Macrofauna epiedáfica em áreas submetidas a tecnologias de restauração florestal no sul do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.5902/1980509865035Palavras-chave:
Armadilhas Pitfall, Bioindicadores, Fauna do solo, Restauração ecológicaResumo
Objetivou-se caracterizar a composição da macrofauna epiedáfica, em áreas em processo inicial de restauração florestal, por meio de diferentes tecnologias restauradoras e comparar esses parâmetros com uma floresta-referência. O estudo foi realizado na área experimental de Restauração ecológica da UTFPR, Dois Vizinhos, Paraná, em blocos casualizados, composto por três tratamentos (RP-restauração passiva, PAD-plantio em alta diversidade e NC-nucleação) com quatro repetições. Adjacente, encontra-se o fragmento de floresta nativa secundária (FL), usado como referência. As coletas foram realizadas em novembro/2010 e abril/2011, sendo instaladas em cada parcela três armadilhas pitfall. A riqueza e abundância foram submetidas a testes de normalidade, homogeneidade das variâncias e análise de variância e calcularam-se os índices de Shannon e Pielou. Os dados de abundância dos grupos taxonômicos foram submetidos à análise de componentes principais (ACP). Para verificar as diferenças na composição da macrofauna entre a floresta e as tecnologias de restauração, foi realizada a análise de similaridade (ANOSIM) e o percentual de similaridade (SIMPER). Amostraram-se 12.681 indivíduos, sendo 3.018 em novembro/2010 e 9.663 em abril/2011, distribuídos em 23 ordens. A abundância e riqueza da floresta diferiram significativamente das tecnologias restauradoras, em ambas as avaliações. A elevada abundância observada nas técnicas restauradoras refletiu a dominância de Hymenoptera, Coleoptera e Polyxenida. FL apresentou maior diversidade e equitabilidade, independentemente da época de amostragem. A ACP separou as tecnologias da floresta, pelas diferenças na composição da fauna edáfica, sendo que o mesmo não ocorreu entre as técnicas de restauração. Na ANOSIM e SIMPER, as principais ordens que contribuíram para a diferenciação da floresta das tecnologias em novembro/2010 foram Diptera, Coleoptera, Orthoptera, Blattodea, e em abril/2011 Polyxenida, Hemiptera, Hymenoptera e Orthoptera. A macrofauna edáfica foi influenciada pelo grau de interferência antrópica, sendo um bom indicador das alterações ambientais e da sucessão ecológica observada em áreas em processo inicial de restauração florestal.
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