Adubação nitrogenada e intervalos de colheita na produtividade e nutrição da erva-mate e em frações de carbono e nitrogênio do solo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509810843

Palavras-chave:

Ilex paraguariensis, Eficiência de utilização do nutriente, Manejo de colheita, Matéria orgânica do solo

Resumo

Na erva-mate (Ilex paraguariensis) o principal produto colhido é composto por folhas (FO) e galhos finos (GF), resultando em elevada exportação de nutrientes, dentre eles o N. As informações técnico-científicas disponíveis para subsidiar uma recomendação da adubação nitrogenada racional são insuficientes, o que põe em risco a sustentabilidade da produção, especialmente se as colheitas são mais intensivas. Por isso, objetivou-se avaliar a influência da adubação nitrogenada e do intervalo de colheita no teor de N e carbono orgânico (CO) do solo, na produtividade e no estado nutricional da erva-mate. O experimento foi instalado em São Mateus do Sul – PR, em erval com sete anos e meio de idade, estabelecido em Latossolo Vermelho Distrófico, no qual se avaliaram doses de 0, 20, 40, 80, 160 e 320 kg ha-1 de N, para intervalos de colheita de 12, 18 e 24 meses. Os teores de N e CO do solo, nas formas lábil (NL e COL) e total (NT e COT), foram determinados nas profundidades de 0-10, 10-20 e 20-40 cm. A colheita consistiu na remoção de aproximadamente 95 % da copa que brotou da colheita anterior. A massa verde colhida foi determinada individualmente para os componentes FO, GF e galho grosso (GG), sendo FO+GF correspondente à erva-mate comercial (ECOM). Avaliou-se, também, a relação entre massa verde/seca (MV/MS) e o teor de N na FO, GF e GG. O efeito positivo da adubação nitrogenada no teor de NL e COL do solo foi mais expressivo no menor intervalo de colheita e negativo ou nulo para o intervalo de 24 meses. As doses de N aumentaram o teor de NT nos maiores intervalos de colheita e reduziram para colheita de 12 meses e o COT não foi influenciado pela adubação. Houve aumento da produtividade com as doses de N, e as respostas mais expressivas ocorreram nos maiores intervalos entre colheitas. Intervalo de 12 meses entre colheitas é insuficiente para a planta recuperar-se do impacto causado pela colheita. O intervalo de 18 meses é o mais recomendável, desde que a planta esteja bem nutrida em N. A adubação nitrogenada não influencia o teor de água na erva-mate comercial verde, sendo esta dependente do intervalo de tempo entre colheitas. Teor foliar de N entre 33,0 e 37,0 g kg-1 pode indicar plantas bem nutridas, independentemente do intervalo de colheita.

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Biografia do Autor

Delmar Santin, Pesquisador Autônomo, Canoinhas, SC

Possui graduação em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Santa Maria (2006), Mestrado em Ciência do Solo pela Universidade Federal do Paraná (2008), Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade Federal de Viçosa - MG (2013) e Pós-doutorado em Ciência do Solo pela Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, SC (2014 e 2015). Tem experiência na área de ciências do solo e recursos florestais, com ênfase em silvicultura, atuando principalmente em nutrição mineral de plantas, fertilidade do solo, propagação e manejo de espécies nativas.

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Publicado

30-09-2019

Como Citar

Santin, D., Benedetti, E. L., Barros, N. F. de, Almeida, I. C. de, Simiqueli, G. F., Neves, J. C. L., Wendling, I., & Reissmann, C. B. (2019). Adubação nitrogenada e intervalos de colheita na produtividade e nutrição da erva-mate e em frações de carbono e nitrogênio do solo. Ciência Florestal, 29(3), 1199–1214. https://doi.org/10.5902/1980509810843

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