O mito da beleza e a vulnerabilidade agravada da mulher na sociedade de consumo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1981369464495

Palavras-chave:

Assédio de consumo, Direito do Consumidor, Gênero, Mito da beleza, Vulnerabilidade da mulher

Resumo

A sociedade moderna impôs às mulheres um padrão de beleza que pode ser considerado inalcançável, tendo em vista que, para além de sua concepção enquanto forma de controle e coerção social – pois as mulheres iniciavam seu processo de emancipação da esfera privada em direção à esfera pública – esse padrão acabou sendo absorvido pelo mercado de consumo uma vez que este observou a possibilidade de alto lucro em face do chamado “mito da beleza”. Sendo assim, valendo-se de um padrão estético-comportamental utópico, o mercado de consumo investe, aprofunda e renova necessidades artificiais com o objetivo único de lucro, tornando o corpo físico e a beleza um bem de consumo. Esse assédio do mercado acaba por agravar a vulnerabilidade da mulher, acentuando as diferenças históricas de gênero que levam à uma sociedade excludente, machista e patriarcal. O artigo, através do método dedutivo-hipotético e por meio de pesquisa teórico-bibliográfica apresenta o chamado “mito da beleza”, desde o seu caráter originário – de controle social institucional - até o seu fundamento econômico.

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Biografia do Autor

Dennis Verbicaro, Universidade Federal do Pará

Doutor em Direito do Consumidor pela Universidade de Salamanca (Espanha). Mestre em Direito do Consumidor pela Universidade Federal do Pará. Professor da Graduação e dos Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu da Universidade Federal do Pará-UFPA e do Centro Universitário do Pará-CESUPA. Procurador do Estado do Pará e Advogado. 

Pastora Teixeira Leal, Universidade Federal do Pará

Pós-Doutora em Direito pela Universidade Carlos III de Madri-Espanha. Doutora em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Mestre em Direito pela Universidade Federal do Pará – UFPA. Graduada em Direito pela Universidade Federal do Pará – UFPA. Professora de graduação e de pós-graduação da Universidade Federal do Pará – UFPA e da Universidade da Amazônia – UNAMA. 26/02/2018 Thomson Reuters ProView - Revista de Direito do Consumidor Desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho da Oitava Região – TRT8.

Lorena Meirelles Esteves, Universidade Federal do Pará

Advogada graduada pelo Centro Universitário do Estado do Pará (2012), onde foi monitora de Direito Civil por dois semestres, após a devida aprovação no processo seletivo interno de monitoria. É mestra em Direito pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da UFPA, junto à linha de Pesquisa Direitos Fundamentais, Concretização e Garantias, finalizado em outubro de 2022. Também é especialista em Direito Civil e Processual Civil pela Fundação Getúlio Vargas (2015). Atualmente, é membra do Grupo de Pesquisa Direito Consumo e Cidadania - CNPq e já integrou da Comissão da Mulher Advogada na Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Pará.Atua como advogada há mais de uma década junto ao contencioso jurídico das áreas cível e, ainda, no âmbito extrajudicial e consultivo de empresas de grande porte, inclusive, com atuação específica de gestão de departamento jurídico interno empresarial.

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Publicado

13-12-2024

Como Citar

Verbicaro, D., Leal, P. T., & Esteves, L. M. (2024). O mito da beleza e a vulnerabilidade agravada da mulher na sociedade de consumo. Revista Eletrônica Do Curso De Direito Da UFSM, 19, e64495. https://doi.org/10.5902/1981369464495

Edição

Seção

Artigos científicos