INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO DE GRUPOS ECOLÓGICOS, ESPAÇAMENTO E ARRANJO DE PLANTIO NA RECUPERAÇÃO DE MATAS CILIARES EM MARGEM DE RESERVATÓRIO

Autores

  • Alvaro Augusto Vieira Soares
  • Soraya Alvarenga Botelho
  • Antônio Cláudio Davide
  • José Márcio Rocha Faria

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509825015

Palavras-chave:

Reflorestamentos ambientais, indicadores de recuperação, usinas hidrelétricas.

Resumo

Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do espaçamento, arranjo e composição de grupos ecológicos das mudas plantadas no processo de restauração de margem de reservatório artificial no sudeste do Brasil. As avaliações foram realizadas 12 anos após a implantação do experimento em que cinco modelos de plantios mistos foram testados. Primeiramente, fez-se uma avalição geral do povoamento por meio de levantamentos do estrato arbóreo, regenerante, banco de sementes e de análise química e textural do solo. Em seguida, lançou-se mão dos indicadores de recuperação de sobrevivência das árvores plantadas, área basal e densidade da comunidade arbórea, acúmulo de serapilheira sobre o solo e índice de fechamento do dossel para comparar os modelos e checar a influência dos fatores experimentais nestes parâmetros. Como resultado da análise geral, obteve-se que o povoamento encontra-se em situação de baixa diversidade, com regeneração deficiente e banco de sementes dominado majoritariamente por uma espécie arbórea exótica utilizada no plantio e espécies herbáceas invasoras, o que pode comprometer a automanutenção do povoamento no futuro. O fator que mais influenciou os modelos foi a composição de grupos ecológicos com os melhores resultados apresentados pelos modelos em que se usaram ambos os grupos das pioneiras e não pioneiras. Provavelmente, o arranjo e o espaçamento de plantio não tiveram muita influência devido à mortalidade das mudas e à regeneração natural que se desenvolveu até esta idade. Assim, recomenda-se que na implantação de povoamentos para reconstituição de matas ciliares não sejam utilizadas apenas espécies pioneiras e sugere-se que a proporção de 50% de espécies pioneiras e 50% de não pioneiras, com o maior número possível de espécies, seja utilizada em áreas com deficiência da regeneração natural

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Publicado

28-12-2016

Como Citar

Soares, A. A. V., Botelho, S. A., Davide, A. C., & Faria, J. M. R. (2016). INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO DE GRUPOS ECOLÓGICOS, ESPAÇAMENTO E ARRANJO DE PLANTIO NA RECUPERAÇÃO DE MATAS CILIARES EM MARGEM DE RESERVATÓRIO. Ciência Florestal, 26(4), 1107–1118. https://doi.org/10.5902/1980509825015

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