que é reconhecível até mesmo em ensaios sobre tradução, como o célebre postscriptum “Transluciferação mefistofélica” em Deus e o Diabo no Fausto de Goethe. Rosenfield finalmente se detém sobre como os desvios e as rupturas na tradução de Hölderlin, criticados em seu tempo, constituem um interessante procedimento de “desvio de fidelidade”, certamente um procedimento que pelo menos desde a década de 50 tem sido discutido no campo teórico da tradução. 

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