As mudanças na concepção de narrativa na História acadêmica e didática

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984644446919

Palavras-chave:

Narrativa, Epistemologia da História, Didática da História

Resumo

O presente artigo tem o objetivo de analisar, a partir de um levantamento bibliográfico, as mudanças na ideia de narrativa ocorridas no âmbito das três gerações da Escola dos Annales. Está organizado em quatro partes, incluindo considerações finais e referências. Parte-se da discussão sobre como a narrativa foi compreendida pelas três gerações dos Annales; apresenta os limites desta concepção e, em seguida, discute-se como a narrativa tem sido compreendida atualmente, apresentando suas potencialidades discursivas e epistemológicas para o fazer historiográfico e didático. Ressalta-se que as críticas dos Annales à narrativa não foram direcionadas somente a um tipo de História, mas também ao tipo narrativo como inadequado à representação escrita da História acadêmica. Essa concepção se revela simplista, uma vez que a narrativa, além de não se limitar a um tipo textual que descreve uma sucessão de acontecimentos, constitui-se num tipo discursivo que permite articular diversas temporalidades. E constitui-se, ainda, numa complexa forma de pensamento que permite dar sentido e significado ao vivido. Essa abordagem abre possibilidades de investigação sobre a escrita da História didática, o processo de ensino e aprendizagem da disciplina, bem como o papel da narrativa como forma de conhecimento na vida cotidiana.

Biografia do Autor

Nayara Silva de Carie, Universidade Federal de Minas Gerais

Professora Doutora da Universidade Federal de Minas Gerais

Faculdade de Educação

Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino

Ensino de História

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Publicado

2022-11-21

Como Citar

Carie, N. S. de . (2022). As mudanças na concepção de narrativa na História acadêmica e didática . Educação, 47(1), e102/ 1–23. https://doi.org/10.5902/1984644446919

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