A água pode correr para cima no mapa? A importância da cartografia escolar para o ensino de geomorfologia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2179460X73328

Palavras-chave:

Hipsometria, Alfabetização cartográfica, Bacias hidrográficas

Resumo

O objetivo da pesquisa é apresentar um relato de atividades de ensino de Geomorfologia que envolve maquetes, anáglifos, mapas de hipsometria e de rede de drenagem. As atividades relatadas neste artigo são parte de um projeto maior, que ocupa-se da elaboração de atlas geoambientais de municípios do Centro-Oeste do Rio Grande do Sul e da criação de materiais didáticos para dar suporte aos professores dessas redes municipais. A atividade foi aplicada em escolas de ensino fundamental de Jari e Nova Esperança do Sul, RS. A maioria dos alunos tinham conhecimentos prévios e conseguiram visualizar os conceitos através das imagens anáglifos e das maquetes. Porém, no que se refere à interpretação de mapas, menos de 25% dos estudantes conseguiram identificar pontos de alta e baixa altitude, assim como a direção de escoamento da água, o que está ligado à carência de noções de alfabetização cartográfica: dificuldades em criar e ler legendas; dificuldades em inserir símbolos no mapa; memorização dos pontos cardeais, já que 17% dos alunos indicou que a água só pode ir para o sul - porção denominada como “para baixo” do mapa. Salienta-se que é importante pensar em um ensino de Geomorfologia voltado para o local, com o uso de estratégias diversificadas e pautadas nas noções de alfabetização e letramento cartográfico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Franciele Delevati Ben, Universidade Federal de Santa Maria

Graduanda do Curso de Geografia Licenciatura na Universidade Federal de Santa Maria; Departamento de Geociências.

Eric Moisés Beilfuss, Universidade Federal de Santa Maria

Graduando do curso de Geografia Bacharelado e Técnico em Meio Ambiente na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Atualmente é pesquisador e bolsista FIEX (Fundo de Incentivo à Extensão) pelo Laboratório de Geologia Ambiental (LAGEOLAM) no projeto Cartografia Colaborativa como Método de Elaboração do Atlas Municipal de Jari (RS), além disso, atuou como monitor da disciplina de Cartografia B (2021), ademais desenvolve pesquisas em relação aos municípios da região centro oeste do Rio Grande do Sul, relacionando com uso do solo e o mapeamento geomorfológico através da formulação de Atlas Geoambientais. Tem interesse em estudos de Geomorfologia, Geologia, Geografia Urbana, Análise Ambiental e Cartografia. 

Carina Petsch, Universidade Federal de Santa Maria

Possui graduação em Geografia (Bacharelado) pela Universidade Estadual de Maringá (2011), mestrado em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2014) e doutorado em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2018). Atuou como professora colaboradora da UNIOESTE, campus Francisco Beltrão, no período de 05/2018 a 03/2019. Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Geografia Física, atuando principalmente nos seguintes temas: Antártica, monitoramento de geleiras, Ensino Polar, Geomorfologia glacial, Sensoriamento Remoto e Cartografia escolar. Atua como pesquisadora no Laboratório de Geologia Ambiental (LAGEOLAM) da UFSM, Laboratório de Ensino e Pesquisas em Geografia e Humanidades (LEPGHU) e Centro Polar e Climático (CPC) da UFRGS. Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) atuando na área de Geografia Física, Ensino e Cartografia.

Luís Eduardo de Souza Robaina, Universidade Federal de Santa Maria

Possui graduação em Geologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1984), mestrado em Geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1990), doutorado em Geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1999) e Pós-Doutorado na Universidade do Porto, Portugal e na Universidade du Maine, Le Mans/França. Atualmente é professor/pesquisador colaborador do programa de pós-graduação em geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e professor titular da Universidade Federal de Santa Maria, do curso de geografia e do programa de Pós-graduação em geografia e geociências. Coordena o Grupo de Pesquisa do CNPq LAGEOLAM organizado em 1995.Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em estudos geomorfológicos, geoambientais e de desastres naturais. 

Leda Correia Pedro Miyazaki, Universidade Federal de Uberlândia

Doutora em Geografia pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP), campus de Presidente Prudente, na qual foi bolsista CAPES e FAPESP. Possui licenciatura (2003), bacharelado (2005) e mestrado (2008) em Geografia pela mesma universidade, onde foi bolsista do CNPq e da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Atualmente é Professora Associada nível I do Curso de Graduação em Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Geografia do Pontal (PPGEP) do Instituto de Ciências Humanas (ICHPO) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Campus Pontal, Ituiutaba-MG. Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Geomorfologia, Pedologia e Dinâmicas Ambientais (GEPDA). É pesquisadora do Grupo de Pesquisa Interações na superfície terrestre, água e atmosfera (GAIA) da FCT/UNESP. Desenvolve pesquisa e atividades de ensino no Laboratório de Estudos e Pesquisa em Pedologia, Geomorfologia e Geografia Física (PEDOGEO), que encontra-se sob sua coordenação. Tem experiência na área de Geografia Física, atuando principalmente nos temas ligados a geomorfologia urbana, solos, vulnerabilidade de ambientes e ensino de geografia. 

Referências

AFONSO, A. E. Perspectivas e possibilidades do ensino e da aprendizagem em Geografia física na formação de professores. 2015.Tese (Doutorado em Geografia) - Universidade Federal Rio de Janeiro-UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

BATISTA, N. L. Cartografia Escolar, Multimodalidade e Multiletramentos para o ensino de Geografia na Contemporaneidade. 2019. Tese (Doutorado em Geografia) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2019.

BECKER, E. L. S.; NUNES, M. P. Relevo do Rio Grande do Sul, Brasil, e sua representação em maquete. Revista Percurso, v. 4, n. 2, p. 113-132, 2012. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Percurso/article/view/49542. Acesso em: Acesso em: 8 out. 2022.

BERTOLINI, W. Z. O ensino do relevo: noções e propostas para uma didática da geomorfologia. 2010. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Departamento de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, MG, 2010. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MPBB-86JKC3/1/disserta__o_completa.pdf. Acesso em: 19 out. 2022.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 11 fev. 2023.

BREDA, T. V.; STRAFORINI, R. Alfabetizar letrando: possibilidades para uma Cartografia porosa. Ateliê Geográfico, Goiânia, v. 14, n. 2, p. 280–297, 2020. Disponível em: https://revistas.ufg.br/atelie/article/view/58950 . Acesso em: 6 out. 2022.

BONA, A. S.; VELHO, L. F.; SILVA, S. L. C.; PETSCH, C. Matemática em diferentes contextos: um recorte do curso MOOC colaborativo na área da Cartografia. In: FREITAS, P. G.; MELLO, R. G. (orgs.) Educação em foco: Tecnologias Digitais & Inovação em Práticas de Ensino. Rio de Janeiro: E-Publicar, v. 1, p. 324-344, 2020.

CALLAI, H. C. Aprendendo a ler o mundo: a geografia nos anos iniciais do ensino fundamental. Cadernos Cedes, v. 25, p. 227-247, 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ccedes/a/7mpTx9mbrLG6Dd3FQhFqZYH/?lang=pt. Acesso em: 19 out. 2022.

CASTELLAR, S. M. V. A alfabetização em geografia. Espaços da Escola, v. 10, n. 37, p. 29-46, 2000.

COSTELLA, R. Z.; SANTOS, L. P. A construção do conhecimento em Jean Piaget e os mapas mentais: A leitura de alunos em diferentes realidades. Revista FSA (Centro Universitário Santo Agostinho), v. 10, n. 3, p. 80-96, 2013. Disponível em: http://www4.unifsa.com.br/revista/index.php/fsa/article/view/240/108. Acesso em: 19 out. 2022.

DENSIDADE DEMOGRÁFICA 2010: Censo Demográfico. In: IBGE: Panorama. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/nova-esperanca-do-sul/panorama. Acesso em: 15 mar. 2022.

DENSIDADE DEMOGRÁFICA 2010: Censo Demográfico. In: IBGE: Panorama. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/jari/panorama. Acesso em: 15 mar. 2022.

DEON, A. R.; CALLAI, H. C. A educação escolar e a geografia como possibilidades de formação para a cidadania. Revista Contexto & Educação, [S. l.], v. 33, n. 104, p. 264–290, 2018. Disponível em: https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoeducacao/article/view/6741. Acesso em: 19 out. 2022.

HSU, H.P.; TSAI, B.W.; CHEN, C.M. Teaching Topographic Map Skills and Geomorphology Concepts with Google Earth in a One-Computer Classroom. Journal of Geography, v.117, p.29-39, 2017. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/00221341.2017.1346138. Acesso em: 8 out. 2022.

OLIVEIRA, A. A. G. A Utilização de anáglifos aplicado ao mapeamento geomorfológico: o caso do relevo residual “Serra do Corpo Seco”. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Geografia) –Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2019. Disponível em: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/28586. Acesso em: 24 nov. 2022.

PEDRO MIYAZAKI, L. C.; OLIVEIRA, A. A. G. Anáglifo, fotointerpretação e imagens do Google Earth como alternativa para elaboração do mapeamento geomorfológico da Serra do Corpo Seco- Ituiutaba-MG (Brasil). Revista Ibero-Afro-Americana de Geografia Física e Ambiente: Physis Terrae. v. 2, n. 2, p. 43-65, 2020. Disponível em: https://revistas.uminho.pt/index.php/ physisterrae/article/view/2978. Acesso em: 6 out. 2022.

PEREIRA, J. S.; SILVA, R. G. S. O ensino de geomorfologia na educação básica a partir do cotidiano do aluno e o uso de ferramentas digitais como recurso didático. Revista de ensino de Geografia, Uberlândia, v. 3, n. 4, p. 69-79, 2012. Disponível em: http://www.revistaensinogeografia.ig.ufu.br/N.4/art5v3n4.pdf. Acesso em: 19 out. 2022.

PIAGET, J.; INHELDER, B. A representação do espaço na criança. Tradução de Bernardina Machado de Albuquerque. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

PISSINATI, M. C.; ARCHELA, R. S. Fundamentos da alfabetização cartográfica no ensino de geografia. GEOGRAFIA (Londrina), v. 16, n. 1, p. 169-95, 2007. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/GEOGRAFIA/Artigos/art_Cartografia_geo.pdf. Acesso em: 30 maio 2022.

POPULAÇÃO NO ÚLTIMO CENSO 2010: características da população. In: IBGE: Panorama. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/nova-esperanca-do-sul/panorama. Acesso em: 15 mar. 2022.

POPULAÇÃO NO ÚLTIMO CENSO 2010: características da população. In: IBGE: Panorama. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/jari/panorama. Acesso em: 15 mar. 2022.

RICHTER, D. A linguagem cartográfica no ensino de Geografia. Revista Brasileira de Educação em Geografia, v. 7, n. 13, p. 277-300, 2017. Disponível em: https://revistaedugeo.com.br/revistaedugeo/article/view/511. Acesso em: 6 out. 2022.

RIZZATTI, M. Cartografia escolar, inteligência escolar afinada e neurociências no ensino fundamental: a mediação (geo) tecnológica e multimodal no ensino de geografia. 2022. Tese (Doutorado em Geografia) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2022.

RIZZATTI, M.; BATISTA, N.L. Cartas topográficas, maquetes digitais e imagens anáglifo: Contribuições ao estudo do relevo com softwares livres. Metodologias e Aprendizado, [S. l.], v. 4, p. 41–44, 2021. Disponível em: https://publicacoes.ifc.edu.br/index.php/metapre/article/view/1727. Acesso em: 27 nov. 2022.

SANTOS, R. J. Pesquisa empírica e trabalho de campo: algumas questões acerca do conhecimento geográfico. Sociedade & Natureza, v. 11, n. 21/22, 1999. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/sociedadenatureza/article/download/28483/pdf_113. Acesso em: 13 fev. 2023.

SILVA, L. M.; CASTROGIOVANNI, A. C. Geografia e a Cartografia escolar no ensino básico: uma relação complexa – percursos e possibilidades. In: ENCONTRO DE PRÁTICAS DE ENSINO DE GEOGRAFIA DA REGIÃO SUL, 2., 2014, Florianópolis. Anais eletrônicos[...] Florianópolis: UFSC, 2014. Disponível em: https://anaisenpegsul.paginas.ufsc.br/files/2014/11/LIMARA-MONTEIRO-DA-SILVA-e-

ANTONIO-CARLOS-CASTROGIOVANNI.pdf. Acesso em: 6 out. 2022.

SILVA, V.; MUNIZ, A. M. V. A geografia escolar e os recursos didáticos: o uso das maquetes no ensino-aprendizagem da geografia. Geosaberes: Revista de Estudos Geoeducacionais, v. 3, n. 5, p. 62-68, 2012. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/5528/552856435008.pdf . Acesso em: 8 out. 2022.

SIMIELLI, M. E. R. Cartografia no ensino fundamental e médio. In: CARLOS, A. F. A. (org.). A Geografia na sala de aula. São Paulo: Contexto, 9. ed., 2018.

SIMIELLI, M. E. R.; GIRARDI, G.; MORONE, R. Maquete de relevo: um recurso didático tridimensional. Boletim Paulista de Geografia, n. 87, p. 131-148, 2007.

SIMIELLI, M. E. R.; GIRARDI, G.; BROMBERG, P.; MORONE, R.; RAIMUNDO, S. L. Do plano ao tridimensional: a maquete como recurso didático. Boletim Paulista de Geografia, [S. l.], n. 70, p. 5–22, 2017. Disponível em: https://publicacoes.agb.org.br/index.php/boletim-paulista/article/view/924. Acesso em: 7 out. 2022.

SOUZA, C. J. O. Ensino de geomorfologia: desafios na formação inicial. Revista de Geografia. v. 35, n. 4, p. 288-308. 2018. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistageografia/article/view/238231. Acesso em: 21 out. 2022.

SOUZA, C. J. de O. Geomorfologia no ensino superior: difícil, mas interessante! Por quê? Uma discussão a partir dos conhecimentos e das dificuldades entre graduandos de geografia. 2009. Tese (Doutorado em Geografia) - Universidade federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.

SOUZA, C. J. O.; VALADÃO, R. C. Habilidades e competências no pensar e fazer geomorfologia: proposta para a formação em geografia. GEOUSP Espaço e Tempo (Online), [S. l.], v. 19, n. 1, p. 93-108, 2015. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/geousp/article/view/99768 . Acesso em: 6 out. 2022.

TRENTIN, R; ROBAINA, L.E.S. Formas de relevo da bacia hidrográfica do Rio Ibicuí, Rio Grande do Sul, Brasil: Obtidas por classificação topográfica automatizada. Confins. n. 45, 2020. Disponível em: https://journals.openedition.org/confins/29381. Acesso em 11 abr. 2022.

Downloads

Publicado

2023-11-20

Como Citar

Ben, F. D., Beilfuss, E. M., Petsch, C., Robaina, L. E. de S., & Miyazaki, L. C. P. (2023). A água pode correr para cima no mapa? A importância da cartografia escolar para o ensino de geomorfologia. Ciência E Natura, 45, e33. https://doi.org/10.5902/2179460X73328

Edição

Seção

Geografia

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>