Alguns sentidos de “consciência” em Schopenhauer e indicações preliminares acerca de sua relação com um possível inconsciente psíquico
DOI:
https://doi.org/10.5902/2179378688744Palavras-chave:
Consciência, Cognição, VoliçãoResumo
Schopenhauer usa o termo “consciência” para designar ora a cognição em geral, associada ao conceito igualmente geral de “representação”, ora modalidades específicas ou momentos específicos da cognição. Este trabalho pretende apresentar um primeiro esboço de um mapeamento conceitual em torno da noção de consciência na obra do autor. Meu objetivo é identificar sentidos distintos do termo e, ao mesmo tempo, tentar encontrar uma definição mais geral que pudesse abranger todos eles (ou pelo menos a maioria deles). Após apresentar algumas definições gerais de consciência que servirão como eixo para o desenvolvimento da argumentação subsequente, proponho dois esquemas gerais de classificação dos tipos de consciência e, na sequência, um esboço complementar com acréscimo de algumas categorias e subdivisões possíveis dos tipos indicados anteriormente. As relações possíveis entre a concepção de consciência discutida aqui e a noção schopenhaueriana de inconsciente serão objeto de um segundo artigo, que dará continuidade a este.
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