n. 60: (jun. 2020) - Línguas românicas em diacronia: teorias, métodos e análises
Desde Weinrich, Labov e Herzog (1968), postula-se uma teoria que explique problemas relacionados à mudança linguística como restrições atuantes, implementação, transição, avaliação, encaixamento e propagação. Labov (1972) retoma essa proposta, insuflando o princípio do uniformitarismo, segundo o qual mudanças ocorridas no passado podem vir a acontecer no presente, para justificar a afirmativa de que é preciso estudar o passado para melhor explicar o presente. Com relação ao uso do texto escrito para o estudo da mudança, o autor diz que a investigação que toma como fonte o dado escrito é uma tentativa de fazer o melhor uso de um dado ruim. O dado escrito pode apresentar características comuns à fala, entretanto, por conta da dificuldade de interpretação grafema/som, podem existir registros que não sejam significativos linguisticamente. Por isso, é fundamental que se reflita sobre a relação entre a preparação de corpora diacrônicos e suas implicações para o desenvolvimento de pesquisas que tenham como foco a análise e descrição do uso das diversas línguas românicas em sincronias passadas. Com base no registro escrito, conforme Romaine (1982), Lass (2000), Schneider (2002) e Montgomery (2007), entre outros, é possível se averiguar a existência de variantes linguísticas como representantes de um ato de fala supostamente ouvido, a fim de se investigar a evolução de processos de mudança linguística pelo tempo. O objetivo desse número temático é reunir pesquisas que discutam questões relativas à edição de textos de tradição românica que são tomados como corpora diacrônicos para fins de descrição e análise linguística, além de congregar estudos no âmbito da linguística românica que contemplem perspectivas sobre variação, mudança linguística e teoria e análise linguística.