RECEITA FAST FOOD PARA O AUTOPLÁGIO EM DIREITO: DUAS DOSES DE ENSINO JURÍDICO HOMOGENEIZANTE E UMA DE PRODUTIVISMO ACADÊMICO – BATA TUDO ATÉ OBTER UMA MASSA UNIFORME DE PESQUISADORES-COPISTAS – SIRVA COM MODERAÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.5902/1981369434878Palavras-chave:
Autoplágio, Ensino jurídico, Ética na pesquisa, Inovação, Produtivismo acadêmicoResumo
Observamos uma preocupação cada vez maior com o fenômeno do autoplágio no meio acadêmico brasileiro. Mas como essa discussão ainda é incipiente na pesquisa jurídica, o problema permanece suscitando dúvidas e controvérsias, o que aumenta a sensação difusa de insegurança entre os diversos atores envolvidos no processo: editores, autores, pesquisadores, agências reguladoras e fomentadoras de pesquisa e de pós-graduação, entre outros. Por meio de pesquisa bibliográfica e de observação, utilizamos a via hipotético-indutiva, com o objetivo de mapear possíveis correlações entre o modelo homogeneizante do ensino jurídico tradicional, o produtivismo acadêmico e a expansão do autoplágio. Não temos a intenção de instaurar um clima de “caça às bruxas”, mas entendemos que a escassez desse debate pode ensejar a violação dos imperativos éticos da meritocracia, em razão da concorrência desleal decorrente da distorção de resultados; implicando, em um plano macro, aumento da redundância e da estagnação do conhecimento jurídico.
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