Ecologia da comunidade arbórea de Cerrado <i>stricto sensu</i> às margens de rodovias

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509862683

Palavras-chave:

Fitossociologia, Antropização, Faixas de proteção, Non aedificandi, Savana

Resumo

A construção de rodovias representa uma das principais ameaças à biodiversidade do Cerrado. A partir de análises fitossociológicas nas faixas non aedificandi (sem edificação), avaliou-se o estado de conservação da vegetação de cerrado localizadas nas margens de rodovias. O estudo foi realizado em quatro regiões do Cerrado brasileiro: noroeste (NO-GO), sul (S-GO) e sudeste de Goiás (SE-GO), e no Triângulo Mineiro e Alto do Paranaíba em Minas Gerais (TRI). Foram inventariados todos os indivíduos arbóreos com C30cm (circunferência mensurada a 30 cm de altura do solo) > 15 cm presentes em 100 parcelas (50 m x 10 m) dispostas de maneira independente. O levantamento amostrou 1663 indivíduos distribuídos em 163 espécies e 44 famílias. A densidade para as regiões foi de 504,44, 395, 307,69 e 151,03 ha-1. A maior similaridade, com base nos índices de Jaccard e Morisita-Horn, ocorreu entre as áreas TRI e SE-GO (0,340 e 0,550), enquanto o menor valor entre as áreas a noroeste (NO-GO) e sul (S-GO) de Goiás (0,086 e 0,159). Das espécies encontradas nas margens de rodovias, 76,3% foram encontradas também em áreas conservadas. As faixas vegetadas nas margens das rodovias formam pequenos habitats capazes de sustentar uma diversidade semelhante à encontrada em áreas naturais, no entanto, esses ambientes sofrem com perturbações antrópicas, favorecendo a ocorrência de espécies incomuns daquela comunidade nativa.

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Biografia do Autor

Jovan Martins Rios, Universidade Federal de Goiás

Doutorando em Agronomia (Produção Vegetal) pela Escola de Agronomia – PPGA/UFG, Campus Samambaia (2018/1), mestre em Produção Vegetal pela Universidade Estadual de Goiás – UEG, Campus Ipameri (2018), especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Faculdade Araguaia, Goiânia (2018) e Engenheiro Florestal pela Universidade Estadual de Goiás – UEG, Campus Ipameri (2015). Participa como colaborador do Pró-Floresta vinculado ao Laboratório de Inventário Florestal da UFG e do Projeto Alometria no Cerrado. Desenvolvendo pesquisa na área de Engenharia Florestal, Ecologia e Conservação com ênfase em Ecologia de Comunidades.

Lilian Cristina da Silva Santos, Goiás State University

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Fundação Carmelitana Mário Palmério -FUCAMP (2014) de Monte Carmelo MG e Mestrado em Produção Vegetal pela Universidade Estadual de Goiás (2018). Tem experiência em identificação de espécies de plantas nativas de Cerrado e florestais, na área de germinação e desenvolvimento de mudas de espécies nativas de Cerrado, Fitossociologia e Inventário Florestal.

João Paulo Costa, Federal University of Uberlândia

Possui graduação em Ciências Biológicas (2013 - 2016) pela Fundação Carmelitana Mário Palmério (FUCAMP) e mestrado em Produção Vegetal (2017 - 2019) pela Universidade Estadual de Goiás (UEG - Ipameri) e atualmente é doutorando em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Tem experiência na área de Inventário Florestal, Florística, Fitossociologia e Ecologia Vegetal de Beira de Rodovias.

Ismael Martins Pereira, Goiás State University

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Goiás (2004). Mestrado em Ecologia e Evolução pela Universidade Federal de Goiás (2007). Doutorado em Ciências pelo programa de Pós Graduação em Biologia Comparada da Universidade de São Paulo, USP- Ribeirão Preto (2014). Atualmente é professor da Universidade Estadual de Goiás, atuando nos Cursos de Engenharia Florestal e Agronomia paras as seguintes disciplinas: Fundamentos da Ecologia; Ecologia Florestal; Conservação da Biodiversidade, Botânica; Dendrologia; Recuperação de Áreas Degradadas; Agroecologia.

André Eduardo Gusson, Empresa ProBioAmbiental

Biólogo, perito certificado e habilitado para perícias judiciais e extrajudiciais na área de impacto e danos ambientais. Possui mestrado e doutorado na área de Ecologia e Conservação dos Recursos Naturais pela Universidade Federal de Uberlândia. Consultor Ambiental desde 2007 atuando nos processos de regularização e licenciamento ambiental, elaboração de laudos técnicos, planos e estudos de gerenciamento ambiental e coordenação de grandes estudos como EIA/RIMA e PCA/RCA em empreendimentos com diferentes classes ambientais. Possui experiência profissional no monitoramento de impactos ambientais em áreas de reservatórios artificiais de Usinas Hidrelétricas, condomínios residenciais, mineradoras, postos de combustíveis entre outros empreendimentos. Professor Universitário desde 2011 em cursos de Graduação e Pós-graduação. Atualmente é coordenador de projetos e estudos ambientais na empresa Pró-Bio Ambiental.

Vagner Santiago do Vale, Goiás State University

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU - 2005), mestrado e doutorado em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais (UFU - 2008/2012). Atualmente é Professor da Universidade Estadual de Goiás (Ipameri). Tem experiência na área de Inventário Florestal e Ecologia, com ênfase em Ecologia Vegetal e Bioestatística, atuando principalmente nos seguintes temas: Fitossociologia, Florestas Estacionais, Análises Multivariadas de Dados, Cerrado, Efeito de Borda, Ecologia de Estradas, Diversidade Funcional, Grupos Funcionais, Efeito de Represamento Florestas Nativas e Dinâmica de Comunidades Florestais. Foi vice-coordenador (2016-2017) e coordenador (2018-2019) do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Produção Vegetal.

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Publicado

07-06-2023

Como Citar

Rios, J. M., Santos, L. C. da S., Costa, J. P., Pereira, I. M., Gusson, A. E., & do Vale, V. S. (2023). Ecologia da comunidade arbórea de Cerrado <i>stricto sensu</i> às margens de rodovias. Ciência Florestal, 33(2), e62683. https://doi.org/10.5902/1980509862683

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