FENOLOGIA DE <i>Poincianella pyramidalis</i> (TUL.) L. P. QUEIROZ E SUA RELAÇÃO COM A DISTRIBUIÇÃO TEMPORAL DA PRECIPITAÇÃO PLUVIAL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO
DOI:
https://doi.org/10.5902/1980509833387Parole chiave:
catingueira, estádio de desenvolvimento, sazonalidade, semiárido.Abstract
A região Semiárida brasileira tem como característica marcante a alta irregularidade da distribuição da precipitação pluvial no espaço e no tempo, com duas estações marcantes, a estação chuvosa, correspondente a um período curto com precipitações pluviais, erráticas e de intensidade muito variável, e a estação seca, período crítico, em geral, de prolongada estiagem, quando as espécies da Caatinga expressam sua fisionomia mais marcante, a caducifolia. As espécies vegetais, nestas condições, apresentam dinâmica de crescimento e desenvolvimento em consonância com os eventos de chuvas. Assim, o objetivo deste estudo foi caracterizar as fenofases de Poincianella pyramidalis e sua relação com a distribuição temporal da precipitação pluvial, que se dá em forma de pulsos. Para o acompanhamento fenológico, 32 indivíduos arbóreos foram selecionados, marcados e monitorados quinzenalmente, na Fazenda Açude, município de Soledade-PB. Para quantificar os eventos fenológicos, foram usados o percentual de intensidade de Fournier e o índice de atividade, registrando-se a presença e ausência das fenofases: brotamento, botão floral, floração (antese), frutificação e senescência, cujos dados foram relacionados com os pulsos e interpulsos de precipitação. Constata-se que as fenofases, brotamento, botões florais e floração em Poincianella pyramidalis se dão em sincronia com a distribuição temporal dos pulsos de precipitação pluvial na área de sua ocorrência. A intensidade e duração das fenofases do desenvolvimento em Poincianella pyramidalis dependem da amplitude e frequência dos pulsos de precipitação ao longo da estação chuvosa. A senescência total das folhas em Poincianella pyramidalisacontece quando os interpulsos de precipitação pluvial se intensificam à medida que avança a estação seca, caracterizando a caducifolia.
Downloads
Riferimenti bibliografici
AMORIM, I. L.; SAMPAIO, E. V. S. B.; ARAÚJO, E. L. Fenologia de espécies lenhosas da Caatinga do Seridó, RN. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 33, n. 3, p. 491-499, 2009.
ANDRADE, A. P. et al. A Caatinga no Contexto da Variabilidade Sazonal da Disponibilidade de Forragem. In: ALENCAR, G. S. S.; GUERRA, I. (Org.). Diversidade do saber científico: reflexões sobre ciência, saúde e esporte. 1. ed. Juazeiro do Norte: IFCE, 2013. p. 17-46.
ANDRADE, A. P. et al. Produção animal no bioma caatinga: paradigmas dos pulsos de precipitação. In: REUNIÃO ANUAL DA SBZ, 43., 2006, João Pessoa. Anais... João Pessoa: SBZ; UFPB, 2006. p. 138-155.
ARAÚJO, V. C. Fenologia de essências florestais amazônicas I. Boletim do Instituto de Pesquisas da Amazônia, Manaus, v. 4, p. 1-25, 1970.
BARBOSA, D. C. A.; BARBOSA, M. C. A.; LIMA, L. C. M. Fenologia de espécies lenhosas da Caatinga. In: LEAL, I. R.; TABARELLI, M.; SILVA, J. M. C. Ecologia e conservação da Caatinga. Recife: UFRPE, 2003. 822 p.
BORCHERT, R. Soil and stem water storage determine phenology and distribution of tropical dry forest trees. Ecology, New York, v. 75, p. 1437-1449, 1994.
BORCHERT, R.; RIVERA, G. Photoperiodic control of seasonal development and dormancy in tropical stem-succulent trees. Tree Physiology, Canada, v. 21, n. 4, p. 213-221, 2001.
BORCHERT, R.; RIVERA, G.; HAGNAUER, W. Modification of vegetative phenology in a tropical semi-deciduous forest by abnormal drought and rain. Biotropica, Lawrence, v. 34, n. 1, p. 27-39, 2002.
CHAVES, L. H. G. et al. Salinidade das águas superficiais e suas relações com a natureza dos solos na Bacia Escola do Açude Namorado e diagnóstico do uso e degradação das terras. Relatório Técnico. Campina Grande: [s. n.], 2002.
DRUMOND, M. A. Caatinga: bioma rico em diversidade. Revista do Instituto Humanitas Unisinos, São Leopoldo, n. 389, p. 13-17, 2012. Disponível em: <http://www.ihuonline.unisinos.br/>. Acesso em: 21 nov. 2013.
ÉDER-SILVA, E. Fitossociologia, regeneração e qualidade de sementes em áreas de caatinga. 2009. 237 f. Tese (Doutorado em Agronomia) – Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2009.
FOURNIER, L. A. Un método cuantitativo para la medición de características fenológicas en árboles. Turrialba, Turrialba v. 24, p. 422-423, 1974.
FOURNIER, L. A.; SALAS, S. Algumas observaciones sobre la dinamica de la floracion en el bosque humedo de Villa Collon. Revista de Biología Tropical, Costa Rica, v. 14, n. 1, p. 75-85, 1966.
GRIZ, L. M. S.; MACHADO, I. C. S. Fruiting phenology and seed dispersal syndromes in caatinga, a tropical dry forest in the northeast of Brazil. Journal of Tropical Ecology, Cambridge, v. 17, n. 2, p. 303-321, 2001.
JANZEN, D. H. Synchronization of sexual reproduction of trees within the dry season in Central America. Evolution, Boulder, v. 21, n. 3, p. 620-637, 1967.
JOLLY, W. M.; RUNNING, S. W. Effects of precipitation and soil water potential on drought deciduous phenology in the Kalahari. Global Change Biology, Oxford, v. 10, n. 3, p. 303-308, 2004.
JUSTINIANO, M. J.; FREDERICKSEN, T. S. Phenology of tree species in Bolivian dry forests. Biotropica, Washington, v. 32, n. 2, p. 276-281, 2000.
LEAL, I. R.; PERINI, M. A.; CASTRO, C. C. Estudo Fenológico de Espécies de Euphorbiaceae em uma Área de Caatinga. In: CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL, 8., Caxambu. Anais... [s. l.: s. n.], 2007.
LEITE, A. V. L.; MACHADO, I. C. Biologia reprodutiva da "catingueira" (Caesalpinia pyramidalis Tul., Leguminosae-Caesalpinioideae), uma espécie endêmica da Caatinga. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 32, n. 1, p. 79-88, 2009.
LEITE, A. V. L.; MACHADO, I. C. Reproductive biology of woody species in Caatinga, a dry forest of northeastern Brazil. Journal of Arid Environments, Devon, v. 74, p. 1374-1380, 2010.
LESICA, P.; KITTELSON, P. M. Precipitation and temperature are associated with advanced flowering phenology in a semi-arid grassland. Journal of Arid Environments, Devon, v. 74, n. 9, p. 1013-1017, 2010.
LIEBERMAN, D.; LIEBERMAN, M. The causes and consequences of synchronous flushing in a dry tropical forest. Biotropica, Washington, v. 16, p. 193-201, 1982.
LIMA, A. L. A.; RODAL, M. J. N. Phenology and Wood density of plants growing in the semi-arid region of northeastern Brazil. Journal of Arid Environments, Devon, v. 74, p. 1363-1373, 2010.
LOIK, M. E. et al. A multi-scale perspective of water pulses in dryland ecosystems: climatology and ecohydrology of the western USA. Oecologia, New York, v. 141, n. 2, p. 269-281, 2004.
MACHADO, I. C. S.; BARROS, L. M.; SAMPAIO, E. V. S. B. Phenology of Caatinga Species at Serra Talhada, PE, Northeastern Brazil. Biotropica, Washington, v. 29, n. 1, p. 57-68, 1997.
MAIA, G. N. Catingueira. In: MAIA, G. N. Caatinga: árvores e arbustos e suas utilidades. São Paulo: Leitura e Arte, 2004. p. 159-169.
MANTOVANI, W.; MARTINS, F. R. Variações fenológicas das espécies do cerrado da Reserva Biológica de Moji Guaçu, estado de São Paulo. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 11, p. 101-112, 1988.
MARKESTEIJN, L.; POORTER, L. Seedling root morphology and biomass allocation of 62 tropical tree species in relation to drought- and shade-tolerance. Journal of Ecology, Oxford, v. 97, n. 2, p. 311-325, 2009.
MENEZES, R. S. C.; GARRIDO, M. S.; PEREZ, M. A. M. Fertilidade dos solos no semi-árido. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 30., 2005, Recife. Anais... Recife: SBCS, 2005. CD-ROM.
MORELLATO, L. P. C. et al. Estratégias fenológicas de espécies arbóreas em floresta de altitude na Serra do Japi, Jundiaí, São Paulo. Revista Brasileira de Biologia, Rio de Janeiro, v. 50, n. 1, p. 149-62, 1990.
NEVES, E. L.; FUNCH, L. S.; VIANA, B. F. Comportamento fenológico de três espécies de Jatropha (Euphorbiaceae) da Caatinga, semi-árido do Brasil. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 33, n. 1, p. 155-166, 2010.
NOGUEIRA, F. C. B. et al. Fenologia de Dalbergia cearensis Ducke (fabaceae) em um fragmento de floresta estacional, no Semiárido do nordeste, Brasil. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 37, n. 4, p. 657-667, 2013.
NOY-MEIR. Desert Ecosystems: Environment and Producers. Annual Review of Ecology and Systematics, Palo Alto, v. 4, p. 25-51, 1973.
OLIVEIRA, M. I. B.; SIGRIST, M. R. Fenologia reprodutiva, polinização e reprodução de Dipteryx alata Vogel (Leguminosae-Papilionoideae) em Mato Grosso do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 195-207, 2008.
PARENTE, H. N. et al. Influência do pastejo e da precipitação sobre a fenologia de quatro espécies em área de Caatinga. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 36, n. 3, p. 411-421, 2012.
PEDRONI, F.; MARYLAND, S.; SANTOS, F. A. M. Fenologia da copaíba (Copaifera langsdorffii Desf. - Leguminosae, Caesalpinioideae) em uma floresta semidecídua no sudoeste do Brasil. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 25, n. 2, p. 183-194, 2002.
QUIRINO, Z. G. M. Fenologia, síndromes de polinização e dispersão e recursos florais de uma comunidade de caatinga no Cariri paraibano. 117 f. Tese (Doutorado em Biologia Vegetal) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2006.
RAMIREZ, N. Reproductive phenology, life-forms, and habitats of the Venezuelan Central Plain. American Journal of Botany, Columbus, v. 89, p. 836-842, 2002.
REICH, P. B.; BORCHERT, R. Water stress and tree phenology in a tropical dry forest in the lowlands of Costa Rica. Journal of Ecology, Oxford, v. 72, n. 1, p. 61-74, 1984.
RIVERA, G. et al. Increasing day-length induces spring flushing of tropical dry forest trees in the absence of rain. Trees - Structure and Function, Berlin, v. 16, n. 7, p. 445-456, 2002.
RUBIM, P.; NASCIMENTO, H. E. M.; MORELLATO, L. P. C. Variações interanuais na fenologia de uma comunidade arbórea de floresta semidecídua no sudeste do Brasil. Acta Botânica Brasílica, Feira de Santana, v. 24, n. 3, p. 756-764, 2010.
SALVAT, A. et al. Antimicrobial activity in methanolic extracts of several plant species from northern Argentina. Phytomedicine, Jena, v. 11, p. 230-234, 2004.
SANTOS, M. J.; MACHADO, I. C.; LOPES, A. V. Biologia reprodutiva de duas espécies de Jatropha L. (Euphorbiaceae) em Caatinga, Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 28, p. 361-373, 2005.
SILVA, L. B. et al. Anatomia e densidade básica da madeira de Caesalpinia pyramidalis Tul. (Fabaceae), espécie endêmica da caatinga do Nordeste do Brasil. Acta Botânica Brasílica, Porto Alegre, v. 23, n. 2, p. 436-445, 2009.
SINGH, K. P.; KUSHWAHA, C. P. Emerging paradigms of tree phenology in dry tropics. Current Science, India, v. 89, n. 6, p. 964-975, 2005.
SOUSA, D. M. M. Fenologia, avaliação do tubo polínico e maturação de frutos e sementes de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz. 2011. 123 f. Tese (Doutorado em Agronomia) – Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2011.
TELES, M. M. F. Cobertura vegetal do município de São João do Cariri- PB: distribuição espacial da caatinga: uso de lenha como fonte de energia. 2005. 62 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2005.
VAN SHAICK, C. P.; TERBORGH, J. W.; WRIGHT, S. J. The phenology of tropical forest: adaptive significance and consequences for primary consumers. Annual Review of Ecology and Systematics, Palo Alto, v. 24, p. 353-377, 1993.
WILLIAMS, R. J. et al. Reproductive phenology of woody species in a North Australian Tropical Savanna. Biotropica, Lawrence, v. 31, n. 4, p. 626-636, 1999.
ZAR, J. H. Biostatistical analysis. Prentice-Hall: New Jersey, 1996. 662 p.
##submission.downloads##
Pubblicato
Come citare
Fascicolo
Sezione
Licenza
A CIÊNCIA FLORESTAL se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da lingua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
As provas finais serão enviadas as autoras e aos autores.
Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da revista CIÊNCIA FLORESTAL, sendo permitida a reprodução parcial ou total dos trabalhos, desde que a fonte original seja citada.
As opiniões emitidas pelos autores dos trabalhos são de sua exclusiva responsabilidade.