Institucionalização do Modelo da Gestão Integrada da Escola na Rede Estadual de Ensino do Rio de Janeiro
DOI:
https://doi.org/10.5902/1984644432139Palavras-chave:
Institucionalização, Modelo de Gestão Integrada da Escola (GIDE), Escolas públicasResumo
Este artigo discute, em que medida, as práticas inerentes ao modelo da Gestão Integrada da Escola (GIDE) implementadas nas escolas estaduais do Rio de Janeiro passaram a fazer parte da rotina da organização escolar, ou seja, em que medida foram institucionalizadas ou não. O processo de institucionalização, caracterizado por possuir, pelo menos, três fases, habitualização, objetificação e sedimentação (TOLBERT e ZUCKER, 1999), foi analisado sob a perspectiva dos docentes. Foi realizada uma survey com professores da Rede Estadual de Educação, utilizando o Survey Monkey. O nível de confiança adotado foi de 92% e, tendo como referência o universo em estudo de 54.000 professores, havia a necessidade de alcançar, pelo menos, 156 respondentes. Foram obtidas 189 respostas. Os resultados apontam que a implementação da GIDE organizou e padronizou rotinas administrativas que permitiram a maior organização do sistema educacional do estado. Estas práticas administrativas foram sedimentadas. Entretanto, as práticas pedagógicas dos docentes, em sala de aula, não foram alteradas, ou seja, as mudanças sugeridas pela GIDE não foram extensíveis à sala de aula. Só houve mudança, de fato, nos processos administrativos. Este foi um dos principais achados desta pesquisa: no espaço destinado ao exercício da burocracia profissional não ocorreram mudanças significativas. Uma das principais características deste tipo de estrutura é a autonomia individual que permite grande liberdade de controle do próprio trabalho por parte do profissional, como no caso dos docentes em sala de aula (CLABAUGH e ROZYCKI, 1990; BIDWELL, 2001; MINTZBERG, 2003).
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