n. 52: (Jun. 2016) - Linguística Aplicada: Multiletramento
A temática dos multiletramentos tem sido pauta das discussões em Linguística Aplicada há algumas décadas, mais explicitamente a partir de 1996, com o manifesto do Grupo de Nova Londres (NEW LONDON GROUP, 1996), que apresentou a “Pedagogia dos Multiletramentos” para um ensino da linguagem conectado com as demandas das práticas sociais contemporâneas, marcadas pela multiplicidade cultural, linguís-tica, tecnológica e semiótica. O desenvolvimento de multiletramentos, ou seja, da capacidade de uso situado de múltiplas tecnologias, mídias e de múltiplos conheci-mentos culturais e recursos semióticos (como imagem, palavra, gesto, textura, som, por exemplo), proporciona o acesso do aprendiz ao mun-do e sua participação crítica (NEW LONDON GROUP, 1996), meta maior da educação linguística. O artigo inicial de Themis R. B. da Costa Silva discorre sobre aspectos centrais da Pedagogia dos Multiletramentos.Por um lado, o conceito de multiletramentos veio a destacar o papel dos canais e das tecnologias de comunicação (letramentos mul-timiáticos e letramentos digitais) e dos recursos semióticos não ver-bais (imagem, som, gesto – letramentos multimodais) na produção de sentido. Por outro lado, consolidou a perspectiva da linguagem como gênero discursivo, pois veio a reafirmar que só é possível desenvolver os multiletramentos dentro de algum gênero, expandindo o princípio já anunciado por Lemke (1998, p. 284): “um letramento é sempre um letramento em algum gênero”.