Proposta metodológica de descrição e análise de fenômenos variáveis em textos históricos na perspectiva da Sociolinguística Histórica
DOI:
https://doi.org/10.5902/2176148542608Palavras-chave:
Sociolinguística histórica, Metodologia de análise, Português do Brasil, Variação e mudança linguísticaResumo
O objetivo deste artigo é analisar como fatores sociais condicionantes, como faixa etária, sexo e classe social, podem ser representativos para a compreensão dos processos de mudança linguística de longa duração. Para a Sociolinguística Histórica, além da escolha dos textos, dos contextos de usos e da produção da escrita, é importante que os textos históricos analisados possibilitem o conhecimento das condições sociais motivadoras das mudanças. Para tanto, analisaremos os resultados apresentados por Borges (2004), sobre o uso do pronome a gente, em onze peças de teatro de autores gaúchos, correspondendo a um período histórico de 100 anos. Daremos atenção especial aos fatores sociais, especificados por faixa etária, sexo e classe social. Esperamos poder contribuir para os estudos no campo da Sociolinguística Histórica, em especial sobre a análise variacionista e a importância das variáveis sociais para o melhor entendimento dos processos de mudança linguística em tempo real.
Downloads
Referências
AITCHISON, Jean. Diachrony vs. Synchrony: the complementary evolution of two (ir)reconciliable dimensions. In: HERNÁNDEZ-CAMPOY, Juan. Manuel; CONDE-SILVESTRE, Juan Camilo (eds). The Handbook of Historical Sociolinguistics. London: Balckwell, p. 22-40, 2012.
AMARAL, Luís Isaías Centeno. A concordância verbal de segunda pessoa no singular em Pelotas e suas implicações lingüísticas e sociais. Tese (Doutorado em Letras), Instituto de Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003.
AYRES-BENNET, Wendy. Historical Sociolinguistics and tracking language: sources, text types and genres. In: AYRES-BENNET, Wendy; CARRUTHERS, Janice. (eds). Manual of Romance Sociolinguistics. Berlin: De Gruyter, p. 253-279, 2018.
BORBA, Lilian do Rocio. Alguns aspectos sobre o uso de “nós” e “a gente” em Curitiba. Fragmenta, Curitiba, UFPR/CPGL, n. 10, p. 65-76, 1993.
BORGES, Paulo Ricardo Silveira. A gramaticalização de 'a gente' no português brasileiro: análise histórico-social-linguística da fala das comunidades gaúchas de Jaguarão e Pelotas. Tese (Doutorado em Letras). Instituto de Letras. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.
CONDE-SILVESTRE, Juan Camilo. Sociolingüística histórica. Madrid: Gredos, 2007.
ECKERT, Penelope. The whole woman: sex and gender differences in variation. In: COUPLAND, Nikolas; JOWORSKI, Adam. (Eds.). Sociolinguistics: a reader and coursebook. New York: Martin’s Press, p. 212-228, 1997.
_____. Age as a sociolinguistic variable. In: COULMAS, Florian. (org.). The handbook of sociolinguistics. Oxford: Blackwell, 2007.
GUY, Gregory. Language and social class. Linguistics: The Cambridge Survey, v. 4, 1987.
HERNÁNDEZ-CAMPOY, Juan Manuel; CONDE-SILVESTRE, Juan Camilo (eds). The Handbook of Historical Sociolinguistics. London: Balckwell, p. 22-40, 2012.
LABOV, William. Sociolinguistic patterns. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1972.
_____. Principles of linguistic change: internal factors. Oxford: Blackwell, 1994.
_____. Principles of linguistic change: social factors. Oxford: Blackwell, 2001.
LOPES, Célia Regina dos Santos. Nós e a gente no português falado culto do Brasil. Rio de Janeiro, Dissertação (Mestrado em Letras), Faculdade de Letras, UFRJ, 1993.
_____. A inserção de “a gente” no quadro pronominal do português: percurso histórico. Rio de Janeiro. Tese (Doutorado em Letras), Faculdade de Letras, UFRJ, 1999.
_____ et al. Reflexões metodológicas para a análise sociocultural de redatores em corpora históricos. Gragoatá, Niterói, n. 29, p. 239-253, 2010.
LUCCHESI, Dante. A periodização da história sociolinguística do Brasil. D.E.L.T.A., n. 33, v. 2, p. 347-382, 2017.
MAIA, Clarinda. Linguística Histórica e Filologia. In LOBO, Tânia [et al.]. Rosae: linguística histórica, história das línguas e outras histórias. Salvador: EDUFBA, p. 533-542, 2012.
MAMBRINI, Ester. Teatro e variação: a colocação pronominal em duas versões de 'A Viúva Pitorra' de João Simões Lopes Neto. Dissertação de Mestrado, Instituto de Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.
MARCOTULIO, Leonardo Lennertz. [et al.]. Filologia, história e língua: olhares sobre o português medieval. São Paulo: Parábola, 2018.
MARQUILHAS, Rita. Non-anachronism in the historical sociolinguistic study of Portuguese. Journal of Historical Sociolinguistics, 1(2), p. 213- 242, 2015.
MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. O português arcaico: fonologia, morfologia e sintaxe. São Paulo: Editora Contexto, 2006 [1991].
_____. Ensaios para uma sócio-história do português brasileiro. São Paulo: Parábola, 2004.
MEDINA MORALES, Francisca. Problemas metodológicos de la sociolinguística histórica. Forma y Función, n. 18, p. 115-137, 2005.
MENON, Odete Pereira da Silva. A gente: um processo de gramaticalização. Estudos linguísticos, Anais de Seminários do GEL, Taubaté, 1996.
MONTEIRO, José Lemos. Pronomes pessoais: subsídios para uma gramática do português do Brasil. Fortaleza: Edições UFC, 1994.
MONTGOMERY, Martin. Variation and historical linguistics. In: BAYLEY, Robert; LUCAS, Ceil. (Eds.). Sociolinguistic variation: theories, methods and applications. Cambridge: Cambridge University Press, p. 110-132, 2007.
NEVALAINEN, Terttu; RAUMOLIN-BRUNBERG, Helena. Historical Sociolinguistics: origins, motivations, and paradigms. In: HERNÁNDEZ-CAMPOY, Juan. Manuel; CONDE-SILVESTRE, Juan Camilo Conde. (eds). The Handbook of Historical Sociolinguistics. London: Balckwell, p. 22-40, 2012.
OLIVEIRA, Marco Antônio. Nem tudo que reluz é ouro: língua escrita e mudança linguística. SCRIPTA. Belo Horizonte, v. 8, n. 16, p. 165-175, 2005.
OMENA, Nelise Pires de. A referência variável da primeira pessoa do discurso no plural. In: NARO, Anthony Julius [et al.]. Relatório final de pesquisa: projeto subsídios do projeto censo à educação. Rio de Janeiro: UFRJ, v. 2, p. 286-319, 1986.
_____. As influências sociais na variação entre nós e a gente na função de sujeito. In: OLIVEIRA E SILVA, Giselle Machline; SCHERRE, Maria Marta Pereira. Padrões sociolingüísticos: análise de fenômenos variáveis do português falado na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro. Departamento de Lingüística e Filologia, UFRJ, p. 309-323, 1996.
PRETI, Dino. Sociolinguística: os níveis de fala, um estudo sociolinguístico do diálogo na literatura brasileira. São Paulo: Editora Nacional, 1974.
ROMAINE, Suzanne. Socio-historical linguistics: its status and methodology. Cambridge: Cambridge University Press, 1982.
ROSA, Eliane da. Sociolinguística histórica. Revista de Letras, Curitiba, v.17, n. 21, p. 2015.
RUSSI, Cinzia. Introduction. In: RUSSI, Cinzia (ed.). Current Trends in Historical Sociolinguistics. Berlin: De Gruyter, 2016.
SCHNEIDER, Edgar Werner. Investigating Variation and Change in Written Documents. In: CHAMBERS, J. K.; TRUDGILL, Peter; SCHILLING-ESTES, Natalie. The Handbook of Language Variation and Change. Oxford: Blackwell, p. 67-96, 2002.
SEARA, Izabel Christine. A variação do sujeito ‘nós’ e ‘a gente’ na fala florianopolitana. Organon, v. 14, n. 28/29, 2000.
SILVA NETO, Serafim da. Língua, cultura e civilização. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1960.
WEINREICH, Uriel; LABOV, William; HERZOG, Marvin. Empirical foundations for a theory of language change. In: LEHMANN, Winfred; MALKIEL, Yakov. (eds.) Directions for historical linguistics. Austin: University of Texas Press, 1968.
ZILLES, Ana Maria Stahl. Grammaticalization of a gente in Brazilian Portuguese. In: JOHNSON, Daniel Ezra; SANCHES, Tara. (eds.). University of Pennsylvania Working Papers in Linguistics (Papers from NWAV 30), v. 8, n. 3, p. 297-310, 2002.
_____. O que a fala e a escrita nos dizem sobre a avaliação social do uso de a gente? Letras de Hoje. Porto Alegre, v. 42, n. 2, p. 27-44, 2007.
Downloads
Publicado
Versões
- 2022-07-28 (2)
- 2020-10-13 (1)
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Letras
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Ficam concedidos a Letras todos os direitos autorais referentes aos trabalhos publicados. Os originais não devem ter sido publicados ou submetidos simultaneamente a outro periódico e não serão devolvidos. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não comerciais.