“Gritos, tiros, sangue e muito medo” – violência contra as pessoas LGBTQIA e o processo educativo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984644445264

Palavras-chave:

Educação escolar, Diversidade sexual, Trabalho docente.

Resumo

Considerando os casos de violência e morte contra as pessoas LGBTQIA que têm acontecido no Brasil, este trabalho, redigido por meio de pesquisa bibliográfica e documental, tem por objetivo discorrer acerca de expressões odiosas contra a comunidade LGBTQIA e como isso interfere nas relações sociais, focando a área educacional. Para atingir o objetivo, o manuscrito volta a atenção a um fenômeno particular, que é o ataque a uma boate em Orlando/EUA, em 2016. Para tanto, buscamos respaldos nos Estudos de Gênero e Feministas, em especial, nas/os autoras/res Saffioti (2013), hooks (2017), Butler (2015), Louro (2008a; 2008b), Meyer (2009), Junqueira (2010; 2015; 2018) entre outras/os. Com base nos dados, consideramos que é necessário que as esferas governamentais organizem políticas públicas específicas de combate à LGBTQIAfobia e as efetivem, sendo fundamentais ações de variados movimentos sociais que buscam combater a violência contra essa população; junto a isso, é basilar o trabalho docente democrático e científico com o intuito de contribuir no combate de todas as formas de violência, de modo que o processo educativo seja parte de uma formação ética e preventiva, de reconhecimento das diferenças, de acolhimento.

Biografia do Autor

Márcio de Oliveira, Universidade Federal do Amazonas

Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Mestre em Educação e Pedagogo pela UEM. Professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFAM.

Reginaldo Peixoto, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Paranaíba

Possui graduação em Letras/Português pela Universidade Estadual de Maringá (2000), graduação em Licenciatura em Arte e Educação pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza (2009), graduação em Pedagogia pela Faculdade Paulista São José (2015), mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (2013) e doutorado em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2018). Atualmente é quadro próprio do magistério - Secretaria de Estado da Educação do Paraná com permuta temporária para a SED/MS, professor adjunto efetivo do curso de Pedagogia e professor do Programa de Mestrado em Educação da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Paranaíba. Pesquisa a formação de Professores no Estado de Mato Grosso do Sul, tem experiência na área de Arte, Gênero, sexualidades e diversidades e formação de professores.

Eliane Rose Maio, Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Possui graduação em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá (1984), Mestrado em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP/Assis (2002), Doutorado em Educação Escolar - UNESP/Araraquara (2008), Pós-doutorado em Educação Escolar na UNESP/Araraquara, com a temática da Trajetória da Educação Sexual no Brasil. É professora da Universidade Estadual de Maringá, no Programa de Pós-graduação em Educação (PPE), Mestrado e Doutorado. 

Lucimar da Luz Leite, Universidade Estadual do Paraná - Campus de Campo Mourão

Formação em Pedagogia pela Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), Campus de Campo Mourão e especialização em Psicopedagogia, Educação Especial e Gestão Escolar. Em 2013 foi professora celetista do Departamento de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), Campus de Campo Mourão. Mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (PPE-UEM). Participante do Grupo de pesquisa Núcleo de Pesquisas e Estudos em Diversidade Sexual - NUDISEX. Doutoranda pela Universidade Estadual de Maringá (PPE-UEM).

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Publicado

2021-07-31

Como Citar

Oliveira, M. de, Peixoto, R., Maio, E. R., & Leite, L. da L. (2021). “Gritos, tiros, sangue e muito medo” – violência contra as pessoas LGBTQIA e o processo educativo. Educação, 46(1), e76/ 1–30. https://doi.org/10.5902/1984644445264