Reformas curriculares e o ataque ao pensamento reflexivo: o sutil desaparecimento da filosofia no currículo da Educação Básica no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.5902/2448065742599Palavras-chave:
Pensamento reflexivo, Ensino de filosofia, BNCC, Reforma do ensino médioResumo
O presente ensaio tem por objetivo analisar a exclusão/flexibilização da filosofia pelas reformas curriculares como uma das faces do ataque ao pensamento reflexivo. Busca-se problematizar a maneira como as reformas educacionais em curso representam um ataque ao pensamento reflexivo na medida que realizam um processo sutil de exclusão da filosofia no currículo da educação básica. O ensaio está estruturado em duas partes: na primeira parte, apresenta-se uma análise sobre a flexibilização/exclusão da filosofia e do pensamento reflexivo induzidos pela Lei 13.415/17 e pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular); na segunda parte far-se-á uma defesa da permanência da filosofia nos currículos como prerrogativa para desenvolver o pensamento reflexivo, considerado imprescindível para o pleno desenvolvimento da pessoa humana e para as relações democráticas. Nas considerações finais, são apontados desafios políticos e pedagógicos enquanto compromissos para o campo do ensino de filosofia no Brasil. A metodologia que estrutura o presente ensaio está ancorada no método analítico-hermenêutico, com especial ênfase nos procedimentos de pesquisa bibliográfica e pesquisa documental em políticas curriculares.
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