Formação docente e educação de surdos no Brasil: desafios para uma proposta educacional bilíngue
DOI:
https://doi.org/10.5902/1984686X40063Palavras-chave:
Educação bilíngue, formação docente, inclusão escolar.Resumo
No presente artigo, a partir de uma análise documental, objetiva-se sistematizar, discutir e problematizar os investimentos efetivados na formação docente para a educação de surdos. A pesquisa olha para os 20 anos da publicação do documento “A Educação que nós Surdos queremos”, elaborado por representantes da comunidade surda no evento que antecedeu o V Congresso Latino-Americano de Educação Bilíngue, no ano de 1999. O argumento principal pauta-se na compreensão de que os investimentos na educação de surdos são, por excelência, práticas de governamento que operam de formas distintas sobre a conduta dos sujeitos. Ao analisar os dados sobre os investimentos na formação docente em vista de uma educação bilíngue, percebe-se um efeito de ricochete. Mesmo que as políticas atentem para o reconhecimento das demandas da comunidade surda e considerem a diferença linguística e cultural dos sujeitos surdos, elas colocam em operação a efetivação da política de inclusão escolar. Dito de outro modo, há um processo de rebatimento das práticas de educação bilíngue previstas pela política de inclusão escolar. Com isso, os investimentos operados pelo Estado, considerando as reivindicações da comunidade surda pelo respeito à diferença, parecem cada vez mais reforçar a necessidade da inclusão escolar.
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