Nem megera, nem boazinha: a voz desafiadora da “mulher rebelde” no drama shakespeariano

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DOI :

https://doi.org/10.5902/2176148575156

Mots-clés :

William Shakespeare, Megera, Barraqueira, Bruxa, Mulheres rebeldes

Résumé

Este artigo tem como objetivo analisar três personagens femininas do cânone shakespeariano – Katherina, da comédia A megera domada (c. 1592-4); Paulina, do romance O conto do inverno (1611), e Lady Macbeth, da tragédia Macbeth (1605-6) – à luz do conceito de “mulher rebelde” (UNDERDOWN, 1985). Partindo do uso feito por William Shakespeare do arquétipo cômico da megera (shrew), bem como da personagem histórica da barraqueira (scold), e considerando a justaposição nem sempre exata feita pela crítica literária dessas duas figuras, sugerimos que Shakespeare cria combinações variadas entre shrews e scolds, ultrapassando, como de hábito, as fronteiras entre comédia e tragédia, esfera pública e vida privada.

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Bibliographies de l'auteur

Bárbara Novais de Lima, Université de l'État de rio de janeiro

Tradutora e doutoranda em Estudos de Literatura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Literaturas de Língua Inglesa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) com pesquisa financiada com bolsa CAPES, pós-graduada em Tradução Inglês/Português pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e bacharel em Inglês e Literaturas de Língua Inglesa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Coorganizou o evento discente Celebrando Shakespeare (2021), o evento Conversas sobre Literatura: Celebrando Woolf (2023) e o livro Celebrando Shakespeare (Uerj/CAPES). Desenvolve pesquisa sobre a representação da megera (shrew) e da barraqueira (scold) e seus desdobramentos na literatura inglesa, mais especificamente nos períodos medieval e primeira modernidade. Além do teatro de William Shakespeare e do período medieval, outra área de interesse é o romance inglês dos séculos XVIII e XIX, com foco nas representações da figura da mulher rebelde e seus modos de expressão verbal.

Fernanda Teixeira de Medeiros, Université de l'État de rio de janeiro

Doutora em Letras pela Universidade Federal Fluminense (2002), Professora Associada de Literatura Inglesa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), onde atua na graduação e na pós-graduação. Lidera, com Liana de Camargo Leão, o Grupo de Pesquisa (GrPesq) Shakespeare e as modernidades.

 

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Publiée

2024-03-22

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Lima, B. N. de, & Medeiros, F. T. de. (2024). Nem megera, nem boazinha: a voz desafiadora da “mulher rebelde” no drama shakespeariano. Letras, (67), 84–99. https://doi.org/10.5902/2176148575156