Institucionalização do Modelo da Gestão Integrada da Escola na Rede Estadual de Ensino do Rio de Janeiro

Autores

  • Lucia Helena Esteves Pereira Universidade Federal Fluminense (UFF)
  • Sandra Regina Holanda Mariano Universidade Federal Fluminense (UFF)
  • Joysi Moraes Universidade Federal Fluminense (UFF)
  • Bruno Francisco Batista Dias Universidade Federal Fluminense (UFF)

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984644432139

Palavras-chave:

Institucionalização, Modelo de Gestão Integrada da Escola (GIDE), Escolas públicas

Resumo

Este artigo discute, em que medida, as práticas inerentes ao modelo da Gestão Integrada da Escola (GIDE) implementadas nas escolas estaduais do Rio de Janeiro passaram a fazer parte da rotina da organização escolar, ou seja, em que medida foram institucionalizadas ou não. O processo de institucionalização, caracterizado por possuir, pelo menos, três fases, habitualização, objetificação e sedimentação (TOLBERT e ZUCKER, 1999), foi analisado sob a perspectiva dos docentes. Foi realizada uma survey com professores da Rede Estadual de Educação, utilizando o Survey Monkey. O nível de confiança adotado foi de 92% e, tendo como referência o universo em estudo de 54.000 professores, havia a necessidade de alcançar, pelo menos, 156 respondentes. Foram obtidas 189 respostas. Os resultados apontam que a implementação da GIDE organizou e padronizou rotinas administrativas que permitiram a maior organização do sistema educacional do estado. Estas práticas administrativas foram sedimentadas. Entretanto, as práticas pedagógicas dos docentes, em sala de aula, não foram alteradas, ou seja, as mudanças sugeridas pela GIDE não foram extensíveis à sala de aula. Só houve mudança, de fato, nos processos administrativos. Este foi um dos principais achados desta pesquisa: no espaço destinado ao exercício da burocracia profissional não ocorreram mudanças significativas. Uma das principais características deste tipo de estrutura é a autonomia individual que permite grande liberdade de controle do próprio trabalho por parte do profissional, como no caso dos docentes em sala de aula (CLABAUGH e ROZYCKI, 1990; BIDWELL, 2001; MINTZBERG, 2003).

Biografia do Autor

Lucia Helena Esteves Pereira, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Mestre em Administração pela Universidade Federal Fluminense, com foco de pesquisa em Educação e Gestão Escolar, com interesses na EaD. Graduação em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense - UFF

Sandra Regina Holanda Mariano, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Professora Associada da Universidade Federal Fluminense (UFF) - Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA/UFF/Volta Redonda). Doutora em Engenharia de Sistemas e Computação pela Universidade Federal do Rio Janeiro (UFRJ). Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Empreendedorismo (PPGE/UFF).

Joysi Moraes, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Professora Associada da Universidade Federal Fluminense (UFF). Professora convidada da The University of Nottingham. Professora do Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA/UFF/Volta Redonda). Doutora em Administração com ênfase em Organizações pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

 

Bruno Francisco Batista Dias, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal Fluminense. Graduado em Administração e em Tecnologia em Sistemas de Computação pela Universidade Federal Fluminense. Possui MBA em Gestão Pública com ênfase em didática do ensino superior

Referências

ACKOFF, Russell L. Management misinformation systems. Management Science, Pennsylvania, v.14, n.4, dec., 1967. Disponível em http://hkilter.com/courses/609/rl-Ackoff-Management-Misinformation-Systems.pdf. Acesso em: 10 abr. 2018.

BABBIE, Earl. Métodos de Pesquisa de Survey. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.

BERGER, Peter; LUCKMANN. Thomas. La construcción social de la realidad. Buenos Aires: Amorrortu, 2001.

BRELÀZ, Gabriela; ALVES, Mário Aquino. O processo de institucionalização da participação na Câmara Municipal de São Paulo: uma análise das audiências públicas do orçamento (1990-2010). Revista de Administração Pública, v. 47, n. 4, p. 803-826, 2013.

BIDWELL, Charles. Analyzing schools as organizations: long-term permanence and short-term change. Sociology of Education, v. 74, 100–114, 2001.

BONETTI, Osvaldo Peralta; ODEH, Muna Muhammad; CARNEIRO, Fernando Ferreira. Problematizando a institucionalização da educação popular em saúde no SUS. Interface, v.18, n.2, p. 1413-1426, 2014.

BORGES, Flávio Henrique Moncorvo. A GIDE no contexto de uma escola de Ensino Médio regular noturno no Rio de Janeiro: uma análise das práticas gestoras. Juiz de Fora: Programa de Pós-Graduação em Gestão e Avaliação da Educação Pública (UFJF), 2013.

CLABAUGH, Gary; ROZYCKI, Edward. The school as an organization. In: CLABAUGH, Gary; ROZYCKI, Edward (Eds.). Understanding schools: the foundations of education (Chapter 8). New York, NY: Harper & Rowe, 1990.

COCHRAN, William G. Sampling Techniques. New York: John Wiley & Sons, 1977.

DIMAGGIO, Paul Joseph; POWELL, Walter. A gaiola de ferro revisitada: isomorfismo institucional e racionalidade coletiva nos campos organizacionais. Revista de Administração de Empresas, v. 45, n. 2, p. 74-89, 2005.

EISENHARDT, Kathleen. Agency and institutional theory explanations; the case of retail sale compensation. Academy of Management Journal, v. 31, p. 488-511, 1988.

GODOY, Maria Helena Pádua Coelho; MURICI, Izabela Lanna. Gestão integrada da escola. Curitiba (PR): INDG Tecnologia e Serviços Ltda., 2009.

GOUVEIA, Andréa Barbosa; SOUZA, Ângelo Ricardo. Perspectivas e desafios no debate sobre financiamento e gestão da educação: da Conae a um novo PNE. Educação e Sociedade, Campinas, SP, v. 31, n. 112, p. 789-807, jul./set. 2010.

GUERREIRO, Reinaldo et al. Fatores determinantes do processo de institucionalização de uma mudança na programação orçamentária: uma pesquisa ação em uma organização brasileira. Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ, v.10, n.1, p.59-76, 2005.

HAIR, Joseph JR. et al. Análise multivariada de dados. Porto Alegre: Bookman, 2009.

Howlett, Michael; Ramesh, M.; Perl, Anthony. Studying public policy: Policy cycles and policy subsystems. Oxford: Oxford University Press, 2003.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=330630&search=||infogr%E1ficos:-informa%E7%F5es-completas>. Acesso em: 20 nov. 2017.

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Brasília: INEP, 2015. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/portal-ideb>. Acesso em: 24 nov. 2017.

INEP, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Estudo exploratório sobre o professor brasileiro com base nos resultados do Censo Escolar da Educação Básica 2007. Brasília: Inep, 63 p, 2009. Disponível em http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/estudoprofessor.pdf. Acesso em 02/02/2017.

INEP, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Disponível em http://portal.inep.gov.br/web/portal-ideb. Acesso em 02/06/2015.

INEP, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Estudo exploratório sobre o professor brasileiro com base nos resultados do Censo Escolar da Educação Básica 2007. Brasília: Inep, 63 p, 2009. Disponível em http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/estudoprofessor.pdf. Acesso em 02/02/2017.

JOHNSON, Susan Moore; BERG, Jill Harrison; DONALDSON, Morgaen. Who Stays in Teaching and Why: A Review of the Literature on Teacher Retention. The Project on the Next Generation of Teachers. Feb., 2005.

KIRKBESOGLU, Erdem. Strategic reactions of organizations to legal environment: a typology for industries in the process of institutionalization. International Journal of Business, Humanities and Technology, v. 2, n. 3, p. 68-72, 2012.

KOETZ, Carmen Maria; WERLE, Flávia Obino Corrêa. Trajetória do sistema de avaliação do rendimento escolar do Estado do Rio Grande do Sul. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 20, n.77, p.677-700, 2012.

MACHADO-DA-SILVA, Clóvis; GONÇALVES, Sandro Aparecido. Nota técnica: a teoria institucional. In: CLEGG, S. R.; HARDY, C.; NORD, W. R. (Orgs.). Handbook de Estudos Organizacionais, v. 1. São Paulo: Atlas, 1999. p. 220-226.

MACHADO-DA-SILVA, Clóvis; FONSECA, Valéria Silva da; CRUBELLATE, João Marcelo. Estrutura, agência e interpretação: elementos para uma abordagem recursiva do processo de institucionalização. Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, v. 14, n. spe, p. 77-107, Set., 2010.

MEYER, John W.; ROWAN, Brian. Institutionalized organizations: formal structure as myth and Ceremony. American Journal of Sociology, v. 83, p. 341-63, 1977.

MINTZBERG, Henry. Criando organizações eficazes. São Paulo: Atlas, 2003.

NASCIMENTO, João Paulo Rodrigues; VIEIRA, Maria das Graças. Os desafios da institucionalização do ensino superior na modalidade a distância: a visão dos gestores de uma universidade federal. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 24, n.91, p.308-336, 2016.

POWELL, Walter W; DiMAGGIO, Paul. J. The Iron Cage Revisited: Institutional Isomorphism and Collective Rationality in Organizational fields. American Sociological Review, p.147-60, April 1983.

POWELL, Walter W.; DiMAGGIO, Paul. J. The new institutionalism in organizational analysis. Chicago; London: University of Chicago Press, 1990.

PROCHNO, Paulo. Routine assembly: institutionalizing practices in a new setting. In: Anais XXVII ENANPAD, Atibaia, 2003.

QUEIROS, Agleildes Arichele Leal; LIMA, Luci Praciano. A institucionalização do trabalho do agente comunitário de saúde. Trabalho, Educação e Saúde, v. 10, n.2, p. 257-281, 2012.

SCHELBAUER, Analete Regina. Da roça para a escola: institucionalização e expansão das escolas primárias rurais no Paraná. História da Educação, v. 18, n.43, 2014.

SCOTT, W. Richard. Institutions and organizations. London: Sage Publications, 2001.

SEEDUC, Secretaria de Estado de Educação. Relatório de Gestão e Políticas Públicas. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: <http://download.rj.gov.br/documentos/10112/2247397/DLFE-72622. pdf/RGPP2014Parte1.pdf> . Acesso em: 28 jan. 2018.

SEEDUC, Secretaria de Estado de Educação. Relatório de Governança. SEEDUC em números: transparência na educação. Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: <http://download.rj.gov.br/documentos/10112/912504/DLFE-61803.pdf/RELATORIODEGOVERNANCA2013web.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2018.

TOLBERT, Pamela; ZUCKER, Lynne. A institucionalização da teoria institucional. Handbook de estudos organizacionais, v. 1, p. 196-219, 1999.

ZUCKER, Lynne. The role of institutionalization in cultural persistence. American Sociological Review, v.41, n.5, p.726-43, 1977.

VALLE, Maria M. de M. O monitoramento do programa de educação do estado do Rio de Janeiro. Juiz de Fora: Faculdade de Educação/CAED. Programa de Pós-Graduação em Gestão e Avaliação da Educação Pública (UFJF), 2012.

ZUCKER, Lynne. Institutional theories of organization. Annual Review of Sociology, v. 13, p. 443-464. 1987.

Downloads

Publicado

2019-04-04

Como Citar

Pereira, L. H. E., Mariano, S. R. H., Moraes, J., & Dias, B. F. B. (2019). Institucionalização do Modelo da Gestão Integrada da Escola na Rede Estadual de Ensino do Rio de Janeiro. Educação, 44, e37/ 1–29. https://doi.org/10.5902/1984644432139

Edição

Seção

Artigo Demanda Contínua