O ordenamento discursivo sobre a deficiência no Brasil: algumas considerações

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984686X37799

Palavras-chave:

Deficiência, Foucault, discurso.

Resumo

O presente artigo buscou, através da análise de textos que tematizam a deficiência ao longo da primeira metade do século XX, resgatar quatro terminologias utilizadas no discurso para nominar deficiências: idiotas, imbecis, cretinos e retardados. Pautada em uma metodologia analítico-reconstrutiva, a pesquisa que originou o texto utilizou fontes documentais e revisão bibliográfica temática para buscar a origem etimológica dos termos referidos e os motivos de sua aplicação pela Ciência. De outra forma, o texto procura problematizar as implicações de tais terminologias no tratamento e na inserção social dos sujeitos acometidos. Para tal, utilizaram-se as contribuições de Michel Foucault como ponto de partida para uma análise crítica do discurso sobre a deficiência. Considerando que a discussão de nomes e adjetivos assume uma conotação que ultrapassa a mera construção semântica, o texto conclui que retomar as categorias da anormalidade utilizadas pela ciência ao longo do século XX, seja pela sua trajetória de produção discursiva, seja pela sua condição de materialidade, alerta para a necessidade de pensar cuidadosamente as ações e os discursos que emergem no encontro dos sujeitos com deficiência.

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Biografia do Autor

Rosimar Serena Siqueira Esquinsani, Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil.

Professora doutora na Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil.

Jarbas Dametto, Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil.

Doutor pela Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil.

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Publicado

2020-07-08

Como Citar

Esquinsani, R. S. S., & Dametto, J. (2020). O ordenamento discursivo sobre a deficiência no Brasil: algumas considerações. Revista Educação Especial, 33, e17/ 1–15. https://doi.org/10.5902/1984686X37799

Edição

Seção

Artigos – Demanda contínua

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