Morte, vida e destino em Schopenhauer e Freud: os “fins da natureza” na metafísica da vontade e na metapsicologia
DOI:
https://doi.org/10.5902/2179378647387Palavras-chave:
Vida, Morte, Pulsão, Vontade, Destino, TeleologiaResumo
Neste artigo, pretendo discutir alguns problemas que emergem da associação, já comum na literatura secundária, entre o último dualismo pulsional freudiano, baseado na oposição entre pulsões de vida e de morte, e as teses schopenhauerianas sobre a vida e a morte derivadas de sua metafísica da vontade. A partir de uma confrontação com as leituras de Marcel Zentner e Stephan Atzert, argumentarei a favor da hipótese de que a diferença mais relevante entre os modelos de Freud e de Schopenhauer não diz respeito à distinção no plano ontológico entre dualismo das pulsões e monismo da vontade, mas sim entre sentido biológico e sentido ético da suposta finalidade associada à morte, como “fim” ou “objetivo” da vida. Minha discussão, portanto, gira em torno de uma distinção quanto ao estatuto teleológico que se pode atribuir à dinâmica da relação entre vida e morte nos dois autores.Downloads
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