Neoliberalismo e guerra civil: a hipótese da Geografia Escolar como inimigo interno
DOI:
https://doi.org/10.5902/2236499488178Palavras-chave:
Geografia Escolar, Neoliberalismo, Guerra CivilResumo
O neoliberalismo vai além da política econômica: disseminando competitividade, forjando subjetividades e desenhando instituições, ele efetiva uma engenharia do comportamento humano. Ademias, ele está ancorado em estratégias que visam neutralizar e/ou derrotar inimigos. O seu funcionamento requer experimentações autoritárias, mecanismos de repressão e tecnologias de guerra. Para assegurar a concorrência e viabilizar a liberdade empresarial, princípios, sujeitos e instituições são banidos e desmantelados. É o caso da Geografia Escolar. Uma vez que o modelo neoliberal pressupõe que a competição deve prevalecer a qualquer custo, movimentos da Geografia Escolar alinhavados com direitos coletivos ou com a compreensão da formação socioespacial estão sob ameaça. É em torno dessa análise que o artigo se desdobra, organizando-se em três enfoques: a) identificar os fundamentos do neoliberalismo; b) indicar como as orientações neoliberais procedem de uma opção pela guerra civil; c) reconhecer que a Geografia Escolar – por estatuto ético, estético e epistemológico – tende a ser alvejada como inimigo interno.
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