“Você é viado? Você gosta de homem?”: Professores/as homossexuais e o dispositivo de sexualidade na escola

Autores

  • Filipe Gabriel Ribeiro França Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984644436730

Palavras-chave:

Professores/as homossexuais, Constituição docente, Sexualidade.

Resumo

Neste texto, são apresentadas narrativas produzidas durante uma pesquisa de mestrado a partir dos encontros com sete professores/as que se auto identificaram como homossexuais. Foi utilizado como referencial teórico-metodológico a perspectiva pós-estruturalista. Por meio dessa perspectiva puderam ser problematizadas as formas pelas quais os/as professores/as vão se constituindo enquanto docentes homossexuais e discutir como esses/as professores/as vão se produzindo nas relações de poder, nas relações com o outro e, sobretudo, como se relacionam com a instituição escolar. As narrativas obtidas apontam que assumir-se enquanto professor/a homossexual organiza a forma com que o sujeito se comporta dentro escola, vivenciando um contínuo processo de negociação com o outro e consigo mesmo. Além disso, esses/as professores/as vão corajosamente criando suas próprias existências e se distanciando do padrão heteronormativo de ser. Isso é significativo, pois eles e elas rompem com a heteronormatividade, colocam em suspensão as crenças e as lógicas binárias que estão ao nosso redor nos cerceando da experienciação de diferentes modos de vida.

Biografia do Autor

Filipe Gabriel Ribeiro França, Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais

Licenciado em Educação Física pelo Centro Universitário de Sete Lagoas – UNIFEMM; Mestre e doutorando em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora; Professor de Educação Física na rede estadual de ensino de Minas Gerais.

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Publicado

2019-08-07

Como Citar

França, F. G. R. (2019). “Você é viado? Você gosta de homem?”: Professores/as homossexuais e o dispositivo de sexualidade na escola. Educação, 44, e60/ 1–18. https://doi.org/10.5902/1984644436730

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