DINÂMICA DE POPULAÇÕES DE ESPÉCIES ARBÓREAS EM UM FRAGMENTO DE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA MONTANA EM LAGES, SANTA CATARINA
DOI:
https://doi.org/10.5902/1980509826451Palavras-chave:
dinâmica florestal, sucessão ecológica, floresta com Araucária, guildas de regeneração.Resumo
O presente estudo teve como principal objetivo avaliar a dinâmica de populações de espécies arbóreas, em um fragmento de Floresta Ombrófila Mista Montana, no Município de Lages, Santa Catarina - SC, ao longo de um período de quatro anos (2008-2012). Para isto, em todas as espécies amostradas em 50 parcelas permanentes de 10 x 20 m, foram determinadas as guildas de regeneração [Pioneiras (P), Climácicas Exigentes em Luz (CEL) e Climácicas Tolerantes ao Sombreamento (CTS)] e as taxas de dinâmica (mortalidade, recrutamento, ganho e perda em área basal, mudança líquida em abundância e área basal). A existência de associação significativa entre as guildas de regeneração e os padrões de dinâmica foi verificada por meio de testes de qui-quadrado, aplicados a tabelas de contingência. Mudanças das participações relativas das guildas de regeneração entre os anos foram analisadas por meio de testes de proporção. No ano 2008 foram verificadas 87 espécies (P: 9, CEL: 64, CTS: 11 e não classificadas: 3), 1.841 ind.ha-1 e 36,17m2.ha-1. Em 2012, verificaram-se 86 espécies (P: 9, CEL: 63, CTS: 11, não classificadas: 3), 1.882 ind.ha-1 e 39,17m2.ha-1. A maior parte das espécies apresentou ganho em abundância e área basal. Dentre as mais abundantes, as maiores taxas de recrutamento e ganho em área basal foram observadas para Banara tomentosa Clos, com, respectivamente, 5,43%.ano-1 e 6,08%.ano-1, e as maiores taxas de mortalidade e perda em área basal ocorreram para Zanthoxylum rhoifolium Lam., com, respectivamente, 7,75%.ano-1 e 4,74%.ano-1. Não foi verificada associação significativa entre os padrões de dinâmica observados e guildas de regeneração, cujas participações relativas na comunidade no período avaliado, permaneceram constantes. Desta forma, conclui-se que o fragmento florestal se encontra em fase de instabilidade estrutural, indicada pelo incremento no número de indivíduos e área basal, e estabilidade florística sucessional, em função da baixa substituição florística e manutenção da importância relativa das guildas de regeneração ao longo do tempo avaliado.
Downloads
Referências
ABREU, T. A. L. Dinâmica da vegetação arbustivo-arbórea no período de 14 anos em uma floresta de vale, Mato Grosso, Brasil. 2012. 88 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) - Universidade de Brasília, Brasília, 2012.
ANGIOSPERM PHYLOGENY GROUP III. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society, Hoboken, v. 161, n. 2, p. 105-121, 2009.
CHAGAS, R. K. et al. Dinâmica de populações arbóreas em um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual Montana em Lavras, Minas Gerais. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 25, n. 1, p. 39-57, 2001.
DURIGAN, M. E. Florística, dinâmica e análise protéica de uma Floresta Ombrófila Mista em São João do Triunfo-PR. 1999. 125 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1999.
FIGUEIREDO-FILHO, A. et al. Crescimento, mortalidade, ingresso e distribuição diamétrica em floresta ombrófila mista. Floresta, Curitiba, v. 40, n. 4, p. 763-776, 2010.
FORMENTO, S.; SCHORN, L. A.; RAMOS, R. A. Dinâmica estrutural arbórea de uma Floresta Ombrófila Mista em Campo Belo do Sul. Cerne, Lavras, v. 10, n. 2, p. 196-212, 2004.
HALLÉ, F.; OLDEMAN, R. A. A.; TOMLINSON, P. B. Tropical trees and forests. Berlin: Springer- Verlag, 1978. 483 p.
HIGUCHI, P. et al. Influência de variáveis ambientais sobre o padrão estrutural e florístico do componente arbóreo, em um fragmento de Floresta Ombrófila Mista Montana em Lages, SC. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 22, n. 1, p. 7-90, 2012.
IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. (Série Manuais técnicos em geociências, 1).
KORNING, J.; BALSLEV, H. Growth and mortality of trees in Amazonian tropical rain forest in Ecuador. Journal of Vegetation Science, Knivsta, v. 4, n. 1, p. 77-86, 1994.
LAURANCE, F. W. et al. Rapid decay of tree-community composition in Amazonian forest fragments. PNAS, Washington, v. 103, n. 50, p. 19010- 19014, 2006.
LEYSER, G. et al. Regeneração de espécies arbóreas e relações com o componente adulto em uma floresta estacional no vale do rio Uruguai, Brasil. Acta Botanica Brasilica, Feira de Santana, v. 26, n. 1, p. 74-83, 2012.
LIEBERMAN, D. et al. Mortality patterns and stand turnover rates in a wet tropical forest in Costa Rica. Journal of Ecology, Hoboken, v. 73, n. 3, p. 915-924, 1985.
LINDENMAIER, D. S.; BUDKE, J. C. Florística, diversidade e distribuição espacial das espécies arbóreas em uma floresta estacional na bacia do rio Jacuí, Sul do Brasil. Pesquisas, Botânica, São Leopoldo, v. 57, p. 193-216, 2006.
LINGNER, D. V. et al. Caracterização da estrutura e da dinâmica de um remanescente de Floresta de Araucária no Planalto Catarinense. Pesquisa Florestal Brasileira, Colombo, n. 55, p. 55-66, 2007.
MACHADO, E. L. M. Heterogeneidade espacial e temporal em um fragmento de floresta estacional em Lavras, MG. 2005. 101 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2005.
MACHADO, E. L. M.; OLIVEIRA-FILHO, A. T. Spatial patterns of tree community dynamics are detectable in a small (4 ha) and disturbed fragment of the Brazilian Atlantic forest. Acta Botanica Brasilica, Feira de Santana, v. 24, n.1, p. 250-261, 2010.
MOGNON, F. Dinâmica do estoque de carbono como serviço ambiental prestado por um fragmento de Floresta Ombrófila Mista Montana localizada no sul do estado do Paraná. 2011. 142 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011.
MOSCOVICH, F. A. Dinâmica de crescimento de uma Floresta Ombrófila Mista em Nova Prata, RS. 2006. 130 f. Tese (Doutorado em Engenharia Florestal) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2006.
PAULA, A. et al. Sucessão ecológica da vegetação arbórea em uma Floresta Estacional Semidecidual, Viçosa/MG. Acta Botanica Brasilica, Feira de Santana, v. 18, n. 3, p. 407-424, 2004.
PRIMACK, R. B. et al. Growth rates and population structure of Moraceae trees in Sarawak, East Malaysia. Ecology, Washington, v. 66, n. 2, p. 577-588, 1985.
R DEVELOPMENT CORE TEAM. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria, 2012. Disponível em <http://www.R-project.org> Acesso em: 14 mar. 2013.
ROIK, M. et al. Incremento diamétrico e em área basal de espécies arbóreas em fragmento de Floresta Ombrófila Mista. In: CONGRESSO FLORESTAL PARANAENSE, 4., 2012, Curitiba. Anais... Curitiba, 2012.
SANQUETTA, C. R. Métodos de determinação de biomassa florestal. In: SANQUETTA, C. R. et al. (Orgs.). As florestas e o carbono. Curitiba: UFPR, 2002. p. 119-140.
SANQUETTA, C. R.; DALLA CORTE, A. P.; EISFELD, R. L. Crescimento, mortalidade e recrutamento em duas florestas de araucária (Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze.). no Estado do Paraná, Brasil. Revista Ciências Exatas e Naturais, Guarapuava, v. 5, n. 1, p. 101-112, 2003.
SERRÃO, D. R.; JARDIM, F. C. S; NEMER, T. C. Sobrevivência de seis espécies florestais em uma área explorada seletivamente no município de Moju, Pará. Cerne, Lavras, v. 9, n. 2, p. 153-163, 2003.
SHEIL, D.; MAY, R. M. Mortality and recruitment rate evaluations in heterogeneous tropical forests. Journal of Ecology, Hoboken, v. 84, n. 1, p. 91-100, 1996.
SWAINE, M. D.; LIEBERMAN, D.; PUTZ, F. E. The dynamics of tree populations in tropical forest: a review. Journal of Tropical Ecology, Cambridge, v. 3, p. 359-366, 1987.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A CIÊNCIA FLORESTAL se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da lingua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
As provas finais serão enviadas as autoras e aos autores.
Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da revista CIÊNCIA FLORESTAL, sendo permitida a reprodução parcial ou total dos trabalhos, desde que a fonte original seja citada.
As opiniões emitidas pelos autores dos trabalhos são de sua exclusiva responsabilidade.