Pedagogia das competências como princípio de organização curricular: “efeitos colaterais” para a educação superior...

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984644435008

Palavras-chave:

Pedagogia, Competências, Educação Superior.

Resumo

O objetivo deste ensaio é problematizar a Pedagogia das Competências como princípio de organização curricular para a educação superior. Inicialmente, o texto apresenta considerações acerca de uma ideia de universidade, considerando que a discussão proposta parte, antes de mais nada, de uma concepção e de um projeto de universidade. Logo após, apresenta uma problematização da noção de Pedagogia das Competências como princípio de organização curricular. Este tópico se subdivide em três momentos. No primeiro, apresenta reflexões acerca da etimologia da palavra competência. Logo após, procura demonstrar que “competência” é uma característica humana de segundo nível. Finalmente, apresenta alguns “efeitos colaterais” da Pedagogia das Competências como princípio de organização curricular para a educação superior. Alçar esta lógica (a partir de uma característica humana de segundo nível) como princípio de organização curricular se trata de um grande equívoco, com prejuízos incalculáveis para a educação superior brasileira.

Biografia do Autor

Ricardo Rezer, Unochapecó (Universidade Comunitária da Região de Chapecó)

Pós-Doutorado realizado no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (2018), sob supervisão do Prof. Boaventura de Sousa Santos (Coimbra, Portugal). Doutorado em Educação Física (2010) pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado), do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde (Mestrado e Doutorado), e do Curso de Educação Física (Graduação). Tem experiência na área de Educação Física, Educação e Saúde, atuando principalmente com os seguintes temas: Epistemologia e Prática Pedagógica; Trabalho docente na Educação Superior; Formação Profissional; Universidade; Hermenêutica e Pedagogia do Esporte.

Referências

ADAMS, Adair; DORNELES, Elizabeth Fontoura; LAUXEN, Sirlei Lourdes. Competências como um modo de pensar a educação. Educação. Santa Maria, v. 42, n. 2, p. 373-384, maio/ago. 2017. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/22528/pdf, acesso em 08 de maio de 2018.

BLANCH, Joseph M. La transición universitaria del claustro a la empresa: tensiones éticas suscitadas por la gestión neoliberal. In:

REZER, R. (ORG.). Ética e ciência na educação superior. Chapecó: Argos, 2013.

BRANDT, Reinhard. Wozu noch Universitäten? Ein essay. Hamburg (ALE): Meiner, 2011.

CHAUÍ, Marilena. A universidade pública sob nova perspectiva. Revista Brasileira de Educação. No. 24. Set /Out /Nov /Dez, 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n24/n24a02.pdf, acesso em: 20 de junho de 2018.

COSTA, Thais Almeida. A noção de competência enquanto princípio de organização curricular. Revista Brasileira de Educação. Mai/Jun/Jul/Ago. No. 29, 2005. Disponível em: https://social.stoa.usp.br/articles/0016/3173/A_noA_A_o_de_competA_ncia_enquanto_princA_pio_de_organizaA_A_o_curricular.pdf, acesso em 01 de junho de 2018.

DALBOSCO, Claudio Almir; CENCI, Ângelo. Educação superior e formação humana: um diálogo com Pedro Goergen. In: MÜHL, Eldon; GOMES, Luiz Roberto; ZUIN, Antônio A. S. (Orgs.). Teoria crítica, filosofia e educação: homenagem a Pedro L. Goergen. Passo Fundo: Editora da UPF/Editora da Universidade de Maringá, 2014.

FREIRE, Paulo; HORTON, Myles. O caminho se faz caminhando: conversas sobre educação e mudança social. 4 ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 2003.

LA BOÉTIE, Étienne. Discurso sobre a servidão voluntária. Disponível em http://www.miniweb.com.br/biblioteca/artigos/servidao_voluntaria.pdf, acesso em 05 de junho de 2018.

FRANCO, Augusto. Uma teoria da cooperação baseada em Maturana. 2001. Disponível em: http://escoladeredes.net/group/bibliotecahumbertomaturana/page/uma-teoria-da-cooperacao-baseada-em-maturana, acesso em 03 de junho de 2018.

GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método I: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP: São Francisco, 2004.

GOERGEN, Pedro. Educação superior na perspectiva do sistema e do Plano Nacional de Educação. Educação & Sociedade, v. 31, n. 112, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v31n112/13.pdf, acesso em 29 de julho de 2018.

GONZÁLEZ, Fernando J. Competência. In: GONZALEZ, F. J.; FENSTERSEIFER, P. E. Dicionário Crítico de Educação Física. 3ª. Ed. Ijuí: Unijuí, 2014.

GOULART, Raquel S. A ponta do iceberg é o professor na escola...

Programa de Pós-Graduação em Letras. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Tese de Doutorado. Santa Maria, 2015.

MACHADO, Lucília. A Institucionalização da lógica das competências no Brasil. Pró-Posições, Campinas, v. 13, n. 1, p. 92-110, jan./abr. 2002.

MACHADO, Nilson J. Sobre a ideia de competência. São Paulo: USP, 2006. Disponível em http://nilsonjosemachado.net/20060804.pdf, acesso em 17 de maio de 2018.

MATURANA, Humberto. Emoções e linguagem na educação e na política. Tradução de José Fernando Campos Fortes. 3ª. Reimpressão. Belo Horizonte: UFMG, 2002.

MENEZES, Luis C. A universidade sitiada: a ameaça de liquidação da universidade brasileira. São Paulo: Fundação Perseu Abramos, 2000. Disponível em: http://csbh.fpabramo.org.br/uploads/Universidade_sitiada.pdf. Acesso em 10 de maio de 2018.

NÓVOA, Antônio. Entrevista. Universidade e formação docente. 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/icse/v4n7/13.pdf, acesso em 09 de novembro de 2017.

NUSSBAUM, Martha. Uma crise planetária da educação. Courrier Internacional, ed. portuguesa – No. 175, setembro de 2010. Disponível em: http://arquivo.gaia.org.pt/node/15696, acesso em 03 de junho de 2018.

ORDINE, Nuccio. A utilidade do inútil – manifesto. Matosinhos (PORT): Kalandraka, 2016.

PAVIANI, Jayme. Epistemologia prática: ensino e conhecimento científico. 2ª. Ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2013.

PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.

PERRENOUD, Philippe. 10 novas competências para ensinar: convite à viagem. Porto Alegre: Artmed, 2000.

PERRENOUD, Phillippe. Ensinar: agir com urgência, decidir na incerteza – saberes e competências em uma profissão complexa. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

PERRENOUD, Philippe. As competências para ensinar no século XXI: a formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2002.

RAMOS, Marise N. A pedagogia das competências: autonomia ou adaptação? São Paulo: Cortez, 2001.

RIBEIRO, Darcy. Universidade para quê? Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1986.

RICARDO, Elio C. Discussão acerca do ensino por competências: problemas e alternativas. Cadernos de Pesquisa, v.40, n.140, p. 605-628, maio/ago. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-15742010000200015&script=sci_abstract&tlng=pt, acesso em 20 de maio de 2018.

SANTOS, Wilton S. Organização curricular baseada em competência na educação médica. Rev. bras. educ. med. vol.35 no.1 Rio de Janeiro Jan./Mar. 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022011000100012, acesso 3m 15 de julho de 2018.

SCHNEIDER, Paulo R. Universidade: reflexão radical. In: SCHNEIDER, P. R. (org.) Introdução à Filosofia. Ijuí: Unijuí, 1999.

SOUSA SANTOS, Boaventura. Prefácio. In: SOUSA SANTOS, B. (Org.). Produzir para viver: os caminhos da produção capitalista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

SOUSA SANTOS, Boaventura. A encruzilhada da universidade europeia. Revista Ensino Superior, 41 - Revista do SNESup: Julho-Agosto-Setembro, 2011. Disponível em: http://www.boaventuradesousasantos.pt/media/A%20encruzilhada%20da%20Universidade%20Europeia_Set11.pdf, acesso em 10 de maio de 2018.

STEDEROTH, Dirk. A ideia da formação (universitária) e sua deformação econômica: um cântico final. Revista Espaço Pedagógico, v. 20, n. 1, Passo Fundo, p. 175-188, jan/jun, 2013. Disponível em: http://seer.upf.br/index.php/rep/article/view/3514, acesso em 10 de maio de 2018.

TREVISAN, Amarildo Luiz; ALBERTI, Dirceu. Formação docente na perspectiva da pedagogia das competências. Roteiro, Joaçaba, v. 40, n. 2, p. 311-332, jul./dez. 2015. Disponível em: http://editora.unoesc.edu.br/index.php/roteiro/article/view/6939, acesso em 10 de julho de 2018.

TUGENDHAT, Ernst. Lições de ética. 6ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

WALSH, Catherine. Notas pedagógicas desde las grietas decoloniales. Disponível em http://hemisphericinstitute.org/hemi/es/e-misferica-111-gesto-decolonial/walsh, acesso em 20 de janeiro de 2018.

Downloads

Publicado

2020-03-29

Como Citar

Rezer, R. (2020). Pedagogia das competências como princípio de organização curricular: “efeitos colaterais” para a educação superior. Educação, 45(1), e20/ 1–25. https://doi.org/10.5902/1984644435008