A família, como vai? Percepção de pais e mães do Programa de Atenção ao Estudante Precoce com Comportamento Superdotado
DOI:
https://doi.org/10.5902/1984686X61982Palavras-chave:
Educação Especial, Altas Habilidades/Superdotação, Família.Resumo
Os estudantes com comportamento superdotado apresentam características que os diferenciam daqueles com desenvolvimento típico. Sabendo-se que o ambiente familiar pode contribuir de maneira significativa para o desenvolvimento da Superdotação, destaca-se a necessidade de oferecer suporte especializado não apenas aos indivíduos com comportamento superdotado, mas também às suas famílias. O objetivo desta pesquisa consistiu em analisar a percepção dos pais e mães participantes do Programa de Atenção ao Estudante Precoce com Comportamento Superdotado (PAPCS), em relação aos seus filhos. Foram entrevistados 12 pais e mães de estudantes com comportamento superdotado participantes do programa. A transcrição das falas foi realizada conforme pressupostos de Marcuschi (1986) e, posteriormente, subdivididas em quatro categorias de análise delineadas de acordo com a análise de conteúdo de Bardin (2016). Foram essas: “Nível prático”, “Nível sociofamiliar”, “Nível psicológico” e “Concepção de Superdotação”. Os dados da pesquisa indicaram que a maioria dos pais dos estudantes com comportamento superdotado manifestava sentimentos positivos como orgulho, afinidade e identificação, demonstrando aproximação, proteção e suporte. Os pais afirmaram que esses estudantes se relacionavam de maneira positiva, no ambiente familiar; mas, a maior parte deles considerava os filhos teimosos e difíceis de manejar, gerando sentimentos que podem parecer contraditórios. Os participantes revelaram muitas inseguranças e dúvidas quanto à própria capacidade e ao futuro em sociedade. Constatou-se que muitos pais tinham suas relações com o filho prejudicadas antes de obter informações sobre a temática, pois consideravam os comportamentos da criança como falta de educação, prepotência e até maldade, castigando-as, muitas vezes, por características que representavam indicadores de Superdotação, como curiosidade ou sensibilidade. Indica-se a necessidade de novas pesquisas que deem voz aos familiares, acolhendo suas angústias e expectativas.
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