Como dar uma aula de geografia?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2236499434855

Palavras-chave:

Aula, Didática, Discurso, Ensino de Geografia

Resumo

Este artigo apresenta as características que vêm sendo consideradas adequadas, desde o início do século XX até a contemporaneidade, para dar uma aula de Geografia: as pedagogias ativas, as metodologias participativas, os projetos de pesquisa discentes e o estudo do lugar. De forma semelhante, compartilha o oposto da aula ideal, representada pela figura do Professor Tradicional, cuja formatação supostamente se ancoraria na exposição exaustiva dos conteúdos, no enciclopedismo geográfico e nas avaliações mnemônicas. Para desenvolver tal análise, o texto se utiliza, em primeiro lugar, da arqueologia do saber de Michel Foucault, principalmente por intermédio do seu conceito de formação discursiva. Também se vale da linguística de Ludwig Wittgenstein e da perspectiva investigativa de Sandra Mara Corazza. Por último, o artigo pergunta: haveria como construir uma nova ordem do discurso geoescolar? Responde que talvez não seja o caso de superar a formação discursiva hegemônica, mas sim perverte-la, subverte-la, transgredi-la, fazendo com que cada aula de Geografia tenha em si mesma o potencial para se constituir enquanto obra de arte.

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Biografia do Autor

Bruno Nunes Batista, Instituto Federal Catarinense (IFC). Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT).

Doutor e mestre em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor no Instituto Federal Catarinense (IFC). Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT).

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Publicado

2020-01-30

Como Citar

Batista, B. N. (2020). Como dar uma aula de geografia?. Geografia Ensino & Pesquisa, 23, e33. https://doi.org/10.5902/2236499434855

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