As dimensões subjetivas da avaliação de indivíduos com deficiência intelectual

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984686X84810

Palavras-chave:

Diagnóstico, Deficiência Intelectual, Subjetividade

Resumo

Este artigo aborda a avaliação da deficiência intelectual, tensionando o percurso que as pessoas com esta característica vivenciam para encontrarem respostas às questões pertinentes ao seu desenvolvimento atípico. Pretende-se Identificar e analisar as dimensões subjetivas na construção do julgamento clínico no processo de diagnóstico do indivíduo com deficiência intelectual, considerando as recomendações da Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento (2021). A metodologia desta pesquisa inspira-se nos princípios da Epistemologia Qualitativa. Participaram deste estudo 09 profissionais que atuam nas redes de serviço de educação especial e de Saúde de um município com mais de 500 mil habitantes, localizado em uma região do interior do Brasil. A análise dos resultados fundamenta-se na perspectiva cultural-histórica. Conclui-se que os julgamentos clínicos eram pautados na perspectiva do déficit, embora, a dimensão social fosse destacada pelos participantes, como a necessidade de interlocução com os familiares das pessoas com deficiências. Em que pese as mudanças ocorridas sobre a concepção de deficiência intelectual, no esforço de agregar os limites sociais e culturais aos orgânicos, conforme o exposto pela AAIDD (2021), as avaliações tangenciaram estes aspectos e priorizaram as características comportamentais dos indivíduos, reafirmando o fetiche da métrica para assegurar a validade dos diagnósticos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Alexandra Ayach Anache, Federal University of Mato Grosso do Sul

Possui Pós-doutorado em Educação Especial no Programa de Pós-graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos (2020), Pós Doutorado em Educação na Universidade de Brasília, com ênfase em educação especial (2007), Doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (1997), Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (1991), Especialização em Métodos e Técnicas de Ensino pela Universidade Católica Dom Bosco (1987), Licenciatura em Psicologia (1983) e Graduação em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco (1984). É professora titular da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia do Ensino e da Aprendizagem, e avaliação psicológica, atuando principalmente nos seguintes temas: educação especial, deficiência intelectual, educação, psicologia e educação inclusiva.

Maria Amélia Almeida, Federal University of São Carlos

Possui graduação em Letras Anglo Portuguesas pela Universidade Estadual de Londrina (1975), mestrado em Educação Especial - Vanderbilt University (1980) e doutorado em Programa de PhD em Educação Especial - Vanderbilt University (1987). Atualmente é professor associado da Universidade Federal de São Carlos, professor visitante - Vanderbilt University, professor visitante do Instituto Politecnico do Porto, professor visitante - University of Georgia, professor visitante - Northern Arizona University e associado da Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Especial, atuando principalmente nos seguintes temas: educação especial, deficiência mental, inclusão, autismo e síndrome de down.

Referências

ALMEIDA, Maria Amélia. Apresentação e análise das definições deficiência mental propostas pela AAMR – Associação Americana de Retardo Mental de 1908 a 2002. Revista de Educação. PUC – Campinas, Campinas, n.16, p. 33-48, junho. 2004. Disponível em: https://periodicos.puc-campinas.edu.br/reveducacao/article/view/284/267. Acesso em: 01 fev. 2021.

ALLES, Elisiane Perufo, et.al. (Re)Significações no Processo de Avaliação do Sujeito Jovem e Adulto com Deficiencia Intelectual. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 25, n. 3, p. 373–388, jul. 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s1413-65382519000300002. Acesso em: 01 fev. 2021.

AMERICAN ASSOCIATION ON INTELLECTUAL AND DEVELOPMENTAL DISABILITIES – AAIDD. Intellectual Disability: definition, classification and Systems of Supports. Washington, USA: Library of Congress Cataloging-in-Publication Data: AAIDD, 2021.

AMERICAN ASSOCIATION ON MENTAL RETARDATION – AMMR. Retardo mental: Definição, classificação e sistemas de apoio. 10 ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais- DSM-V. Tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento et al. 5. Ed – Porto Alegre: Artmed, 2014.

ANACHE, Alexandra Alexandra. Dimensão subjetiva da deficiência no processo de inclusão escolar. In: MITJÀNS MARTÍNEZ, Albertina; TACCA, M. C. V. R.; PUENTES, Roberto. Valdés.Teoria da Subjetividade: discussões teóricas, metodológicas e implicações na prática profissional. Campinas, SP: Alínea, 2020, p. 215 – 230.

ANACHE, Alexandra Ayach; ALMEIDA, Maria Amélia. Os Desafios na Identificação do Público-Alvo da Educação Especial: O Julgamento Clínico. Em: MENDES, Enicéia Gonçalves; ALMEIDA, Maria Amélia de; LOURENÇO, Gerusa Ferreira (Org.). Aparando arestas: das políticas às práticas de Inclusão Escolar. 1ed. Marília: Editora da ABPEE. 2018b.v. 1, p. 31-51

ANACHE, Alexandra Ayach; REZENDE, Dannielly Araújo. Rosado. Caracterização da avaliação da aprendizagem nas salas de recursos multifuncionais para alunos com deficiência intelectual. Revista Brasileira de Educação, v. 21, n. 66, p. 569–591, jul. 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbedu/a/YpfntDqmH7QgrHZKRZDYBsP/abstract/?lang=pt#ModalHowcite. Acesso em: 15 abr. 2021.

BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 jul. 2015. Seção 1, p. 2. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm. Acesso em: 19 jul. 2015.

BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008a. ______. Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008.

CHAVES, Fernanda Ferreira. Análise das dimensões subjetivas dos psicólogos implicadas no processo de avaliação psicológica do aluno com deficiência intelectual. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, p.169. 2015.

DECOUFLÈ Pierre, et al. Increased Risk developmental Disabiliteis in Children Who Have Major Birth Defects: A population-Based Study. Pediatries, v 108, n. 3, p. 728-734, 2001. Disponível em: https://publications.aap.org/pediatrics/article-abstract/108/3/728/66635/Increased-Risk-for-Developmental-Disabilities-in?redirectedFrom=fulltext. Acesso em: 21 jul. 2020.

DIAS, Sueli de Souza; LOPES DE OLIVEIRA, Maria Cláudia Santos. Deficiência intelectual na perspectiva histórico-cultural: contribuições ao estudo do desenvolvimento adulto. Revista brasileira de Educação Especial. Marília, v. 19, n.2, p. 169-182, abr.- jun., 2013.

GONZÁLEZ REY, Fernando Luís. &MITJÀNS MARTÍNEZ, Albertina.Subjetividade: teoria, epistemologia e método. Campinas, SP: Alínea, 2017. Kindle file.

GONZÁLEZ REY, Fernando Luís. Pesquisa qualitativa e subjetividade: Os processos de construção da informação. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.

JANNUZZI, G.M. A educação do deficiente no Brasil: dos primórdios ao início do século XXI. Campinas: Autores Associados, 2004.

KARAM, Simone de Menezes. Deficiência Intelectual em uma coorte de nascimentos: prevalência, etiologia e determinantes. Tese (doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Medicina. 2014.

LAPLANE, Adriana Lia Friszman de; CAIADO, Katia Regina Moreno; KASSAR, Mônica de Carvalho Magalhães. As relações público-privado na Educação Especial: Tendências atuais no Brasil. Revista Teias. v. 17, n.46 jul./set – 2016. Observatórios de Educação Especial e Inclusão Escolar.

LUCKASSON, Ruth. et al. Mental Retardation – Definition, Classification, and Systemas of Supports.10ª ed. Washington (DC): American Association on Mental Retardation. 2002.

MENDES, Enicéia Gonçalves.; CIA, Fabiana, D´AFFONSECA, Sabrina Mazo. Inclusão escolar e a avaliação do público-alvo da Educação Especial. Série: Observatório Nacional de Educação Especial, São Carlos, SP: Marquezine e Manzini, ABPEE, 2015. vol 2.

MITJÀNS MARTÍNEZ, A. et al. Subjetividade Social: desafios de um conceito. In: MITJÀNS MARTÍNEZ, A; TACCA, M. C. V. R.; PUENTES, R. V.Teoria da Subjetividade: discussões teóricas, metodológicas e implicações na prática profissional. Campinas, SP: Alínea, 2020, p. 47 – 66.

MITJÀNS MARTÍNEZ, Albertina. et al. Teoria da Subjetividade: contribuições em diferentes campos e contextos. MITJÀNS MARTÍNEZ, Albertrina; TACCA, Maria Carmem Vilela Rosa; PUENTES, Roberto. Valdés.Teoria da Subjetividade: discussões teóricas, metodológicas e implicações na prática profissional. Campinas, SP: Alínea, 2020, p. 15 – 44.

NISHIKAWA, Cintia, H. Diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista: contribuições da avaliação psicológica. Dissertação (Mestrado em psicologia) UFMS, Campo Grande, MS. 2020.

OLIVEIRA, Vanessa Rodrigues. Critérios de avaliação e diagnóstico para identificação de pessoas com deficiência intelectual: estudo exploratório nas redes de serviço de saúde de Campo Grande – MS. Trabalho de conclusão de curso (Psicologia), UFMS. 2019.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CID-10: classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde. 10ª. Revisão São Paulo: EDUSP, 2011.

SCHALOCK, R. L., LUCKASSON, R., & TASSÉ, M. J. Intellectual disability: Definition, diagnosis, classification, and systems of supports, 12th ed.. AmericanAssociation on Intellectual and Developmental Disabilities, 2021.

SCHALOCK, Robert. L. & LUCKASSON Ruth. Clinical Judgement. 2a ed. Washington, D. C.: American Association on Intellectual Developmental Disabilities. 2014.

SHOGREN, Karrie. A. et al. Intelectual Disability: definition, classification and systems of support. Washington (DC): AAIDD, 2021.

THOMPSON, James R. et al. Supports Intensity Scale user’s manual. Washington, DC: American Association on Mental Retardation. 2004.

VASCONCELOS, Marcio M. Retardo mental. Jornal de Pediatria, v. 80, n. 2, p. 71–82, abr. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572004000300010&lng=en&nrm=iso. DOI: https://doi.org/10.1590/S0021-75572004000300010. Acesso em: 31 jan. 2021.

VYGOTSKI, Lev Semionovitch. Obras Escogidas. Tomo III. Madri: Visor. 1995.

VYGOTSKI, Lev Semionovitch. Obras Escogidas. Tomo IV: Psicologia Infantil. 2. ed Madrid: Visor. 1996.

VYGOTSKI, Lev Semionovitch. Obras Escogidas. Tomo V: Fundamentos de defectologia. Madrid: Visor, 1997.

Downloads

Publicado

2023-12-14

Como Citar

Anache, A. A., & Almeida, M. A. (2023). As dimensões subjetivas da avaliação de indivíduos com deficiência intelectual. Revista Educação Especial, 36(1), e70/1–28. https://doi.org/10.5902/1984686X84810

Edição

Seção

Dossiê – Educação Especial na perspectiva inclusiva no contexto de ameaças, contradições e retrocessos democráticos: críticas e proposições