O início da carreira docente e a influência dos estabelecimentos de ensino
DOI:
https://doi.org/10.5902/1984644448116Palavras-chave:
Formação de professores, socialização profissional, início da docência, ensino fundamental.Resumo
O objetivo desta pesquisa foi analisar a influência dos estabelecimentos de ensino no processo de socialização profissional de egressas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). Por meio de entrevistas de cunho narrativo são tecidos os diálogos com a literatura, em que se encontram autores como Dubar (1997), Gecas (1981), Lortie (1975), Van Zanten (2013), Fortes e Flores (2013), Berger e Luckmann (2014), dentre outros. Participaram desse estudo cinco professoras em início da carreira docente, atuantes no Ensino Fundamental e que estiveram inseridas no Pibid, quando cursaram a Pedagogia em uma instituição pública do Estado de Minas Gerais (Brasil). Os resultados indicam que o processo de socialização no estabelecimento de ensino apresenta muitos desafios, como: lidar com o inesperado, com o inusitado, sendo responsável por uma sala e por alunos; construir estratégias de trabalho coletivo, imposto pela organização da instituição ou por uma necessidade do próprio exercício profissional; superar o sentimento de exclusão e caminhar em direção aos estudantes como forma de obter “recompensas psíquicas” na docência. A conclusão que se chega é que os diferentes tipos de estabelecimentos de ensino influenciam no processo de socialização profissional de formas distintas. A intensidade que cada ator (alunos, pares, direção, supervisão e os pais) exerce influência no estabelecimento de ensino depende do contexto sócio espacial que a escola se insere, do tipo de estabelecimento de ensino (público/privado), do nível socioeconômico das famílias atendidas e das características do corpo docente da escola.
Referências
ALMEIDA, Maria Isabel de; PIMENTA, Selma Garrido.; FUSARI, José Cerchi. Socialização, profissionalização e trabalho de professores iniciantes. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, v. 35, n. 78, p. 187-206, nov./dez. 2019.
ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Professores iniciantes: egressos de programas de iniciação à docência. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro , v. 23, e230095, 2018 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782018000100280&lng=pt&nrm=iso>. Acesso: em 07 jul. 2020.
BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; SANT’ANNA, Maria Josefina Gabriel. As classes populares e a valorização da educação no Brasil. In: RIBEIRO, L. C. Q. et al. Desigualdades Urbanas Desigualdades Escolares. Rio de Janeiro. Letra Capital: Observatório das Metrópoles: IPPUR/UFRJ, 2010.
BERGER, Peter Ludwig; LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade: tratado de sociologia do conhecimento. 36 ed. Petrópolis: Vozes, 2014.
CRESWELL, John. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 2.ed. Porto alegre: Artmed, 2007.
CUNHA, Maria Isabel da; BRACCINI, Marja Leão; FELDKERCHER, Nadiane. Inserção profissional, políticas e práticas sobre a iniciação à docência: avaliando a produção dos congressos internacionais sobre o professorado principiante. Avaliação (Campinas), Sorocaba, v. 20, n. 1, p. 73-86, Mar. 2015 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-40772015000100073&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 06 jul. 2020.
CUNHA, Maria Isabel. Conta-me agora! As narrativas como alternativas pedagógicas na pesquisa e no ensino. Rev. Fac. Educ. São Paulo, v.23, n.1, jan./dez. 1997. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010225551997000100010&script=sci_arttext. Acesso em: 25 jun. 2018.
DUBAR, C. A construção de si pela atividade de trabalho: a socialização profissional. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 42 n. 146, p. 351-367, 2012. Disponível em: http://www. scielo.br/scielo.php?pid=S0100-15742012000200003&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: mar. 2019.
DUBAR, C. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais. 24 ed. Porto: Porto editora, 1997.
DUBAR, Claude. Formes identitaires et socialisation professionnelle. Revue Française de Sociologie, v.33, p.505-529, 1992.
DUBAR, Claude. Formação, trabalho e identidades profissionais. In: CANARIO, Rui (org.). Formação e situações de trabalho. Portugal: Porto Editora, 2003. p. 43-52.
FLORES, Maria Assunção. Formação docente e identidade profissional: tensões e (des)continuidades, Educação, 38 (1), p. 138-146, 2015.
FORTE, Ana Maria; FLORES, Maria Assunção. Potenciar o desenvolvimento profissional e a colaboração docente na escola. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, v.42 n.147, p. 900-919, set./dez. 2013.
FREITAS, Maria Nivalda de Carvalho. O professor iniciante e suas estratégias de socialização profissional. 2000. 125 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 2000.
GALLEGO-DOMÍNGUEZ, Carmen; GARCÍA, Carlos Marcelo; MURILLO-ESTEPA, Paulino. Além das discussões online: aspectos cognitivos, sociais e de formação no processo de indução docente. Currículo sem Fronteiras, v. 19, n. 1, p. 97-112, jan./abr. 2019. Disponível em: http://www.curriculosemfronteiras.org/vol19iss1articles/dominguez-garcia-estepa.pdf. Acesso em: 05 abr. 2020.
GECAS, Viktor. Contexts of socialization. In: ROSEMBERG, M.; TURNER, R. H. (Eds) Social Psychology Sociological perspectives. New York: Basic Books. 1981. p.165-199.
GUARNIERI, Maria Regina Tornando-se professor: o início na carreira docente e a consolidação da profissão. 1996. 153 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, 1996.
HUBERMAN, Michael. The lives of teachers. New York: Teachers College Press, Columbia University, 1993.
KELCHTERMANS, Geert; BALLET, Katrijn. The micropolitics of teacher induction. A narrative-biographical study on teacher socialization. Teaching and teacher education, n.18, jan., 2002. p. 105-120.
LAHIRE, Bernard. Sucesso escolar nos meios populares: as razões do improvável. São Paulo: Ática,1997.
LIMA, Emília Freitas de et al. Sobrevivendo ao início da carreira docente , permanecendo nela. Como? Por quê? O que dizem alguns estudos. Educação e Linguagem, São Paulo, ano 10, n. 15, jan./jun. 2007, p. 138-160.
LIMA, Emília Freitas de. A construção do início da docência: reflexões a partir de pesquisas brasileiras. Revista Educação (UFSM), v. 29, n. 02, Santa Maria, Rio Grande do Sul. 2004.
LOPES, Amélia et al. Formação de professores e primeiros anos de ensino: cruzando níveis de ensino e gerações de professores. In: MARIN, A. J.; GIOVANNI, L. M. (Orgs.). Práticas e saberes docentes: os anos iniciais em foco. Araraquara, São Paulo, Editora: Junqueira & Marin Editores, 2016. p. 52-73.
LOPES, Amélia. Marcos e marcas das políticas de educação na (re)construção da identidade profissional dos professores portugueses: rumo a uma política pedagógica. In: LIMA, Jorge; PEREIRA, Helder (Orgs.). Políticas públicas e conhecimento profissional: a educação e a enfermagem em reestruturação, Lisboa: Legis Editora, 2008. p. 69-112.
LOPES, Amélia. A construção de identidades profissionais docentes como constructo sistémico e profissionalização dos professores. In: Currículo, teorias, métodos. Florianópolis, Brasil, UFSC, 2009.
LOPES, Amélia. Da formação à profissão: choque da realidade ou realidade chocante? In: ALONSO, Luísa; ROLDÃO, Maria do Céu (Orgs.). Ser professor do 1º ciclo: construindo a profissão. Braga: CESC/Almedina, Instituto de Estudos da Criança, 2005. p. 85-92.
LOPES, Amélia. From school teacher identity to teacher educator identity: identity studies giving hope to the profession. In: SILVA, Ana Maria; APARÍCIO Miriam (Orgs.). International handbook about professional identities, Rosemead-Los Angeles: Scientific & Academic Publishing, 2015. p. 225- 249.
LOPES, Amélia. Libertar o desejo, resgatar a inovação: a construção de identidades profissionais docentes. Lisboa: Instituto de Inovação. Vol. 20, pp. 496p. 2001.
LORTIE, Dan. Schoolteacher: a sociological study. Chicago: University of Chicago, 1975.
LÜDKE, Menga. Sobre a socialização profissional de professores. Cadernos de pesquisa. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, n. 99, p. 05-15, nov. 1996a.
MARCELO, Carlos. Formação de professores: para uma mudança educativa. Porto: Porto Editora Ltda, 1999.
MARCELO, Carlos. O professor iniciante, a prática pedagógica e o sentido da experiência. Revista Brasileira de Pesquisa sobre Formação Docente, n. 03, p. 11-49, ago./dez, 2010. Disponível em: http://formacaodocente.autenticaeditora.com.br. Acesso em: 6 ago. 2018.
MARCELO, Carlos; VAILLANT, Denise. Políticas y programas de inducción en la docencia en Latinoamérica. Cad. Pesqui., São Paulo , v. 47, n. 166, p. 1224-1249, Dec. 2017 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742017000401224&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 08 jul. 2020.
MEYER, Patrícia; VOSGERAU, Dilmeire Sant’Anna Ramos; BORGES, Cecília. Colaboração entre pares em programas de desenvolvimento profissional docente. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 13, n. 2, p. 312-329, maio/ago. 2018, Disponível em: http://www.revistas2.uepg.br/index.php/praxiseducativa. Acesso em: 2 mar. 2020.
MILLER, Shari. Professional Socialization: A Bridge Between the Explicit and Implicit Curricula. Journal of Social Work Education, n. 49. Georgia, p.368-386, 2011.
NÓVOA, António. (Org.). Profissão professor. Porto. 2. ed. Porto Editora, 1992.
NÓVOA, António. Formação de professores e profissão docente. In: NÓVOA, A. (Org.). Os professores e a sua formação. Lisboa, Dom Quixote, 1995. p. 15-33.
NUNES, João Batista Carvalho. A socialização do professor: As influências do processo de aprender a ensinar. 2001. 837 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade de Santiago de Compostela, Santiago de Compostela, 2001.
PÉREZ-GÓMEZ, Angel. As funções sociais da escola: da reprodução à reconstrução crítica do conhecimento e da experiência. In: SACRISTÁN, José Gimeno; PÉREZ GÓMEZ, Angel. Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: Artmed, 1998.
PORTES, Écio. Algumas Dimensões Culturais da Trajetória de Estudantes Pobres no Ensino Superior Público: o caso da UFMG. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 87, n. 216, 2006. p. 220-235.
SILVA, Eugénio Alves da. As metodologias qualitativas de investigação nas Ciências Sociais. Revista Angolana de Sociologia [Online], 12, 2013. Disponível em: URL: http://journals.openedition.org/ras/740; DOI: https://doi.org/10.4000/ras.740. Acesso em: 09 maio 2020.
TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude; LAHAYE, Louise. Os professores face ao saber: esboço de uma problemática do saber docente. In: Teoria e Educação. Dossiê: Interpretando o trabalho docente, n. 4, p. 215- 233. Porto Alegre: Pannonica Editora, 1991.
TARDIF, Maurice; RAYMOND, Danielle. Saberes, tempo e aprendizagem do trabalho no magistério. Educação e Sociedade: revista quadrimestral de Ciência da Educação/Centro de Estudos Educação e Sociedade (CEDES), Campinas, n. 73, 2000, p. 209-244. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v21n73/4214.pdf. Acesso em: 6 jul. 2014.
VAN ZANTEN, Agnès. A influência das normas de estabelecimento na socialização profissional dos professores: o caso dos professores dos colégios periféricos franceses. In: TARDIF, M.; LESSARD, C. (Orgs.). O ofício de professor: história, perspectivas e desafios internacionais. Petrópolis: Vozes, 2013.
VAN ZANTEN, Agnès. A influência das normas de estabelecimento na socialização profissional dos professores: o caso dos professores dos colégios periféricos franceses. In: TARDIF, M.; LESSARD, C. (Orgs.). O ofício de professor: história, perspectivas e desafios internacionais. Petrópolis: Vozes, 2008.
VELDMAN, Ietje et al. Job satisfaction and teacher-student relationships across the teaching career: Four case studies. Teaching and Teacher Education, 32, p. 55-65, 2013.
ZEICHNER, Kenneth M. Dialéctica de la socialización del profesor. Revista de educación, Madrid, n. 277, 1985, p. 95-123.
ZEICHNER, Kenneth M.; GORE, Jennifer M. Teacher socialization. In: HOUSTON, W. R. (Ed.) Handbook of research on teacher education. New York: Macmillan, 1990.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Educação (UFSM)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0)
Declaramos o artigo _______________________________ a ser submetido para avaliação o periódico Educação (UFSM) é original e inédito, assim como não foi enviado para qualquer outra publicação, como um todo ou uma fração.
Também reconhecemos que a submissão dos originais à Revista Educação (UFSM) implica na transferência de direitos autorais para publicação digital na revista. Em caso de incumprimento, o infrator receberá sanções e penalidades previstas pela Lei Brasileira de Proteção de Direitos Autorais (n. 9610, de 19/02/98).
_______________________________________________________
Nome completo do primeiro autor
CPF ________________