O crescer bilíngue de Codas: memórias da infância na passagem pela escola
DOI:
https://doi.org/10.5902/1984686X67637Palavras-chave:
Codas, Identidade, EscolaResumo
O artigo tem como objetivo identificar as marcas identitárias de filhos ouvintes de pais surdos – Codas, como sujeitos bilíngues e biculturais, que se estabelecem na escola. Trata-se de um recorte dos enunciados produzidos em uma pesquisa de doutorado na área da Educação, no encontro do pesquisador com quatro Codas, de diferentes estados brasileiros. O método empregado na produção dos dados se ancora na concepção da metodologia biográfico-narrativa, sendo sua análise e discussão organizadas em núcleos de significação. A investigação evidenciou marcas identitárias que constituem a singularidade dos sujeitos pesquisados. À luz dos estudos bakhtinianos a materialidade da apreensão do objeto de análise perfila sobre a formação do ser Codas pela alteridade, na fronteira de duas línguas e culturas de prestígio social diferentes, em suas memórias da/na escola. Todavia os contornos identitários circunscrevem enunciados de um “mundo precoce adulto” que incide sobre a infância, fora dos muros escolares. Tais aspectos convocam os profissionais da educação a refletirem sentidos outros, no tempo e espaço das experiências dos que se reconhecerem ou não ouvintes, na visualidade da língua de sinais com seus pais surdos.
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