O que me diz seu olhar: rastreamento ocular de crianças com e sem autismo em jogos educacionais digitais de matemática

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984686X85811

Palavras-chave:

Jogos Digitais, Acessibilidade, interface

Resumo

Este artigo teve como objetivo comparar o comportamento ocular de crianças com e sem autismo na realização de tarefas de adição simples  em Jogos Educacionais Digitais (JEDs) disponibilizadas na web, a fim de verificar se existe diferenças na fixação ocular dos elementos relevantes e irrelevantes das tarefas. Buscamos responder ao seguinte questionamento: Ao realizar atividades de adição simples em JEDs de matemática, crianças com e sem autismo apresentam maior número de fixação ocular nos elementos gráficos da tarefa ou nos elementos secundários? Para atender ao objetivo proposto, realizamos uma análise do rastreamento ocular de 8 (oito) crianças  durante a realização de tarefas de adição simples. Os dados obtidos por meio do rastreamento ocular geraram métricas relativas ao tempo e número de fixações dos participantes em cada uma das atividades, o que possibilitou analisar quantidade de vezes e o tempo que os participantes olharam para os elementos relevantes e irrelevantes da tarefa. Os resultados obtidos trouxeram indícios de que crianças com e sem autismo com idade e repertório de entrada matemático semelhantes, expostas às mesmas condições de ensino, não apresentam diferenças significativas de desempenho em JEDs. Interfaces gráficas do usuário com baixa acessibilidade interferem no tempo de execução das tarefas para todas as crianças participantes do estudo, uma vez que fazem com que elas passem mais tempo olhando para os elementos irrelevantes da tarefa. Para que os JEDs possam ensinar adição, é necessário que possuam interfaces amigáveis, instruções curtas, consequências diferenciais imediatas e favoreçam a personalização.

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Biografia do Autor

Andiara Cristina de Souza, Universidade Federal de São Carlos

Doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos. Mestre em Educação pela Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL), especialista em Alfabetização e Letramento pela Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ) e Design Institucional para EAD Virtual pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL) e em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC - Poços de Caldas). Trabalha como educadora na APAE de Poços de Caldas, desenvolvimento atividades didáticas no Laboratório de Informática desta instituição. Pesquisa sobre o uso das tecnologias no trabalho com estudantes com Transtorno do Espectro Autista dentro de uma perspectiva inclusiva. 

João dos Santos Carmo, Universidade Federal de São Carlos

Possui as seguintes graduações em Psicologia: Bacharelado pela Universidade Federal do Pará (1993); Formação de Psicólogo pela Universidade Federal do Pará (1999); Licenciatura pela Universidade da Amazônia (1991). Pós-graduação: Mestrado em Teoria e Pesquisa do Comportamento pela Universidade Federal do Pará (1997); Doutorado em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (2002); Pós-doutorado pela Universidade Federal de Pernambuco (Psicologia Cognitiva). Docente do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde leciona disciplinas de graduação na área de psicologia escolar e educacional. Docente orientador no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSCar. Pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia sobre Comportamento, Cognição e Ensino (INCT-ECCE), coordenado pela Profa. Dra. Deisy de Souza da UFSCar. Coordena o Laboratório de Estudos Aplicados a Aprendizagem e Cognição (LEAAC) do Departamento de Psicologia da UFSCar. Coordenador do curso de Especialização em Psicopedagogia Inclusiva, da UFSCar. Membro da Frente de Ações em Análise do Comportamento e Educação (FAACE). Coordenador do GT Psicologia da Educação Matemática (Gestão 2021-2022) da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP), e Vice coordenador do mesmo GT (Gestão 2022-2024). Tem experiência na área de Psicologia Escolar e Educacional, com ênfase em Análise do Comportamento e Psicologia da Educação Matemática, investigando principalmente os seguintes tópicos: ensino e aprendizagem de matemática; ansiedade matemática; comportamento matemático; habilidades numéricas fundamentais; programação de condições de ensino.

Priscila Benitez, Universidade Federal do ABC

Professora Adjunta na Universidade Federal do ABC (UFABC), credenciada para orientação de dissertação de Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão da Inovação da UFABC e no Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da UFSCar. Doutora em Psicologia (UFSCar, bolsista FAPESP e CAPES-PSDE), Mestre em Psicologia (UFSCar, bolsista CAPES-Reuni), Especialista em Intervenção familiar: psicoterapia e orientação sistêmica (FAMERP-SJRP/SP) e Graduada em Psicologia e Pedagogia. Realizou estágio de Doutorado Sanduíche no exterior (com bolsa CAPES-PSDE) na Universitat de Barcelona (Departament de Psicologia Evolutiva i de l'Educación) e no Centro de Investigación y Enseñanza del Lenguaje. Realizou visita técnica (com bolsa FAPESP) no Autism Support Services: Education, Research and Training (ASSERT), na Universidade Estadual de Utah (EUA). Pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia sobre Comportamento, Cognição e Ensino (INCT-ECCE). Líder do GPEEI - Grupo de Pesquisa em Educação Especial e Inclusiva da UFABC. Atua nas seguintes áreas de pesquisa: Análise do Comportamento Aplicada (ABA), autismo, deficiência intelectual, educação especial e inclusiva e família. Mãe da Cecília, esteve em licença maternidade em 2017.

Jasson Carvalho da Silva, universidade federal do piau

Estudante de Ciência da Computação na Universidade Federal do Piauí - UFPI. Possui formação técnica em Informática pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Piauí - IFPI (2018). Atualmente é estagiário em Ciência da Computação no Tribunal de Contas do Estado do Piauí - TCE-PI e pesquisador no Laboratório de Redes de Computadores, DISNEL no departamento de computação da Universidade Federal do Piauí.

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Publicado

2025-03-19

Como Citar

Souza, A. C. de, Carmo, J. dos S., Benitez, P., & Silva, J. C. da. (2025). O que me diz seu olhar: rastreamento ocular de crianças com e sem autismo em jogos educacionais digitais de matemática. Revista Educação Especial, 38(1), e20/1–21. https://doi.org/10.5902/1984686X85811