NEUROLAW E RESPONSABILIDADE MÉDICA: COMO REDUZIR O IMPACTO DAS FALSAS MEMÓRIAS NOS PROCESSOS JUDICIAIS?

Autori

DOI:

https://doi.org/10.5902/1981369468311

Parole chiave:

erro médico, falsas memórias, neurolaw, responsabilidade médica.

Abstract

O objetivo do artigo é o de apontar caminhos para o enfrentamento dos problemas jurídicos gerados pelas falsas memórias em processos judiciais em que se discute o erro médico, com foco nas provas testemunhal e documental. Utilizou-se de metodologia hipotético-dedutiva e de revisão bibliográfica nas áreas de Psicologia Cognitiva, Psicologia Jurídica, Medicina e Epistemologia Jurídica. Como resultados, foram apontadas sugestões com potencial de reduzir o impacto das falsas memórias nos litígios relacionados ao erro médico, distribuídas em dois eixos temáticos: efetividade do processo jurisdicional e direito médico. Entre as medidas propostas constam o encurtamento do tempo entre a data do fato e sua apuração e esclarecimento por meio de registros nos prontuários e depoimentos testemunhais, a utilização de métodos validados cientificamente para oitiva de testemunhas, a adoção de mecanismos de padronização de preenchimento de prontuários e a implementação de auditoria externa de revisão de prontuários. O estudo conclui que, embora o estado atual do conhecimento inviabilize eliminar a interferência das falsas memórias no resultado probatório e na justificação da decisão judicial, há caminhos com potencial para reduzir seu impacto.

Downloads

I dati di download non sono ancora disponibili.

Biografie autore

Clayton de Albuquerque Maranhão, Universidade Federal do Paraná

Professor Associado do Departamento de Direito Civil e Processual Civil da Universidade Federal do Paraná - UFPR. Professor do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFPR. Doutor e Mestre em Direito pela UFPR. Mestre em Raciocínio Probatório pela Universitat de Girona e pela Università degli Studi di Genova. Desembargador do TJPR. Universidade Federal do Paraná. Curitiba-PR, Brasil. E-mail: clayton.maranhao@hotmail.com

Suéllyn Mattos de Aragão, Universidade Federal do Paraná

Doutora em Direito pela Universidade Federal do Paraná - UFPR. Mestre em Saúde Coletiva pela UFPR. Especialista em Medicina do Trabalho pela UFPR, com título conferido pela AMB/ANAMT. Médica pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Pesquisadora associada da Clínica de Direitos Humanos Biotecjus UFPR e do grupo de pesquisa Política, Avaliação e Gestão em Saúde da UFPR. Médica do MPPR e médica assistente técnica em Direito Médico. Entre 2010-2016 foi médica do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, atuando como Perita Médica Previdenciária. Possui experiência em Direito Médico, Bioética, Biodireito, Perícia Médica, Saúde Pública, Saúde Coletiva, Políticas Públicas em Saúde, Judicialização da Saúde e Medicina do Trabalho. E-mail: suellyn@ufpr.br

Riferimenti bibliografici

BRAINERD, Charles Jon et al. How does negative emotion induce false memories? Psychological science, v. 19, n. 9, p. 919-925, 2008. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18947358/. Acesso em: 10 set. 2021.

BUCKHOLTZ, Joshua W; DAVID, L. Faigman. Current Biology. Promises, promises for neuroscience and law, v. 24, n. 18, p. 861-867, 2018. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/265910064_Promises_promises_for_neuroscience_and_law. Acesso em: 10 set. 2021.

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução CFM n. 1.638/2002. Disponível em: https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2002/1638. Acesso em: 09 set. 2021.

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DE SÃO PAULO. Consulta nº 62.659/98. Disponível em: https://sistemas.cfm.org.br/normas/arquivos/pareceres/SP/1998/62659_1998.pdf. Acesso em: 04 nov. 2023.

DASH, Sidhartha Sekhar; PADHI, Harish Ch.; DAS, Biswadeep. Neurolaw: A New Horizone Of Neuroscience And Law. European Journal of Molecular & Clinical Medicine, v. 7, n. 10, 2020. Disponível em: https://ejmcm.com/article_3376_82c61175fa94315074163f8a1122618f.pdf. Acesso em: 08 set. 2021.

DE FRANCESCO, Giovannangelo et al. La prova dei fatti psichici. Torino: Giappichelli editore, 2010.

DI GESU, Cristina. Prova penal e falsas memórias. 2. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2014. p. 113.

FIELDS, Richard Douglas. Lembranças que ficam. Revista Viver Mente & Cérebro, n. 162, p. 38-47, 2006.

FUSTER, Joaquin. Arquitetura da rede. Revista Viver Mente & Cérebro, Edição especial, n. 2, p.26-31, 2006.

GARCIA-LOPEZ, Eric et al. Neurolaw in Latin America: Current Status and Challenges. International Journal of Forensic Mental Health, v.18, n.19, p. 260-280, 2019. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/14999013.2018.1552634?journalCode=ufmh20. Acesso em: 08 set. 2021.

GARLAND, Brent; GLIMCHER, Paul W. Cognitive Neuroscience and Law. Current Opinion in Neurobiology, v.16, n. 2, p. 130-134, 2006. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16563731/. Acesso em: 08 set. 2021.

HACKING, Ian. Múltipla personalidade e as ciências da memória. Rio de Janeiro: José Olympio. 2000.

IZQUIERDO, Iván. Questões sobre memória. São Leopoldo: Editora UNISINOS, 2003.

KANDEL, Eric. The new science of mind and the future of knowledge. Neuron, v. 80, n.3, p. 546–560, 2013. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24183008/. Acesso em: 08 set. 2021.

KLAMING, Laura; KOOPS, Bert-Jaap. Neuroscientific Evidence and Criminal Responsibility in the Netherlands. International Neurolaw: A Comparative Analysis, s/v, s/n, p.227-256, 2012. Heidelberg: Springer. Disponível em: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2218544. Acesso em: 08 set. 2021.

LAROCHE, S. Marcas da identidade. Revista Viver Mente & Cérebro, edição especial, v. 2, p. 36-43, 2006.

LOFTUS, Elizabeth Fishman. Leading questions and the eyewitness report. Cognitive Psychology, v.7, n. 4, p. 560-572, 1975. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/0010028575900237. Acesso em: 08 set. 2021.

LOFTUS, Elizabeth Fishman; PALMER, John C. Reconstruction of automobile destruction: An example o the interaction between language and memory. Journal of Verbal Learning &

Verbal Behavior, vol. 13, n. 5, p. 585-589, 1974. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0022537174800113. Acesso em: 08 set. 2021.

LOFTUS, Elizabeth Fishman; PICKRELL, Jacqueline E. The formation of false memories.

Psychiatric Annals, v. 25, n. 12, p. 720-725, 1995. Disponível em: https://journals.healio.com/doi/10.3928/0048-5713-19951201-07. Acesso em: 08 set. 2021.

LOMBROSO, P. Aprendizado e memória. Rev. Bras. Psiquiat., v. 26, n.3, p. 207-210, 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbp/a/kFQxYnRjVMs7fG5cffRHCjv/abstract/?lang=pt. Acesso em: 08 set. 2021.

MACHADO, Samuel Henrique; FILHO, Waldy Luiz Lau. A leitura em material impresso e digital: a perspectiva das neurociências e as implicações para a aprendizagem e visão de mundo do sujeito. Revista Educação e Emancipação, v. 11, n. 2, p. 60-82, 2018. Disponível em: http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/reducacaoemancipacao/article/view/9539. Acesso em: 08 set. 2021.

MAZZONI, Giuliana. Crimes, testemunhos e falsas recordações. Revista Viver Mente & Cérebro, s/v, n. 149, p. 78-84, 2005.

MORSE, Stephen. Avoiding Irrational NeuroLaw Exuberance: A Plea for Neuromodesty. Mercer Law Review, v. 3, n. 2, p. 209-228, 2011. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.5235/175799611798204932. Acesso em: 10 set. 2021.

PETOFT, Arian. Neurolaw: A brief introduction. Iran J Neurol, v.14, n.1, p. 53-58, 2015. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4395810/. Acesso em: 10 set. 2021.

RAMOS, Vitor de Paula. Prova testemunhal: do Subjetivismo ao Objetivismo. Do Isolamento Científico ao Diálogo com a Psicologia e a Epistemologia. Editora Revista dos Tribunais: São Paulo, 2018.

REYNA, Valerie F.; LLOYD, Farrell. Theories of false memory in children and adults. Learning and Individual Differences, v.9, n.2, p. 95-123, 1997. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1041608097900029. Acesso em: 10 set. 2021.

ROEDIGER, Henry L.; MCDERMOTT, Kathleen B. Distortions of memory. The Oxford Handbook of Memory, s/v, s/n, p.149-162, 2000. Disponível em: https://psycnet.apa.org/record/2000-00111-010. Acesso em: 10 set. 2021.

SANTOS, Renato Favarin; STEIN, Lilian Milnisky. A influência das emoções nas falsas memórias: uma revisão crítica. Psicol. USP, v.19, n.3, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pusp/a/ZZcNXY6FP3V8D7yQ3DZn5zz/abstract/?lang=pt. Acesso em: 08 set. 2021.

SHAFI, Noel. Neuroscience and Law: The Evidentiary Value of Brain Imaging. Graduate Student Journal of Psychology, v.11, s/n, p. 27-39, 2009. Disponível em: http://www.antoniocasella.eu/archipsy/Shafi_2009.pdf. Acesso em: 08 set. 2021.

SQUIRE, Larry R.; KANDEL, Eric R. Memória: da mente às moléculas. Trad.: Carla Dalmaz e Jorge A. Quillfeldt. Porto Alegre: Editora Artmed, 2003.

STEIN, Lilian Milnitsky; NEUFELD, Carmem Beatriz. Falsas Memórias: Porque Lembramos de Coisas que não Aconteceram? Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, vol. 5, n. 2, p. 179-186, 2001. Disponível em: https://revistas.unipar.br/index.php/saude/article/view/1124. Acesso em: 08 set. 2021.

STEIN, Lilian Milnitsky; PERGHER, Giovanni Kuckartz. Criando falsas memórias em adultos por meio de palavras associadas. Psicologia: reflexão e crítica, v. 14, n. 2, p. 353-366, 2001. Disponível em: https://www.scielo.br/j/prc/a/dcwgNySpxtXsHgrpX6fvxrK/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 10 set. 2021.

TEDESCO, João Carlos. Nas cercanias da memória: temporalidade, experiência e narração. Passo Fundo: Editora UPF; Caxias do Sul: EDUCS, 2014. Disponível em: http://editora.upf.br/images/ebook/nas_cercanias_da_memoria.pdf. Acesso em: 19 set. 2021.

WOODBRIDGE, Frederick. Some Unusual Aspects of Mental Irresponsibility in the Criminal Law. Journal of Criminal Law and Criminology, v.29, n 6, p. 822-847, 1939. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/1136488?origin=crossref. Acesso em: 08 set. 2021.

##submission.downloads##

Pubblicato

2023-12-19

Come citare

de Albuquerque Maranhão, C., & Mattos de Aragão, S. (2023). NEUROLAW E RESPONSABILIDADE MÉDICA: COMO REDUZIR O IMPACTO DAS FALSAS MEMÓRIAS NOS PROCESSOS JUDICIAIS?. Revista Eletrônica Do Curso De Direito Da UFSM, 18(3), e68311. https://doi.org/10.5902/1981369468311