Da simulação computacional ao uso das representações visuais: desenvolvendo práticas epistêmicas em aulas de Química
DOI:
https://doi.org/10.5902/1984644444488Palavras-chave:
Educação em Química, Ensino de Ciências por Investigação, Construção do conhecimento.Resumo
Considerando a construção do conhecimento científico a partir da proposição, comunicação e avaliação de ideias, buscou-se, no contexto de uma sala de aula, investigar se o uso de representações visuais, considerando-o como uma prática epistêmica, pode ser oportunizado por meio de uma simulação computacional. A sequência didática foi aplicada em uma turma de 3° ano do Ensino Médio de uma escola pública de Minas Gerais. Os dados foram gerados a partir dos registros escritos produzidos pelos estudantes durante a sequência, visto que as práticas epistêmicas também são intertextuais. A análise dos dados foi realizada por meio da Análise Textual Discursiva, revelando que a simulação computacional, por meio de uma abordagem investigativa proposta pelo professor, permitiu o uso das representações visuais, além de outras práticas epistêmicas, como elaborar hipótese, construir dados, concluir, explicar e generalizar. A dinamicidade do simulador favoreceu o contato dos estudantes com diferentes representações visuais, o que pode ter permitido o seu uso. A oportunização dessa prática epistêmica é importante no Ensino de Química, pois as representações visuais usadas nessa ciência são componentes dos argumentos mobilizados na defesa das ideias. O planejamento de aulas visando a oportunização dessa prática, por meio de um simulador, e a abordagem investigativa do professor podem contribuir para que o uso das representações visuais surja como necessário no processo de investigação, daí ser considerado como uma prática epistêmica, e não como uma ilustração para atender uma formalização da Química.
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