Práticas de apoio e inclusão escolar: do direito e justiça social para o capacitismo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984686X71343

Palavras-chave:

Práticas de Apoio, Inclusão Escolar, Capacitismo

Resumo

Este artigo problematiza as práticas de apoio à inclusão escolar e sua “reconfiguração” na esteira dos ataques antidemocráticos à educação pública. O avanço de movimentos neoconservadores coloca em risco conquistas históricas da inclusão escolar de pessoas com deficiência, questionando as práticas de apoio para a garantia de acesso, permanência, desenvolvimento e aprendizagem na educação. Com base nos Estudos Foucaultianos em Educação, utilizou-se a ferramenta teórico-metodológica do discurso para as análises dos materiais de pesquisa: políticas educacionais a partir da década de 1990 que versam sobre a inclusão escolar de pessoas com deficiência e artigos de revistas pedagógicas de décadas anteriores. As análises realizadas apontam um movimento que desloca as práticas de apoio do campo do “direito e da justiça social” para o campo do “capacitismo”. A efetivação de movimentos antidemocráticos fragiliza os processos de inclusão escolar, evidenciando um retrocesso no acesso à educação.

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Biografia do Autor

Raquel Fröhlich, Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, SC

Professora doutora da Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil.

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Publicado

2022-12-08

Como Citar

Fröhlich, R. (2022). Práticas de apoio e inclusão escolar: do direito e justiça social para o capacitismo. Revista Educação Especial, 35, e59/1–18. https://doi.org/10.5902/1984686X71343

Edição

Seção

Dossiê: A Educação Especial e inclusiva no contexto neoconservador: problematizações sobre o processo de (des)democratização