Ser professor de Física em contextos escolares inclusivos
DOI:
https://doi.org/10.5902/1984686X66804Palavras-chave:
Educação Inclusiva, Ensino de Física, Professor de ApoioResumo
Este artigo compreende resultados de uma pesquisa com abordagem qualitativa, cujo objetivo principal foi analisar como os professores de Física vivenciam o processo de inclusão de estudantes público-alvo da Educação Especial em turmas regulares. Para atingir tal objetivo, a pesquisa foi organizada em duas etapas com a participação de vinte e seis professores de Física da rede estadual de Minas Gerais, da cidade de Uberlândia. A coleta de dados foi realizada a partir da utilização de questionário e entrevista semiestruturados. Para a interpretação dos dados foram adotadas estratégias inspiradas na Análise de Conteúdo. A pesquisa evidenciou que os professores não se sentem aptos para desenvolver suas práticas com turmas diversificadas, o que pode ser justificado pelas lacunas provenientes da formação inicial e dificuldades em realizar uma formação continuada direcionada a esse público. Outro fator ressaltado foi a ausência de uma rede de apoio que os auxiliem neste percurso. É importante que os currículos, métodos avaliativos e formação do corpo escolar sejam repensados de forma a contemplar uma inclusão mais efetiva. Ficou evidente a falta de diálogo com o professor de Apoio, o que fortalece o abismo no processo educacional e priva a participação dos estudantes das atividades escolares. São inúmeras as inquietações geradas a respeito dessa temática, sendo necessária a construção de uma cultura escolar que contemple a diversidade presente nesse ambiente e, principalmente, promova a desconstrução da concepção da presença do estudante público-alvo somente para socialização, esquecendo que este pode desenvolver o conhecimento científico com o auxílio do docente.
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- 2022-04-13 (2)
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