Vozes à infância silenciada: impactos da hospitalização e hemodiálise à escolarização de crianças com doença renal crônica
DOI:
https://doi.org/10.5902/1984686X44360Palavras-chave:
Hospitalização, escolarização, insuficiência renal crônica.Resumo
Os impactos provenientes da hospitalização e/ou atendimento ambulatorial hemodialítico ao processo de escolarização de crianças com insuficiência renal crônica podem ser comprometedores ao desenvolvimento infantil, causando às mesmas rupturas contextuais, mudanças na vida cotidiana, impedimentos na continuidade aos estudos e à rotina anterior vivenciada. Buscou-se analisar os impactos da hospitalização e/ou atendimento ambulatorial hemodialítico ao processo de escolarização de crianças com insuficiência renal crônica. Tratou-se de uma pesquisa do tipo quanti-qualitativa, descritiva, sob a forma de múltiplos casos. Os participantes foram 10 crianças com insuficiência renal crônica, faixas etárias variando entre 8 e12 anos de idade, inseridas em três grupos contextuais: três crianças hospitalizadas, seis em atendimento ambulatorial hemodialítico e uma submetida aos dois processos hospitalares, em duas unidades de atendimento de um hospital público federal em São Luís. Foram aplicadas individualmente com elas, entrevistas semiestruturadas, envolvendo história interativa, livro autobiográfico e caixa dos desejos. Os maiores impactos da hospitalização e/ou atendimento ambulatorial hemodialítico ao processo de escolarização foram: atrasos escolares e comprometimentos futuros pela impossibilidade de frequência escolar (60%); perda do vínculo escolar pela distância entre hospital e escola (20%); ausência de recursos apropriados à escolarização no hospital (10%) e dificuldades de realizar matrícula em escola próxima de casa (10%). Concluiu-se que os maiores impactos à escolarização foram manifestados pelas crianças em tratamento hemodialítico, por ser um processo contínuo, imprevisível e indeterminado, demandando maiores privações do contexto escolar ou mesmo ausências, variando de cinco meses a quatro anos, ocasionando maiores déficits escolares e comprometendo a vida escolar.
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