Mecanismos de institucionalização da atividade jurídica: pressupostos sociológicos para análise linguística
DOI:
https://doi.org/10.5902/1516849228529Palavras-chave:
Atividade jurírica, Análise linguística, InstitucionalizaçãoResumo
Considerando-se a perspectiva de linguagem que se insere nos estudos da Análise Crítica do Discurso, em que se analisam aspectos sócio-culturais que vão além de estudos tradicionais de descrição e explicação de elementos lingüísticos, pretende-se, neste trabalho, verificar alguns mecanismos de institucionalização das atividades realizadas pelo grupo dos operadores do Direito, que desempenham papéis específicos perante os demais grupos sociais e, de certa forma, mantêm a ordem social. A partir do conhecimento dos mecanismos de institucionalização, segundo os pressupostos teóricos de Veblen (1980), Berger & Luckmann (1985), Pross (1980), Elias & Scottson (2000), Bourdieu (1996), Fairclough (2003) e Bazerman (2004), busca-se depreender como os operadores do direito organizam e controlam suas atividades na sociedade e em que medida os textos que produzem ajudam a realizar tais atividades. Para isso, consideram-se textos que compõem os autos de um processo da Vara Criminal e de um processo da Vara Civil. A análise permitiu constatar que o processo penal pode ser considerado um sistema de gêneros que organiza o sistema de atividades típicas da instituição jurídica. As reflexões, realizadas à luz das teorias sociológicas estudadas, possibilitam perceberem-se algumas razões pelas quais a linguagem utilizada nos textos utilizados por esse grupo social é considerada, muitas vezes, hermética pelos indiví- duos de outros grupos.Downloads
Referências
BACCIOTTI, Rui Carlos Duarte. Processo e o Tribunal do Júri no Brasil. Disponível em: http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=1070. Acesso em: 15 abr. 2005.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. 261- 306. Cap. “Gêneros do discurso”.
BAZERMAN, C. Speech Acts, Genres, and Activity Systems: How Texts Organize Activity and People. In: BAZERMAN, C. & PRIOR, P. (Orgs.). What writing does and how it does it. An introduction to analizing texts and textual practices. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates, 2004. p. 279-307.
BAZERMAN, C. Gêneros textuais, tipificação e interação. Tradução e organização de Angela Paiva Dionísio e Judith Chambliss Hoffnagel. São Paulo: Cortez, 2005.
BERGER, P. & LUCKMANN, T. A construção social da realidade. Tradução de Floriano de Souza Fernandes. Petrópolis: Vozes, 1985.
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas lingüísticas: o que falar quer dizer. Tradução de Sérgio Miceli. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1996.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. 1988.
DAMIÃO, R. T. & HENRIQUES, A. Curso de Português Jurídico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1997.
DAHER, Marlusse Pestana. O júri. Disponível em: http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id-1070. Acesso em: 15 abr. 2005.
DAMIÃO, T. D. & HENRIQUES, A. Curso de Português Jurídico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1997.
ELIAS, N. & SCOTSON, J. L. Os estabelecidos e os outsiders. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2000.
FAIRCLOUGH, N. Analysing discourse: Textual analysis for social research. London/New York: Routledge, 2003.
FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. Tradução: Izabel Magalhães. Brasília: Ed. UnB, 2001.
HEBERLE, V. Análise crítica do discurso e estudos de gênero: subsídios para a leitura e interpretação de textos. In: FORTKAMP, M.; TOMUCTH, L. (Orgs.). Aspectos da Lingüística Aplicada: Estudos em homenagem ao Prof. Hilário Inácio Bohn. Florianópolis: Insular, p. 167-184, 2000.
MEURER, J. L.; MOTTA-ROTH, D. (Orgs.). Gêneros textuais e práticas discursivas. São Paulo: EDUSC, 2002.
MEURER, J. L. Esboço de um modelo de produção de textos. In: MEURER, J. L. & MOTTA-ROTH, D. (Orgs.). Parâmetros de textualização. Santa Maria: Ed. da UFSM, 1997.
OLIVEIRA, Marcus Vinícius Amorim de. O julgamento em plenário do Júri Popular. Disponível em: http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id-1070. Acesso em: 15 abr. 2005.
PROSS, H. Estructura simbólica del poder. Barcelona: Editorial Gili, 1980.
VEBLEN, T. Teoria da classe ociosa. A Alemanha imperial e a revolução industrial. Tradução de Bolívar Lamounier e Olívia Krähebühl. São Paulo: Abril, 1980.