Florística e estrutura do componente arbóreo e análise ambiental de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista Alto-Montana no município de Painel, SC
DOI:
https://doi.org/10.5902/198050988449Palavras-chave:
floresta nebular, floresta de araucária, NMDSResumo
http://dx.doi.org/10.5902/198050988449
A Floresta Ombrófila Mista Alto-Montana é uma formação pouco estudada que ocorre em altitudes acima de 1.000 m. Os objetivos deste estudo foram conhecer os padrões florísticos e estruturais do componente arbóreo de um fragmento desta floresta na região do Planalto Sul Catarinense e determinar as variáveis ambientais que influenciam esses padrões. O levantamento da composição florística e estrutural e a coleta das variáveis ambientais foram conduzidos em 50 parcelas de 200 m2. Nelas, todos os indivíduos arbóreos com CAP (circunferência medida a altura do peito) ≥ 15,7 cm foram medidos (CAP e altura) e identificados. Foram coletadas, em cada parcela, variáveis ambientais relacionadas às características químicas e físicas dos solos, topográficas e de cobertura do dossel. Foram calculados os parâmetros fitossociológicos e a estrutura diamétrica da comunidade e das populações com valor de importância (VI) acima de 5 %. A similaridade florístico-estrutural entre as parcelas foi analisada pela NMDS (Nonmetric Multidimensional Scaling) e os vetores das variáveis ambientais significativas (p < 0,05) foram plotados a posteriori. Foram identificadas 50 espécies arbóreas distribuídas em 33 gêneros e 20 famílias botânicas. As espécies com maior VI foram: Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze (17,32 %), Myrceugenia euosma (O.Berg) D.Legrand (15,24 %) e Acca sellowiana (O.Berg) Burret (7,84 %). A estrutura diamétrica de toda a comunidade e das populações estudadas (exceto Dicksonia sellowiana Hook.) teve distribuição próxima ao “J invertido”. A análise NMDS demonstrou maior porcentagem de argila nas parcelas com maior densidade de Araucaria angustifolia e menor porcentagem, nas parcelas com maior densidade de Dicksonia sellowiana, Inga lentiscifolia Benth. e Ocotea pulchella Mart. As parcelas de maior declividade tiveram maior densidade de Drimys brasiliensis Miers e aquelas de menor declividade, maior cota e maior cobertura do dossel, tiveram maior ocorrência de Drimys angustifolia Miers, Prunus myrtifolia (L.) Urb., Calyptranthes concinna DC. e Myrceugenia oxysepala (Burret) D.Legrand & Kausel.
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