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(Dez. 2016) - Estudos narrativos: Componentes interdisciplinares
n. 53A proposta de Letras 53 supõe o aproveitamento da crescente revita-lização interdisciplinar dos estudos narrativos. Referimo-nos a “estu-dos narrativos” ou mesmo “narratologias”, pois tais expressões indicam a pluralidade de abordagens de que se beneficia a narratologia desde os anos 1990, cuja amostra pode ser conferida em duas importantes co-leções de ensaios: Narratologies, editada porDavid Herman (Columbus: Ohio State University Press, 1999), e Narratologies Contemporaines, orga-nizada por John Pier e Francis Berthelot (Paris: Éditions des Archives Contemporaines, 2010). Os termos, assim, já não designam apenas um subcampo da teoria literária estruturalista (ou da narratologia clássica), mas a reemergência e transformação da análise narrativa por meio de uma ampla variedade de áreas de pesquisa – estudos cognitivos, lin-guísticos, culturais, fenomenológicos etc., que se alimentam daquela teoria e ao mesmo tempo rompem com seus limites; e que se estendem, também, ao estudo de relatos transliterários e transmediáticos, como os produzidos nas mídias digitais, no cinema, na televisão, etc.
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(Jun. 2016) - Linguística Aplicada: Multiletramento
n. 52A temática dos multiletramentos tem sido pauta das discussões em Linguística Aplicada há algumas décadas, mais explicitamente a partir de 1996, com o manifesto do Grupo de Nova Londres (NEW LONDON GROUP, 1996), que apresentou a “Pedagogia dos Multiletramentos” para um ensino da linguagem conectado com as demandas das práticas sociais contemporâneas, marcadas pela multiplicidade cultural, linguís-tica, tecnológica e semiótica. O desenvolvimento de multiletramentos, ou seja, da capacidade de uso situado de múltiplas tecnologias, mídias e de múltiplos conheci-mentos culturais e recursos semióticos (como imagem, palavra, gesto, textura, som, por exemplo), proporciona o acesso do aprendiz ao mun-do e sua participação crítica (NEW LONDON GROUP, 1996), meta maior da educação linguística. O artigo inicial de Themis R. B. da Costa Silva discorre sobre aspectos centrais da Pedagogia dos Multiletramentos.Por um lado, o conceito de multiletramentos veio a destacar o papel dos canais e das tecnologias de comunicação (letramentos mul-timiáticos e letramentos digitais) e dos recursos semióticos não ver-bais (imagem, som, gesto – letramentos multimodais) na produção de sentido. Por outro lado, consolidou a perspectiva da linguagem como gênero discursivo, pois veio a reafirmar que só é possível desenvolver os multiletramentos dentro de algum gênero, expandindo o princípio já anunciado por Lemke (1998, p. 284): “um letramento é sempre um letramento em algum gênero”.
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n. 51 (Dez. 2015)- Literatura, Cultura e Outras Artes
A discussão sobre a relação entre a literatura e outras artes tem uma longa tradição, que inicialmente destaca o debate entre as artes ir-mãs e inclui, entre seus textos mais importantes, a célebre missiva de Horácio Ars Poetica (c. 14-13 a.C.), e Laokoon (1766), de Lessing. Essa tradição foi acolhida nos estudos de literatura comparada des-de a fundação da disciplina, embora não sem reservas, como expõe Henry H. H. Remak em “Literatura comparada: definição e função”. Remak, em seu ensaio de 1961, defende o conceito de literatura com-parada como disciplina que abriga não apenas “a comparação de uma literatura com outra ou outras”, mas também “a comparação da literatura com outras esferas da expressão humana”, como as artes (Remak, 1994, p. 175).Em 1995, o evento “Interarts Studies: New Perspectives”, rea-lizado na Universidade de Lund, inaugura um novo termo para iden-tificar o discurso sobre as inter-relações entre as artes. A criação do termo “Estudos Interartes” representaria, assim, uma mudança de ponto de vista em direção a uma abordagem interdisciplinar das artes em um campo de estudos em que a literatura não é mais a referência dominante (Pedroso Júnior, 2012; Clüver, 2001, 2006).
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n. 50 (Jun. 2015) - Estudos sistêmico-funcionais: desdobramentos e interfaces
Os artigos reunidos neste número temático do volume n. 50 de Letras, periódico do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Santa Maria, têm por objetivo, além de apresentar trabalhos produzidos pelos integrantes do Projeto SAL, promover discussões em torno do lugar que a Linguística Sistêmico-Funcional ocupa principalmente no Brasil e buscar desdobramentos e também interfaces com outras áreas do conhecimento humano, seja na linguagem do trabalho, da saúde, da educação, da política e das academias. Uma questão norteadora das atividades do Projeto SAL é a metafuncionalidade da linguagem, um dos conceitos-chave da teoria hallidayana, para quem a linguagem é essencialmente a manifestação da experiência e de valores e crenças de grupos sociais em determinadas situações contextuais. Assim, o contexto (ou os contextos) assume(m) o papel de elemento condicionante para as escolhas a serem realizadas pelos escritores/falantes. O grupo de pesquisadores tem promovido encontros e seminários do Projeto SAL em São Paulo, Santa Maria e Brasília (de 2009 a 2015), onde foram organizados colóquios e exposições do estado da arte. Também publicações foram realizadas em várias revistas brasileiras, dando-se destaque para um número especial da Revista Delta (D.E.L.T.A., 28) em 2012.
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n.49: (Dez. 2014) - Narrativas, retóricas, drama e história nos séculos XVI e XVII
A chamada da revista Letras refletiu a preocupação dos organi-zadores em incluir contribuições que, sem tratar de questões diretamente relacionadas ao período, explorassem-nas em relação a obras de outros tempos. Marcus De Martini e Noeli Rossatto exploraram, como já vimos, a presença do messianismo na obra de Suassuna. Kathrin Rosenfield, por sua vez, explorou as intersecções entre o pensamento de Walter Benjamin sobre o Trauerspiels alemão, a teoria tradutória de Haroldo de Campos e a poesia dramática traduzida pelo poeta alemão Friedric Hölderlin. Rosenfield revela como a inflexão da noção de barroco, produzida e reelaborada pela modernidade em obras, traduções e teorias, é objeto de leituras transversais fundamentais para as práticas tradutórias na modernidade: eis uma quadrangulação teórica que é reconhecível até mesmo em ensaios sobre tradução, como o célebre postscriptum “Transluciferação mefistofélica” em Deus e o Diabo no Fausto de Goethe. Rosenfield finalmente se detém sobre como os desvios e as rupturas na tradução de Hölderlin, criticados em seu tempo, constituem um interessante procedimento de “desvio de fidelidade”, certamente um procedimento que pelo menos desde a década de 50 tem sido discutido no campo teórico da tradução.
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(Jun. 2014) – Sujeito, língua e memória
n. 48Este é o número 48 de um periódico científico já (re)conhecido nos meios acadêmicos, pois desde 1991 vem divulgando a produção do conhecimento em Letras e Linguística. Coube a nós organizar e apresentar esta edição, o que fazemos com muita alegria e orgulho e com a responsabilidade de reunir textos bastante significativos para a área de Estudos Linguísticos. Trata-se de um periódico semestral que alterna anualmente um número para a área de Estudos Linguísticos e outro para a de Estudos Literários. A Letras 48 dedica-se a apresentar artigos científicos que versem sobre sujeito, língua e memória, temáticas recorrentes em nossas pesquisas, enquanto integrantes de dois laboratórios, a saber: Laboratório de Fontes de Estudos da Linguagem – Corpus (PPGL/UFSM) e Laboratório de Arquivos do Sujeito – LAS (UFF-RJ). Apresentar um número da Letras é, de certo modo, também dar a saber da sua concepção. Este número nasce de um encontro entre duas pesquisadoras que têm, entre outros pontos em comum, a curiosidade em saber mais sobrelíngua. Encontro tecido em bancas, eventos acadêmicos, trabalhos em coautoria, parcerias entre os laboratórios, projetos conjuntos. Encontros marcados por alguns conceitos comuns; um deles, sem dúvida aqui presente, língua, com a espessura da memória, outro conceito importante, e sempre pensada na relação com sujeito, o que compõe o tema com que se propôs este número da Letras.
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(Dez. 2013) – Percursos Literários
n. 47Em um contexto de crescente interesse pelo estudo das várias formasde circulação de textos literários na época moderna que apresentamos aqui artigos que discutem determinados “Percursos Literários”. Com efeito, essa é uma problemática que demanda abordagem especializada de casos particulares, pois, via de regra, exige pesquisa de fontes primárias, mapeamento e sistematização de informações coletadas em diferentes meios (catálogos, periódicos, acervos de instituições), de modo a permitir o desenvolvimento de análise aprofundada das condições de produção e acesso à obra de um autor ou a um conjunto específico de obras, segundo o recorte feito pelo pesquisador num universo mais amplo de produção letrada. Por conseguinte, os artigos publicados neste número da revista Letras colocam em primeiro plano a reconstrução crítico-analítica de aspectos importantes que determinaram formas de produção e acesso às obras em questão segundo um movimento entre tempos, lugares e gêneros literários passível de gerar outros significados para aquelas obras. Esperamos, assim, com esta publicação, contribuir para o dinamismo de uma linha de reflexão que, por ser essencialmente interdisciplinar, é capaz de problematizar noções convencionais sobre a literatura.
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(Jun. 2013) – Língua, museu e patrimônio
n. 46Estamos apresentando a você, caro leitor, o primeiro número de 2013 da Letras, revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Santa Maria. Escolhemos como tema o Museu da Língua Portuguesa e os modos de institucionalização sobre a língua. A partir de um estudo de textos de referência em nosso campo disciplinar, selecionamos um grupo de pesquisadores que estão trabalhando não obrigatoriamente sobre o Museu da Língua Portuguesa, mas que desenvolvem, também, pesquisas e reflexões aprofundadas sobre os modos de institucionalização sobre a língua no e do Brasil e fora do contexto nacional. Os artigos aqui encontrados são imprescindíveis, e não poderíamos pensar na organização deste número sem que um texto de um desses autores não estivesse aqui publicado. Nosso objetivo foi constituir um lugar fundacional sobre as questões que estamos tratando nesta revista acadêmica do porte de Letras/UFSM. Neste número, estamos inaugurando, também, um espaço para publicação de textualidades inéditas e debutamos com 22 páginas do romance autobiográfico Parisphérique, de Régine Robin, que será lançado em Paris, no mês de setembro próximo, pela Stock, fragmento esse gentilmente enviado pela autora para este número. Régine Robin é historiadora, linguista, socióloga (da literatura), crítica literária, tradutora, romancista, professora emérita da Université du Québec, Montréal, Canadá.
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(Dez. 2012) – História e identidade na narrativa ficcional portuguesa - Homenagem a Maria Luíza Ritzel Remédios
n. 45Quem, de algum modo, conhece o trabalho intelectual de Maria Luíza Ritzel Remédios, sabe o quanto seu foco esteve constantemente às voltas com essa tradição de crítica social que, em se tratando de literatura, nem sempre é evidente ou de fácil solução. Em sua atividade, de longa data voltada à prosa literária de extração lusófona, encontramos, constantemente, a zelosa compreensão de que a eficiência do cru-zamento entre texto literário e sintagma social depende de abordá-los como partes semelhantes, porém, distintas. E isso ela soube fazer pacientemente, como atestam as dezenas de artigos, livros e teses orientadas que nos legou. A carreira acadêmica de meio século que pontuou a existência de Maria Luíza, na verdade, tratou de buscar as nuanças da narrativa para melhor entender o alcance e a difusão da lusofonia. Já com esse objetivo, na fase inicial, emprestou envergadura à cadeira de Literatura Portuguesa no Curso de Letras da Universidade Federal de Santa Maria (RS). Reconhecidos ao seu talento e dedicação infatigáveis, pensamos o presente número como uma homenagem em vida à autora. Infelizmente, isso não foi possível. Porém, seu falecimento, ocorrido no dia 5 de maio de 2012, quando as subscrições de artigos ainda vigiam, somente aumentou, para nós, seus amigos, o compromisso de tornar o presente número da revista Letras qualificado e adequado à estatura profissional e ética da professora, mestra e amiga.
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(Jun. 2012) – Formação inicial do professor de Língua Portuguesa
n. 44Este número da Revista Letras está composto por artigos que procuram refletir sobre a formação inicial de professores, pensando, sobretudo, no professor de língua portuguesa. Todos compartilhamos a crise por que passa o ensino, nos esforçamos para lutar contra ela e tentamos preparar o nosso aluno dos cursos de Letras da melhor forma para superá-la. Nesse cenário, ratifica-se o que Bronckart (2009) aponta como urgente e necessária: uma (re)valorização da profissão docente para que haja melhorias na qualidade e eficácia das estratégias e propostas de formação, pois o ensino se trata de um ofício tão profissional quanto qualquer outro. Isso implica, quebrando um paradigma sociocultural tradicional bastante difundido ainda hoje, que ser professor não é um dom, ou sacerdócio; é uma profissão, um trabalho cujos trabalhadores devem se apropriar do conhecimento e das ações necessárias para realizarem seu ofício, adquirindo experiência para que se tornem, cada vez mais, profissionais, literalmente.
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(Dez. 2011) – Poesia, pensamento e narrativas nos séculos XVI e XVII
n. 43Os séculos XVI e XVII são, na Europa, um momento crucial do pensamento e das letras. Dentre as várias razões para se estudar esse momento da cultura, das letras e do pensamento, o mais notável é que esse é o momento em que, pela primeira vez, de modo tão intenso, o paradigma da mudança passa a se manifestar na cultura, mesmo que nem sempre seus contemporâneos evocassem a mudança como virtude e muito menos como conceito. Inscrita nos atos e nos acidentes da história do período, mais do que na disposição voluntária ou em qualquer concepção de progressão laica (inexistente senão timidamente), o futuro não deveria obrigatoriamente abrigar um progresso de qualquer ordem. É notável, sem dúvida, que uma parcela do pensamento protestante – em particular o de Calvino – revelava-se mais rigoroso em seus preceitos éticos. Quando a Reforma surgiu, seu rigor deve ter soado estranho a muitos de seus contemporâneos – foi assim certamente na Inglaterra, onde as resistências, sobretudo populares, foram mais numerosas do que se admitia até bem pouco tempo. As sínteses históricas devem ser sempre refeitas, e muitas vezes somente a telescopagem sobre um instante ou uma biografia pode apresentar as situações diversas.
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(Jun. 2011) – Políticas Linguísticas: espaços, questões e agendas
n. 42A partir de uma concepção conforme a qual o político atravessa o campo da linguagem, o corpo das línguas e as relações que estas travam com outras e com o(s) sujeito(s), destinamos o presente volume da Revista Letras a tratar a temática das políticas linguísticas. Nesse sentido, consideramos que seria produtivo submeter este eixo central a certas inflexões e estudar as políticas linguísticas vinculadas a espaços específicos – pensados, como veremos a seguir, em vários sentidos – e, em consequência, às questões que neles podem ser detectadas e às agendas que, em tal configuração, se interpreta que devem ser atendidas. A pesquisa sobre política(s) linguística(s) tem se destacado no campo dos estudos da linguagem como um espaço de reflexão sobre as diferentes e diversas relações que se estabelecem entre sujeitos, línguas, nações. Nesse espaço cabem olhares ampliados pelas perspectivas teóricas com as quais se detectam e abordam os vários aspectos desse complexo objeto. Em resposta à chamada para este número, recebemos uma série de artigos que foram escritos a partir de diversos lugares teóricos, por pesquisadores de diferentes instituições do Brasil e do exterior e, portanto, a partir de territórios também diversos, cruzados por línguas cujas materialidades se fazem presentes, de vários modos, na superfície dos distintos textos. Para sua apresentação, buscamos organizá-los numa sequência na qual espaços, agendas e questões configurem a emergência com que o campo da(s) política(s) linguística(s) vem se colocando para os estudos da linguagem; e essa decisão nos leva a uma distribuição em três séries.


