A constituição de um discurso ambiental durante a gestão governamental federal de 2018-2022: implicações para a área educacional.

Auteurs-es

DOI :

https://doi.org/10.5902/1984644466205

Mots-clés :

Discurso Ambiental, Educação, Ambiente e Sociedade.

Résumé

O presente artigo visa compreender a partir do levantamento de reportagens veiculadas em sites na internet e na publicação de documentos oficiais, o discurso ambiental utilizado durante a gestão federal do Brasil eleita para o período de 2018-2022, a partir da eleição de um presidente intitulado de extrema direita. O objetivo é discutir a repercussão desses discursos nos processos educacionais. Analisando as publicações do período de 2018-2020 divulgadas em sítios eletrônicos,  pode-se inferir que recentemente houve um retrocesso no discurso ambiental vigente, o qual aparece relacionado a um crescimento econômico desvinculado das preocupações ambientais, o que pode ocasionar, no decorrer dos próximos anos, uma piora nos padrões de qualidade ambiental no Brasil, com agravamento substancial da poluição atmosférica, contaminação das águas e desmatamento, afetando, consequentemente, a saúde da população. Na área educacional o retrocesso no discurso ambiental pode provocar um enfraquecimento da construção social de práticas ecologicamente sustentáveis, o que pode resultar na formação de uma sociedade pouco preocupada com as questões socioambientais ou com senso crítico para analisar ações criminosas como desmatamento, por exemplo. Nesse cenário, a degradação ambiental se efetiva, pois a sociedade passa a não entender os problemas dela advindos, graças a um discurso que legitima ações que devem ser condenáveis,   resultando em falta de cobrança com relação a políticas públicas que preservem o ambiente natural, e acarretando em uma sucessão de eventos que podem culminar em desastres ambientais, que impactam a todos.

Bibliographies de l'auteur-e

Rafaela Bruno Ichiba, Universidade de São Paulo

Rafaela Bruno Ichiba: Licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal de São Carlos
(2010), Licenciada em Letras pela Uninter (2020). Especialista em Educação Especial pelo Centro Universitário Claretiano (2011), Especialista em Ensino Lúdico pela Faculdade de Educação São Luís (2017), Especialista em Alfabetização e Letramento pela Faculdade de Educação São Luís (2017).
Com graduação em andamento em Licenciatura em Educação Física, mestranda no Programa de Pós-Graduação em Rede Nacional para Ensino das Ciências Ambientais -USP- São Carlos e atualmente exerce a função de professora efetiva de Educação Infantil (desde 2008) pela Prefeitura Municipal de São Carlos.

Taitiâny Kárita Bonzanini, Universidade de São Paulo

Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2002), possui Licenciatura Plena em Pedagogia, especialização pelo Programa de Formação a Distância em Mídias Integradas na Educação da USP (2009), mestrado em Educação para a Ciência (2005) e doutorado em Educação para a Ciência (2011), ambos pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Atualmente professora doutora, RDIDP, na Universidade de São Paulo (USP), atuando como docente da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), Piracicaba, no Departamento de Economia, Administração e Sociologia, na área: Ensino de Biologia, Ensino de Ciências Agrárias, Didática e Fundamentos da Educação. Professora e pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Ecologia Aplicada Interunidades PPGI ? ESALQ/CENA, na linha de pesquisa Educação, e também do PROFCiamb - Programa de Pós-Graduação em rede nacional para o ensino de Ciências Ambientais. Atua também na coordenação local de tutores e educadores das áreas de Ciências Biológicas e Educação, junto ao Polo de Licenciatura em Ciências semipresencial de Piracicaba e Jáu. Atua, desde novembro de 2014 como diretora do polo de Licenciatura em Ciências da cidade de Jau. Tem experiência na área de Educação Básica e Superior, atuando principalmente nos seguintes temas: Ensino de Ciências, Formação de Professores, Ensino de Biologia, Instrumentação para o Ensino e Educação a Distância e produção de materiais didáticos. 

Marcelo Damiano, Federal University of São Carlos

Graduado em Educação Física pela Escola de Educação Física de São Carlos (1997) e Pedagogia pela Universidade de Franca (2016). Especialista em Gestão Ambiental e Ecogestão pela Universidade Paulista (2020).Com graduação em andamento em Gestão Ambiental pela Universidade Paulista , Mestre em Ciências Ambientais -USP- São Carlos . Doutorando em Ciências Ambientais pelo Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais - PPGCam - UFSCAR e atualmente é professor de educação básica II - Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. 

Références

ALMEIDA, Ronaldo de. (2019). Bolsonaro presidente: conservadorismo, evangelismo e a crise brasileira. Novos estudos CEBRAP, p.185-213. 2019. Disponível em:.https://doi.org/10.25091/s01013300201900010010 Acesso em: 24 ago. 2020.

VALENTINI, Ivo; LAMANO, Ana Paula; GOZZI, Marcelo; FERREIRA, Maurício. Impacto ambiental por desmatamento e soterramento na Mata Atlântica: um estudo de caso no entorno da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Exacta, 10 (1), 115-121. 2012. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=810/81023342012 Acesso em: 04 set. 2020.

CARVALHO, Luiz Marcelo de. O discurso ambientalista e a Educação Ambiental: implicações para o ensino das ciências da natureza. Encontro Nacional de Pesquisa em Educação de Ciências, pp. 1-15. 2007. Disponível em:http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/vienpec/CR2/p1120.pdf Acesso em: 01 set. 2020.

ESCOBAR,Herton. Desmatamento da Amazônia dispara novamente em 2020. Jornal/USP. 2020. Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/desmatamento-da-amazonia-dispara-de-novo-em-2020. Acesso em 29 ago. 2020.

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Disponível em:http://www.inpe.br/ Acesso em 24 ago. 2020.

LIMA, Gustavo da C. O discurso da sustentabilidade e suas premissas para a educação. Ambiente & Sociedade, pp. 99-119. 2003. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1414-753X2003000300007 Acesso em 24 ago. 2020.

MENEZES, L. Discurso da natureza e natureza do discurso ambiental. Revista da ANPEGE, 7(07), 113-126. 2017. doi:https://doi.org/10.5418/RA2011.0707.0008 Acesso em 10 set. 2020.

MESQUITA, João. Discurso ambiental de Bolsonaro na ONU, e a repercussão. (Reportagem) O Estado de S.Paulo. 2019. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/592926-discurso-ambiental-de-bolsonaro-na-onu-e-a-repercussao. Acesso em: 26 ago. 2020.

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. (MAPA). Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br Acesso em: 04 ago. 2020.

MUELLER, C. Os economistas e as relações entre o sistema econômico e o meio ambiente. Brasília: Editora UnB. 2007.

PASSARINHO, N. Como política ambiental de Bolsonaro afetou imagem do Brasil em 2019 e quais as consequências disso. BBC News Brasil. 2019. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50851921 Acesso em: 25 ago. 2020.

POTT, Crisla Maciel e ESTRELA, Carina Costa. Histórico ambiental: desastres ambientais e o despertar de um novo pensamento. Estudos Avançados, pp.271-283. 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s0103-40142017.31890021 Acesso em:24 ago. 2020.

SILVA, Gabriel. O discurso jornalístico acerca das políticas públicas ambientais implementadas pelo Governo Federal na Amazônia em 2019: uma análise a partir das colunas de Eliane Brum, no jornal El País Brasil. Disponível em:https://repositorio.unisc.br/jspui/handle/11624/2867 Acesso em: 17/09/2020

SIQUEIRA, Soraia e KRUSE, Maria. Agrotóxicos e saúde humana: contribuição dos profissionais do campo da saúde. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 42(3), 584-590. 2008. https://doi.org/10.1590/S0080-62342008000300024 Acesso em: 09 set. 2020.

SOBRINHO, Wanderley P. Número de agrotóxicos liberados no Brasil é o maior dos últimos dez anos. Uol/Notícias. 2019. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2019/11/28/com-novas-aprovacoes-liberacao-de-agrotoxicos-ja-e-o-maior-da-historia.htm Acesso em: 29 ago. 2020.

TAJRA, A., MONTESANTI, B. Futuro ministro, Ricardo Salles é condenado em ação de improbidade. Uol/Notícias. 2018. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2018/12/19/futuro-ministro-ricardo-salles-e-condenado-em-acao-de-improbidade.htm Acesso em: 25 ago. 2020.

WENCESLAU, Juliana; ANTEZANA, Natalia; CALMON, Paulo. Políticas da Terra: existe um novo discurso ambiental pós Rio + 20?. Cadernos EBAPE.BR, pp. 584-604. 2012. Disponível em: https://dx.doi.org/10.1590/S1679-39512012000300008. Acesso em 22 ago. 2020.

WHITACKER, G. M. Sobre o discurso ideológico do desenvolvimento sustentável e a reprodução do modo capitalista de produção. Geografia, Goiânia, v. 33, n. 1, p.73-89, Jan./Abr. 2013. Disponível em: < http://www.revistas.ufg.br/index.php/bgg/article/view/23633 >

Publié-e

2023-07-10

Comment citer

Ichiba, R. B., Bonzanini, T. K., & Damiano, M. (2023). A constituição de um discurso ambiental durante a gestão governamental federal de 2018-2022: implicações para a área educacional. Educação, 48(1), e80/1–23. https://doi.org/10.5902/1984644466205