Análise bioeconômica do seqüestro florestal de carbono e da dívida ecológica: uma aplicação ao caso do Rio Grande do Sul.

Autores

  • Valny Giacomelli Sobrinho UFSM
  • Paulo Renato Schneider

DOI:

https://doi.org/10.5902/19805098433

Palavras-chave:

seqüestro de carbono, mecanismo de desenvolvimento limpo, estratégias de mitigação, modelos bioeconômicos.

Resumo

Apesar das críticas, o Protocolo de Kyoto se tem constituído na principal ferramenta política para enfrentar a mudança climática. No entanto, o único de seus instrumentos que prevê a cooperação entre países industrializados e em desenvolvimento para mitigar as emissões de gases-estufa é o MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo). A modalidade florestal do MDL pressupõe que as plantações florestais (florestamento/reflorestamento) podem ajudar na remoção das emissões de dióxido de carbono (o gás-estufa mais representativo) e compensar a perda de florestas naturais. Este estudo se concentra, então, nesse proclamado trade-off. Uma análise bioeconômica, da qual se abstraem variáveis monetárias, é empregada para avaliar o seqüestro florestal de carbono no Rio Grande do Sul. A área florestal do Estado é repartida somente entre florestas nativas e plantadas. Se, de um lado, isso não permite analisar o desmatamento, de outro, esse fenômeno é desprezível no Estado. A repartição do solo é expressa por uma função que reflete a demanda por remoção de emissões. Sua contraparte é a função oferta de emissões que depende das taxas de crescimento econômico. Os resultados mostram como, em última análise, a sustentação do crescimento econômico está condicionada  à situação ecológica (dívida, crédito ou  equilíbrio) de um país ou região. Em cada cenário, confrontam-se as vantagens econômicas e ambientais das estratégias do MDL e da conservação de florestas naturais. No final, estima-se uma taxa de overshoot para a atividade florestal no Rio Grande do Sul ao longo dos últimos 40 anos aproximadamente. As estimativas sugerem que o MDL pode aliviar pressões ambientais somente onde se registre crédito ecológico, onde o endividamento ecológico já esteja em curso, o MDL não substitui a conservação das florestas nativas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALTMAN, A., AMANN, M., KLAASSEN, G., RUSZCZYŃSKI, A., SCHÖPP, W. Cost-effective sulphur emission reduction under uncertainty. European Journal of Operational Research, v. 90, p.395-412, 1996.

ALVIM, C. F. (coord.) Emissões energéticas 1970/2002. Economia e Energia, n. 41, nov.-dez. 2003. Disponível em: < http://ecen.com >. Acesso em: 26 maio 2008.

AMADO, A. M. O real e o monetário em Economia: traços ortodoxos e heterodoxos do pensamento econômico. In: SILVA, M. L. F. (org) Moeda e produção: teorias comparadas. Brasília: Ed. da Universidade de Brasília, 1992. p. 285-314.

AMANN, M., KLAASSEN, G. Cost-effective strategies for reducing nitrogen deposition in Europe. Journal of Environmental Management, v. 43, p.289-311, 1995.

AYRES, R. U. The second law, the fourth law, recycling and limits to growth. Ecological Economics, v. 29, p. 473-483, 1999.

AYRES, R. U. Resources, scarcity, growth and the environment. Fontainebleau, France: Centre for the Management of Environmental Resources: INSEAD, 2001. 35p. (Working paper 97/13/EPS)

AYRES, R. U. On the life cycle metaphor: where ecology and economics diverge. Ecological Economics, v. 48, p. 425-438, 2004.

BARROSO, L. C., BARROSO, M. M. de A., CAMPOS FILHO, F. F., CARVALHO, M. L. B. de, MAIA, M. L. Cálculo numérico: com aplicações. 2.ed. São Paulo: Harbra, 1987.

BARTOLI, H. A economia, serviço de vida: crise do capitalismo, uma política de civilização. Lisboa: Instituto Piaget, 1996. (Coleção economia e política; 54)

BRAGA, B., HESPANHOL, I. CONEJO, J. G. L., MIERZWA, J. C., BARROS, M. T. L. de, SPENCER, M., PORTO, M., NUCCI, N., JULIANO, N., EIGER, S. Introdução à engenharia ambiental. 2.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.

COMMON, M. S. Environmental and resource economics: an introduction. 2nd ed. New York: Longman, 1996.

EHRHART, K. –M., SCHLEICH, J. Comércio dos direitos de emissão. Scientific American Brasil, São Paulo, n. 12, p. 82-5, set. 2005. Edição especial.

FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations). Global forest resources assessment update 2005: terms and definitions (final version). Rome: Forest Resources Assessment Programme, 2004. (Working paper; 83/E)

FISHER, I. [1907] A teoria do juro: determinada pela impaciência por gastar renda e pela oportunidade de investi-la. São Paulo: Abril Cultural, 1984. 356p. (Os economistas)

GETTING SERIOUS IN BALI. The Economist, 3rd Dec. 2007. Disponível em: <http://www.economist.com/world/international/displaystory.cfm?story_id=10237931> Acesso em: 03 dez. 2007.

HOAG, D. L., ASCOUGH II, J. C.; ENGLER-PALMA, A. The impact matrix approach and decision rules to enhance index dimensionality, flexibility and representation. Ecological Indicators, v. 2, p.161-168, 2002.

HUTTON, J. P., HALKOS, G. E. Optimal acid rain abatement policy for Europe: an analysis for the year 2000. Energy Economics, v. 17, n. 4, p. 259-275, 1995.

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). SIDRA: extração vegetal. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/extveg/default.asp?z=t&o=16&i=P >. Acesso em: 26 maio 2008.

IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change). Climate change 2007: the physical science basis – summary for policy makers. In: ______. IPCC fourth assessment report: climate change 2007. Geneva, Switzerland: IPCC Secretariat: WMO, 2007. 21p.

IUCN (The World Conservation Union), WWF (World Wildlife Fund). Changing realities: ecosystem approaches and sustainable forest management. Arborvitæ, Oct. 2004. 12p.

LEHTONEN, M. The environmental-social interface of sustainable development: capabilities, social capital, institutions. Ecological Economics, v. 49, p. 99-214, 2004.

LOHMANN, L. Carbon trading: a critical conversation on climate change, privatisation and power. Uppsala, Sweden: The Dag Hammarskjöld Centre: Corner House, Sept. 2006. (Development dialogue; 48)

MARTÍNEZ ALIER, J. Da economia ecológica ao ecologismo popular. Blumenau: Edifurb, 1998. (Coleção sociedade e ambiente; 2)

MARTÍNEZ ALIER, J. The environmentalism of the poor: a study of ecological conflicts and valuation. Cheltenham, UK; Northampton, MA, USA: Edward Elgar, 2002.

MERICO, L. F. K. Introdução à economia ecológica. Blumenau: Edifurb, 2002. (Coleção sociedade e ambiente; 1)

MILES, D., SCOTT, A. Macroeconomia: compreendendo a riqueza das nações. São Paulo: Saraiva, 2005.

MUELLER, C. C. Os economistas e as relações entre o sistema econômico e o meio ambiente. Brasília: UnB: Finatec, 2007.

MUNDA, G. Métodos y procesos multicriterio para la evaluación social de las políticas públicas. Revista de la Red Iberoamericana de Economía Ecológica, v.1, p. 1-25, 2004.

MUNDA, G., NIJKAMP, P., RIETVELD, P. Qualitative multicriteria evaluation for environmental management. Ecological Economics, v. 10, p.97-112, 1994.

MUNIER, N. Economic growth and sustainable development: could multicriteria analysis be used to solve this dichotomy? Environment, Development and Sustainability, v.8, p.425-443, 2006.

NICCOLUCCI, V., PULSELLI, F. M., TIEZZI, E. Strengthening the threshold hypothesis: economic and biophysical limits to growth. Ecological Economics, v. 60 p. 667-672, 2007.

NIEMANN, B. L. Regional acid deposition calculations with the IBM PC Lotus 1-2-3 system. Environmental Software, v. 1, n. 3, p.175-181, 1986.

PATTERSON, M. G. Commensuration and theories of value in ecological economics. Ecological Economics, v. 25, p. 105-125, 1998.

ROMEIRO, A. R. Economia ou Economia Política da sustentabilidade. In: MAY, P. H., LUSTOSA, M. C., VINHA, V. da (orgs.). Economia do meio ambiente : teoria e prática. Rio de Janeiro : Elsevier, 2003. Introdução, p. 1-29.

SACHS, J. D., LARRAIN B., F. Macroeconomia: em uma economia global. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2000.

SBS (Sociedade Brasileira de Silvicultura). Estatísticas: setor florestal brasileiro. São Paulo, 2001. Disponível em: < http://www.sbs.org.br/estatisticas.htm >. Acesso em: 31 out. 2006.

SCHNEIDER, P. R., FLORIANO, E. P., SCHNEIDER, P. S. P., REINERT, D. J. FLOCEN – Plano estratégico de desenvolvimento florestal : Região Central do estado do Rio Grande do Sul. Santa Maria: FACOS/UFSM, 2005b.

SCHUMPETER, J. A. Value and money. In:______ [1954] History of economic analysis. New York: Oxford University Press, 1994. 1260 p. ch. 6, p. 276-334.

SEDJO, R. A., MARLAND, G. Inter-trading permanent emissions credits and rented temporary carbon emissions offsets: some issues and alternatives. Climate Policy, v. 3, p. 435-444, 2003.

SÖDERSTEN, B., REED, G. International economics. 3rd ed. London: MacMillan Press, 1994.

SRAFFA, P. [1960] Produção de mercadorias por meio de mercadorias: prelúdio a uma crítica da teoria econômica. São Paulo: Nova Cultural, 1997. 121p. (Os Economistas)

STERN, N. The economics of climate change: the Stern review. Cambridge, U. K.: Cambridge University Press: Cabinet Office – HM Treasury, 2006. Disponível em: <http://www.hm-treasury.gov.uk/independent_reviews/stern_review_economics_climate _change/stern_review report.cfm >. Acesso em: 11 nov. 2006.

VILLAVICENCIO, A. Mitos y realidad del Mecanismo de Desarrollo Limpio. Revista de la Red Iberoamericana de Economía Ecológica, v. 1, 2004. Disponível em: <http://www.redibec.org/archivos/revibec.htm >. Acesso em: 08 jan. 2006.

WACKERNAGEL, M., REES, W. Our ecological footprint: reducing human impact on the Earth. Gabriola Island, BC, Canada: New Society Publishers, 1996. (The new catalyst bioregional series; 9)

WILLIAMSON, J. A economia aberta e a economia mundial: um texto de economia internacional. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1989.

Downloads

Publicado

30-12-2008

Como Citar

Sobrinho, V. G., & Schneider, P. R. (2008). Análise bioeconômica do seqüestro florestal de carbono e da dívida ecológica: uma aplicação ao caso do Rio Grande do Sul. Ciência Florestal, 18(4), 493–510. https://doi.org/10.5902/19805098433

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

<< < 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >>