Diversidade, estrutura e ecologia de uma comunidade arbóreo-arbustiva estabelecida em um ecótono campo-floresta excluído do fogo no sul do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.5902/1980509868951Palavras-chave:
Campos, Floresta com araucária, Expansão florestalResumo
Alterações no regime de distúrbios parecem ser fatores decisivos para a ocorrência de mudanças na vegetação junto aos ecótonos campo-floresta. Com o objetivo de compreender como uma comunidade de plantas lenhosas se organiza ao longo do processo natural de expansão florestal, foram avaliados os aspectos florísticos, estruturais e ecológicos de uma comunidade arbóreo-arbustiva estabelecida sobre um remanescente campestre excluído do fogo por um período de 18 anos (1999-2017). Os resultados demonstraram que, apesar da riqueza observada, poucas espécies tiveram a capacidade de se tornarem abundantes na comunidade, condição que foi refletida na elevada concentração dos valores de importância e nos índices relativamente baixos de diversidade de Shanonn e de equabilidade de Pielou. O perfil florístico encontrado, de um modo geral, demonstrou equilíbrio em relação às síndromes de dispersão e grupos ecológicos, com leve predominância de espécies zoocóricas e não-pioneiras. A análise estrutural da comunidade indicou a formação de estoque regenerativo associado à ocorrência de um fluxo contínuo de recrutamento. Em relação à distribuição fitogeográfica das espécies, a predominância de espécies compartilhadas com o domínio ecológico do Cerrado demonstrou a importância deste bioma na formação da paisagem da região de estudo. Os resultados deste estudo contribuem para o conhecimento da dinâmica vegetacional dos mosaicos campo-floresta na região dos Campos Gerais do Paraná.
Downloads
Referências
ALVARES, C. A.; STAPE, J. L.; SENTELHAS, P. C.; GONÇALVES, J. L. M.; SPAROVEK, G. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, v. 22, n. 6, p. 711-728, 2014. DOI: https://doi.org/10.1127/0941-2948/2013/0507
BEHLING, H.; PILLAR, V. D.; ORLÓCI, L.; BAUERMANN, S. G. Late Quaternary Araucaria forest, grassland (Campos), fire and climate dynamics, studied by high-resolution pollen, charcoal and multivariate analysis of the Cambará do Sul core in southern Brazil. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, v. 203, p. 277-297, 2004. DOI: https://doi.org/10.1016/S0031-0182(03)00687-4
BEHLING, H.; PILLAR, V. D.; MÜLLER, S. C.; OVERBECK, G. E. Late-Holocene fire history in a forest-grassland mosaic in southern Brasil: Implications for conservation. Applied Vegetation Science, v. 10, p. 81-90, 2007. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1654-109X.2007.tb00506.x
BEHLING, H. Investigations into the Late Pleistocene and Holocene History of Vegetation and Climate in Santa-Catarina (S Brazil). Vegetation History and Archaeobotany, v. 4, n. 3, p. 127–152, 1995. DOI: https://doi.org/10.1007/BF00203932
BEHLING, H. Late Quaternary vegetation, climate and fire history of the Araucaria forest and campos region from Serra Campos Gerais, Paraná State (South Brazil). Review of Palaeobotany and Palynology, v. 97, n. 1-2, p. 109-121, 1997. DOI: https://doi.org/10.1016/S0034-6667(96)00065-6
BEHLING, H. South and southeast Brazilian grasslands during Late Quaternary times: a synthesis. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, v. 177, p. 19-27, 2002. DOI: https://doi.org/10.1016/S0031-0182(01)00349-2
BEHLING, H.; BAUERMANN, S. G.; NEVES, P. C. Holocene environmental changes from the São Francisco de Paula region, southern Brazil. Journal of South American Earth Sciences, v. 14, p. 631-639, 2001. DOI: https://doi.org/10.1016/S0895-9811(01)00040-2
BEHLING, H.; PILLAR, V. D. Late Quaternary vegetation, biodiversity and fire dynamics on the Southern Brazilian highland and their implication for conservation and management of modern Araucaria forest and grassland ecosystems. Philosophical Transactions Royal Society B, v. 362, p. 243-251, 2007. DOI: https://doi.org/10.1098/rstb.2006.1984
BLANCO, C. C.; SCHEITER, S.; SOSINSKI, E.; FIDELIS, A.; ANAND, M.; PILLAR, V. D. Feedbacks between vegetation and disturbance processes promote long-term persistence of forest–grassland mosaics in south Brazil. Ecological Modelling, v. 291, p. 224-232, 2014. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ecolmodel.2014.07.024
BRAZIL FLORA GROUP. Brazilian Flora 2020 project - Projeto Flora do Brasil 2020. v393.274. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Dataset/Checklist. 2021.
BUDOWSKI, G. Distribution of tropical american rain forest species in the light of sucessional processes. Turrialba, v. 15, n.1, p. 40-42, 1965.
CARLUCCI, M. B. Forests, shrublands and grasslands in southern Brazil are neglected and have specific needs for their conservation. Reply to Overbeck et al. Perspectives in Ecology and Conservation, v. 14, n. 2, p. 155-157, 2016. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ncon.2016.08.001
CARVALHO, G. Flora: tools for Interacting with the Brazilian Flora 2020. R package version 0.3.4. 2020.
CHAO, A.; GOTELLI, N. J.; HSIEH, T. C.; SANDER, E. L.; MA, K. H.; COLWELL, R. K.; ELLISON, A. M. Rarefaction and extrapolation with Hill numbers: a framework for sampling and estimation in species diversity studies. Ecological Monographs, v. 84, p. 45–67, 2014. DOI: https://doi.org/10.1890/13-0133.1
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. Resolução nº 2: Define formações vegetais primárias e estágios sucessionais de vegetação secundária, com finalidade de orientar os procedimentos de licenciamento de exploração da vegetação nativa no Estado do Paraná. Brasília. Diário Oficial, v. 59, p. 4513-4514. 1994.
DELIGNETTE-MÜLLER, M. L.; DUTANG, C. Fitdistrplus: an R package for fitting distributions. Journal of Statistical Software, v. 64, n. 4, p. 1-34, 2015. DOI: https://doi.org/10.18637/jss.v064.i04
FERREIRA, IGOR C. Florestal: results for forest inventory. R package version 0.1.0. Brasília, Brazil. 2020.
GALVÃO, F.; AUGUSTIN, C. A Gênese Dos Campos Sulinos. Floresta, v. 41, p. 191–200, 2011. DOI: https://doi.org/10.5380/rf.v41i1.21202
GEHLENBORG, N. UpSetR: a more scalable alternative to Venn and Euler diagrams for visualizing intersecting sets. R package version 1.4.0. 2019.
GUIDO, A.; SALENGUE, E.; DRESSENO, A. Effect of shrub encroachment on vegetation communities in Brazilian forest grassland mosaics. Perspectives in Ecology and Conservation, v. 15, n. 1, p. 52–55, 2017. DOI: https://doi.org/10.1016/j.pecon.2016.11.002
HSIEH, T. C.; MA, K. H.; CHAO, A. iNEXT: an R package for interpolation and extrapolation of species diversity (Hill numbers). Methods in Ecology and Evolution, v. 7, p. 1451‐ 1456, 2016. DOI: https://doi.org/10.1111/2041-210X.12613
INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ - IAP. Plano de manejo do Parque Estadual de Vila Velha. Curitiba, 2004.
KOVALSYKI, B. Histórico e comportamento do fogo no Parque Estadual de Vila Velha, Paraná, Brasil. 148 f. Tese (Doutorado em Engenharia Florestal) – Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2020.
MARCILIO-SILVA, V.; CAVALIN, P. O.; VARASSIN, I. G.; OLIVEIRA, R. A. C.; SOUZA, J. M. T.; MUSCHNER, V. C.; MARQUES, M. C. M. Nurse abundance determines plant facilitation networks of subtropical forest-grassland ecotone. Austral Ecology, v. 40, n. 8, p. 898–908, 2015. DOI: https://doi.org/10.1111/aec.12270
MEYER, D.; DIMITRIADOU, E.; HORNIK, K.; WEINGESSEL, A.; LEISCH, F.; CHANG, C. C.; LIN, C. C. e1071: misc functions of the Department of Statistics, Probability Theory Group (Formerly: E1071), TU Wien. R package version 1.7-3. 2019.
MORO, R. S.; MILAN, E.; MORO, R. F. Biodiversidade do estrato herbáceo-arbustivo em capões no Parque Estadual de Vila Velha, Ponta Grossa, Paraná. Biodiversidade Brasileira, v. 2, n. 2, p. 102-112, 2012.
MÜLLER-DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. Aims and of vegetation ecology. New York: John Wiley & Sons, 1974. 547 p.
MÜLLER, S. C.; OVERBECK, G. E.; BLANCO, C. C.; OLIVEIRA, J. M.; PILLAR, V. D. South Brazilian Forest-Grassland Ecotones: dynamics affected by climate, disturbance, and woody species traits. In: MYSTER, R. (Ed.). Ecotones Between Forest and Grassland. Springer, New York, 167–187, 2012. DOI: https://doi.org/10.1007/978-1-4614-3797-0_7
MÜLLER, S. C.; OVERBECK, G. E.; PFADENHAUER, J.; PILLAR, V. D. Woody species patterns at forest grassland boundaries in southern Brazil. Flora (Jena), v. 207, p. 586-598, 2012. DOI: https://doi.org/10.1016/j.flora.2012.06.012
OKSANEN, J.; BLANCHET, F. G.; FRIENDLY, M.; KINDT, R.; LEGENDRE, P.; MCGLINN, D.; MINCHIN, P. R.; O’HARA, R. B.; SIMPSON, G. L.; SOLYMOS, P.; STEVENS, M. H. H. Vegan: community ecology package. R package version 2.5-6.
OLIVEIRA, J. M.; PILLAR, V. D. Vegetation dynamics on mosaics of Campos and Araucaria forest between 1974 and 1999 in Southern Brazil. Community Ecology, v. 5, n. 2, p. 197–202, 2004. DOI: https://doi.org/10.1556/ComEc.5.2004.2.8
OVERBECK, G. E.; FERREIRA, P. M. A.; PILLAR, V. D. Conservation of mosaics calls for a perspective that considers all types of mosaic-patches. Reply to Luza et al. Perspectives in Ecology and Conservation, v. 14, n. 2, p. 152-154, 2016. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ncon.2016.05.002
PILLAR, V. D.; QUADROS, F. L. F. Grassland-forest boundaries in Southern Brazil. Coenose, v. 12, p. 119-126, 1997.
PILLAR, V. D.; VÉLEZ, E. Extinção dos Campos Sulinos em unidades de conservação: um fenômeno natural ou um problema ético? Natureza & Conservação, v. 8, p. 84-88, 2010. DOI: https://doi.org/10.4322/natcon.00801014
PIVELLO, V. R.; PETENON, D.; JESUS, F. M.; MEIRELLES, S. T.; VIDAL, M. M.; ALONSO, R. A. S.; FRANCO, G. A. D. C.; METZGER, J. P. Chuva de sementes em fragmentos de Floresta Atlântica (São Paulo, SP, Brasil), sob diferentes situações de conectividade, estrutura florestal e proximidade da borda. Acta Botanica Brasilica, São Paulo, v. 20, n. 4, p. 845-859, 2006. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-33062006000400010
PSCHEIDT, F.; HIGUCHI, P.; SILVA, A. C.; RECH, T. D.; SALAMI, B.; FERREIRA, T. S.; BONAZZA, M.; BENTO, M. A. Efeito de borda como fonte da heterogeneidade do componente arbóreo em uma Floresta com Araucárias no Sul do Brasil. Ciência Florestal, v. 28, n. 2, p. 601-612, 2018. DOI: https://doi.org/10.5902/1980509832046
R CORE TEAM. R: a language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. 2019.
RITTER, L. M. O. Composição florística e aspectos físicos do Cerrado nos Campos Gerais, Paraná. Dissertação (mestrado). Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG, Ponta Grossa, 2008.
SCHAAF, L. B.; FIGUEIREDO-FILHO, A.; GALVÃO, F.; SANQUETTA, C. R.; LONGHI, S. J. Modificações florístico-estruturais de um remanescente de Floresta Ombrófila Mista Montana no período entre 1979 e 2000. Ciência Florestal, v. 16, n. 3, p. 271-291, 2006. DOI: https://doi.org/10.5902/198050981908
SCHINESTSCK, C. F.; MÜLLER, S. C.; PILLAR, V. D. Padrões espaciais da vegetação lenhosa associados ao processo de expansão da Floresta com Araucária sobre Campos excluídos de manejo. Neotropical Biology and Conservation, v. 14, n. 4, p. 411-429, 2019. DOI: https://doi.org/10.3897/neotropical.14.e47885
SILVA, P. A. H. Cerrados, campos e araucárias: a teoria dos refúgios florestais e o significado paleogeográfico da paisagem do Parque Estadual de Vila Velha, Ponta Grossa – Paraná. 160 f. Dissertação (mestrado) – Setor de Ciências da Terra, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2009.
SÜHS, R. B.; GIEHL, E. L. H.; PERONI, N. Preventing traditional management can cause grassland loss within 30 years in southern Brazil. Scientific Reports, v. 10, n. 783, 2020. DOI: https://doi.org/10.1038/s41598-020-57564-z
VAN DER PIJL, L. Principles of dispersal in higher plants. 2. Ed. New York: Springer-Verlang, 1972. 162p. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-642-96108-3
VELDMAN, J. W.; BUISON, E.; DURIGAN, G.; FERNANDES, G. W.; LE STRADIC, S.; MAHY, G.; NEGREIROS, D.; OVERBECK, G. E.; VELDMAN, R. G.; ZALOUMIS, N. P.; PUTZ, F.E.; BOND, W. J. Toward an old-growth concept for grasslands, savannas, and woodlands. Frontiers in Ecology and the Environment, v. 13, p. 154-162, 2015. DOI: https://doi.org/10.1890/140270
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Ciência Florestal

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A CIÊNCIA FLORESTAL se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da lingua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
As provas finais serão enviadas as autoras e aos autores.
Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da revista CIÊNCIA FLORESTAL, sendo permitida a reprodução parcial ou total dos trabalhos, desde que a fonte original seja citada.
As opiniões emitidas pelos autores dos trabalhos são de sua exclusiva responsabilidade.