A educação de surdos como uma importante esfera das Políticas Linguísticas para a Língua Brasileira de Sinais: o Decreto nº 5.626/05 em foco

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984686X38358

Palavras-chave:

Brazilian sign language, Language policy

Resumo

Este trabalho volta-se para análise da intersecção entre as Políticas Linguísticas e Políticas Educacionais para surdos no Brasil a partir do reconhecimento oficial da Língua Brasileira de Sinais (Libras) no país. Considera que a maioria das pessoas surdas adquire as línguas de sinais no contexto institucionalizado/educacional, portanto, fora do contexto familiar, o que confere aos espaços educacionais/institucionais uma importante esfera das Políticas Linguísticas. Isso porque os espaços institucionalizados são mais sensíveis ao gerenciamento, controle e padronização de valores e normas acerca da língua e seus usuários. Também, eles são centrais na discussão em torno do direito linguístico dos surdos no país. Nesse contexto, esse trabalho analisa, a partir de referenciais teórico-metodológicos da Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 1992, 2003; VAN LEEUWEN, 2008), o Decreto de regulamentação da Lei da Libras (Decreto no 5.626/05) a fim de identificar as relações que se constroem entre as políticas oficiais para essa língua e seus usuários. Ao longo da análise, foi possível identificar como o Decreto, ao trazer as políticas educacionais ao centro da política linguística oficial para a Libras, aproximou diferentes demandas que se apresentavam na esfera pública no mesmo momento histórico, evidenciando movimentos de luta em torno dos sentidos para a educação bilíngue e inclusão na tentativa de estabelecer um consenso acerca de modos legitimados de perceber, conceber e reconhecer a educação dos surdos no Brasil.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Larissa Bassi Piconi, Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Câmpus Londrina

Departamento de Educação

Referências

BAKHTIN, Mikhail (1895-1975). Marxismo e Filosofia da Linguagem: problemas fundamentais do método sociológico da linguagem. 12ª Edição. São Paulo: Hucitec, 2006.

BOURDIEU, Pierre. Language and symbolic power.Harvard University Press, 1991.

BRASIL. Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996. Disponível em http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L9394.htm. Acesso em 30 mai 2014.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução CNE/CEB 2/2001 de14 de setembro de 2001. Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0201.pdf>. Acesso em 30 mai 2013.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Lei Nº. 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais– Libras e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm>. Acesso em 30 maio 2013.

BRASIL. Ministério da Educação - Secretaria de Educação Especial. Educação Inclusiva: a fundamentação filosófica. Brasília: SEESP/MEC, 2004.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Decreto Nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei Nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm>.Acesso em 30 maio 2013.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Educação inclusiva: direito à diversidade. Documento orientador. Brasília, 2005.

BRITO, Fábio Bezerra de. O movimento social surdo e a campanha pela oficialização da língua brasileira de sinais. 2013. 275 f. Tese (Doutorado) –Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

CAVALCANTI, Marilda do Couto. Estudos sobre educação bilíngüe e escolarização em contextos de minorias lingüisticas no Brasil. D.E.L.T.A., Vol. 15, N.o especial, 1999 (385-417).

CHOULIARAKI, Lilie; FAIRCLOUGH, Norman. Discourse in late modernity: rethinking Critical Discourse Analysis. Edinburgh: Edinburgh University Press, 1999.

FAIRCLOUGH, Norman. Discourse and Social Change. Cambridge: Polity Press, 1992.

FAIRCLOUGH, Norman. Analyzing Discourse: Textual Analysis for Social Research. London: Routledge, 2003.

FAIRCLOUGH, Norman. Semiotic aspects of social transformation and learning. In: ROGERS, Rebecca. An introduction to critical discourse analysis in education. New York: Routledge, 2011.

FARACO. Carlos Alberto. Questões de política de língua no Brasil: problemas e implicações. Educar em Revista, Curitiba, v. 20, p. 13-22, 2002.

FOUCAULT, Michael. The Birth of Biopolitcs: lectures at the collège de France 1978-79. Palgrave Macmillan, 2008.

LAPLANE, Adriana. Uma análise das condições para a implementação de políticas de educação inclusiva no Brasil e na Inglaterra. Educ. Soc., Campinas, vol. 27, n. 96 -Especial, p. 689-715, out. 2006

LEVINSON, Bradley. A. U.; SUTTON, Margaret. Policy as/in Practice: a sociocultural approach to the study of Educational Policy. In: SUTTON, Margaret.; LEVINSON, Bradley. A. U.(eds). Policy as practice: Toward a comparative sociocultural analysis of educational policy. Vol. 1. Greenwood Publishing Group, 2001.

LIASIDOU, Anastasia. Inclusive education and critical pedagogy at the intersections of disability, race, gender and class. Journal for Critical Education Policy Studies, v10 n1 p168-184 Apr 2012.

LODI, Ana Claudia Balieiro. Educação bilíngue para surdos e inclusão segundo a Política Nacional de Educação Especial e o Decreto no. 5.626/05. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 39, n. 1, p. 49-63, jan./mar, 2013.

MAGALHÃES, Izabel. Teoria Crítica do Discurso e Texto. Linguagem em (Dis)curso -LemD, Tubarão, v. 4, n.esp, p. 113-131, 2004.

MULDERRIG, Jane. The hegemony of inclusion: A corpus based critical discourse analysis of deixis in education policy. Discourse & Society 0(0) 1–28, 2012.

OLIVEIRA, Gilvan Müller de. Brasileiro fala português: Monolinguismo e preconceito lingüístico. In SILVA, Fábio Lopes da; MOURA, Heronides Maurílio de Melo. O Direito à Fala: a questão do preconceito lingüístico. Florianópolis, Editora Insular, 2002.

OLIVEIRA, Gilvan Müller de. Prefácio. In: CALVET, L. As políticas Linguísticas. São Paulo: Parábola Editorial: IPOL, 2007.

PACCINI, Jassonia Lima Vasconcelos. Trajetória histórica oficial do programa educação inclusiva: direito à diversidade - documentos orientadores no âmbito municipal. Interfaces da Educ., Paranaíba, v.3, n.9, p.84-93, 2012.

QUADROS, Ronice Müller. Linguistic Policies, Linguistic Planning, and Brazilian Sign Language in Brazil. Sign Language Studies, v. 12, n. 4, Summer, p. 543-564, 2012.

RAMALHO, Viviane C. Vieira Sebba; RESENDE, Viviane de Melo. Análise de discurso (para a) crítica: o texto como material de pesquisa. Campinas: Pontes, 2011.

SHORE, Cris; WRIGHT, Susan. Policy a new field of anthropology In: SHORE, Cris; WRIGHT, Susan. (eds.). Anthropology of Policy: critical perspectives on governance and power. London: Routledge, 1997.

SKLIAR, Carlos. Bilingüismo e biculturalismo: Uma análise sobre as narrativas tradicionais na educação dos surdos. Revista Brasileira de Educação, Mai/Jun/Jul/Ago, No 8, pp. 44-57, 1998

SPOLSKY, Bernard. What is language policy? In. SPOLSKY B. (Ed.) The Cambridge Handbook of Language Policy. Cambridge: Cambridge University Press, 2012.

UNESCO. Declaração de Salamanca: sobre princípios, políticas e práticas na área de necessidades educativas especiais. Espanha, 1994. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf. Acesso em 24 dez 2014.

VAN LEEUWEN, Theo. Legitimation in discourse and communication. Discourse & Communication, 1(1), p. 91-112, 2007.

VAN LEEUWEN, Theo. Discourse and practice: New tools for critical discourse analysis. Oxford University Press, 2008.

WILCOX, Sherman E.; KRAUSNEKER, Verena; ARMSTRONG, David F. Language policies and the deaf community. In: SPOLKY, B. The Cambridge Handbook Language Policy. Cambridge Press, 2012.

Downloads

Publicado

2019-10-22

Como Citar

Piconi, L. B. (2019). A educação de surdos como uma importante esfera das Políticas Linguísticas para a Língua Brasileira de Sinais: o Decreto nº 5.626/05 em foco. Revista Educação Especial, 32, e89/ 1–28. https://doi.org/10.5902/1984686X38358

Edição

Seção

Dossiê – Direitos Linguísticos dos Surdos: concepções e práticas inclusivas