Fundamentalismo e deficiência: a obstinação moderna pela igualdade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984686X71470

Palavras-chave:

Normalidade, Desigualdades, Inclusão

Resumo

A igualdade é um ideal perseguido pela Modernidade; porém quanto mais a defendemos, parece que mais nos afastamos dela. Aqui, assume-se o pressuposto de que tal afastamento conecta-se com uma crescente adesão a variados “tipos” de fundamentalismos. Para compreender as conexões entre o ideal da igualdade e os fundamentalismos contemporâneos, aborda-se a relação entre os discursos pela igualdade e a deficiência, com foco nos mecanismos de positivação das desigualdades, circulando nas escolas de educação básica. Entende-se por positivação das desigualdades as práticas que marcam a presença da pessoa com deficiência e somam (de)méritos àqueles que com ela convive. As estatísticas das matrículas — da inclusão de pessoas com deficiência nas escolas de Educação Básica — e as narrativas docentes sobre práticas pedagógicas permitem concluir que discursos fundamentalistas sustentam a positivação das desigualdades e estigmatizam as pessoas com deficiência.

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Biografia do Autor

Maura Corcini Lopes, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, RS

Professora doutora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, RS, Brasil.

Alfredo José da Veiga-Neto, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS

Professor doutor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.

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Publicado

2022-12-08

Como Citar

Lopes, M. C., & Veiga-Neto, A. J. da. (2022). Fundamentalismo e deficiência: a obstinação moderna pela igualdade. Revista Educação Especial, 35, e51/1–15. https://doi.org/10.5902/1984686X71470

Edição

Seção

Dossiê: A Educação Especial e inclusiva no contexto neoconservador: problematizações sobre o processo de (des)democratização