A filantropia como gênese da Educação Especial
DOI:
https://doi.org/10.5902/1984686X42685Palavras-chave:
Educação Especial, Filantropia, Terceiro setor.Resumo
O objetivo deste estudo é discutir a filantropia como a gênese da Educação Especial a partir das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes). As Apaes, como instituições para o atendimento das pessoas com deficiência, foram se popularizando e se disseminaram, constituindo, gradativamente, um sistema de Educação Especial, com a existência de mais de duas mil unidades espalhadas em todo o país, com federações estaduais e uma federação nacional. Como campo empírico, elegeu-se a revista Mensagem da Apae no período de 1974 a 2016, totalizando 105 edições. Para analisar o conteúdo das revistas, buscaram-se as contribuições de Gramsci (2001; 2014), delimitando categorias de análise, como Estado Integral e hegemonia. A partir das análises, dividiu-se o período histórico em três momentos ligados à filantropia: filantropia tradicional, profissionalização da filantropia e a nova filantropia e o “terceiro setor”. Concluiu-se que a filantropia acompanha a Educação Especial desde os seus primórdios, embora tenha sofrido modificações ao longo do tempo, e que a marca da deficiência é que define a ajuda aos desvalidos, a caridade e a benemerência. O atendimento às pessoas com diagnóstico de deficiência intelectual e múltipla em instituições privadas filantrópicas, especialmente nas Apaes, deu-se com o aval do Estado.
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