Há uma antecipação da vontade schopenhaueriana na metafísica de Leibniz?
DOI:
https://doi.org/10.5902/2179378690671Palavras-chave:
Metafísica, Forma substancial, VontadeResumo
Nos Fragmentos sobre a História da Filosofia, Schopenhauer afirma que a tese de Gottfried W. Leibniz, segundo a qual matéria e espírito compartilham um mesmo princípio, pode ser vista como um "pressentimento" de sua própria metafísica. O ponto de convergência entre essas duas filosofias residiria na noção de forma substancial, que sugere que o funcionamento da matéria não se limita às leis mecânicas ou químicas, mas deve ser compreendido à luz da metafísica. Neste artigo, proponho explorar os sentidos da afirmação de Schopenhauer, analisando os conceitos leibnizianos de forma substancial, força, harmonia preestabelecida, expressão e mônada. A intenção é evidenciar possíveis paralelos entre esses conceitos e a metafísica da natureza de Schopenhauer, que entende o mundo material como a objetivação da Vontade. Sugiro que o conceito leibniziano de força, central para compreender a forma substancial, abre espaço para um diálogo com a metafísica schopenhaueriana porque aponta para uma atividade metafísica primordial que, embora se exprima na ordem física e possa ser matematizada pelas ciências, não é de natureza física. De maneira análoga, em Schopenhauer, o mundo material é compreendido à luz da metafísica da Vontade e a matéria é o palco que torna perceptível os seus diferentes graus de objetivação.
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Referências
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