Prática das farmácias vivas do município de Fortaleza, Ceará, e a necessidade de uma ação de extensão sistêmica

Autores

  • Leonardo Lopes Rufino Escola Estadual de Ensino Profissionalizante Francisca Maura Martins, Rua Projetada S/N, Lindelândia, Hidrolândia, Ceará, Brasil, CEP: 62270-000
  • Guillermo Gamarra-Rojas Universidade Federal do Ceará (UFC), Departamento de Economia Agrícola (DEA), Av. Mister Hull 2977, Campus do Pici, Bloco 807, Caixa-postal 6017, Pici, Fortaleza, Ceará, Brasil, CEP: 60021-970
  • Mary Anne Medeiros Bandeira Universidade Federal do Ceará
  • José Ribamar Furtado de Souza Universidade Federal do Ceará
  • José Newton Pires Reis Universidade Federal do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.5902/2318179625598

Palavras-chave:

extensão rural, fitoterapia, plantas medicinais, políticas públicas.

Resumo

A Farmácia Viva (FV) foi idealizada no Ceará e originou a Política Pública em Plantas Medicinais e Medicamentos Fitoterápicos, a qual vem buscando revitalizar essa atividade no Estado. O estudo de multi casos, baseado em análise do conteúdo, objetivou caracterizar as FVs de Fortaleza buscando conhecer a sua dinâmica e os atores sociais e analisá-las quanto à inovação e/ou conformidade com a Política Estadual. As FVs partilham contextos semelhantes, em áreas de pobreza e marginalidade social. Dedicam-se à produção, consumo e distribuição de plantas medicinais, e 30% também a atender à demanda de fitoterápicos do SUS. Os atores sociais previstos na Política estão pouco evidentes, exceto nas FVs da Universidade Federal do Ceará (UFC) e do Núcleo de Fitoterápicos. Comunitários, acadêmicos e pacientes, substituem aqueles parcialmente e se constituem simultaneamente em produtores, técnicos de transformação e beneficiários. Os hortos são agriculturas urbanas e espaço de aprendizagem e convivência, denotando sua multifuncionalidade. A relativa autonomia na cadeia produtiva implica em prestar atenção à produção integrada e a necessidade de se proporcionar assessoria sistêmica na produção, transformação e gestão. A relação entre normatização e prática sugere considerar as inovações dos sujeitos sociais, que são quem melhor pode retroalimentar a política.

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Biografia do Autor

Leonardo Lopes Rufino, Escola Estadual de Ensino Profissionalizante Francisca Maura Martins, Rua Projetada S/N, Lindelândia, Hidrolândia, Ceará, Brasil, CEP: 62270-000

Possui mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal do Ceará (2015) e graduação em Agronomia pela Universidade Federal do Ceará (2012). Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em agronegócio, agropecuária, Extensão Rural, atuando principalmente nos seguintes temas: empreendedorismo, marketing, agricultura familiar, economia solidária, mulheres rurais, agroecologia e feiras agroecológicas.

Guillermo Gamarra-Rojas, Universidade Federal do Ceará (UFC), Departamento de Economia Agrícola (DEA), Av. Mister Hull 2977, Campus do Pici, Bloco 807, Caixa-postal 6017, Pici, Fortaleza, Ceará, Brasil, CEP: 60021-970

Possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Alagoas (1985), mestrado em Ciências Agrárias pela Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia (1994) e doutorado em Botânica pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (2002). Atua nas áreas de Agroecologia, Extensão Rural, Desenvolvimento e Políticas Públicas. Tem experiência em elaboração e coordenação de projetos de pesquisa e desenvolvimento, extensão e formação profissional nos níveis local, estadual e nacional e na cooperação internacional. Atualmente é professor adjunto da UFC. Leciona nos Cursos de Graduação das Ciências Agrárias (Agronomia, Economia Ecológica, Engenharia de Pesca e Zootecnia). Atua como orientador e co-orientador em Cursos de Pós-graduação: Mestrado Acadêmico em Economia Rural (MAER), Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA) e Máster Interuniversitario en Agroecología: un Enfoque para la Sustentabilidad Rural”, Universidad Internacional de Andalucía, Baeza.

Mary Anne Medeiros Bandeira, Universidade Federal do Ceará

Graduada em Farmácia pela Universidade Federal do Ceará (1981), Especialização em Farmacoquímica (1985), pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mestrado (1993) e Doutorado (2002) em Química pela Universidade Federal do Ceará. Atualmente é Professora das Disciplinas de Farmacognosia e de Fitoterapia da Universidade Federal do Ceará. Atua como Supervisora Didático-Pedagógica do Estágio Supervisionado em Farmácia I, Membro do Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFC, do Programa de Pós-Graduação em Inovação e Desenvolvimento Tecnológico em Medicamentos PPgDITM/Doutorado em Associação e do Mestrado Profissional em Saúde da Família - Rede Nordeste em Saúde da Família (RENASF), nucleadora UFC em parceria com a Fiocruz . Diretora do Horto de Plantas Medicinais Francisco José de Abreu Matos, Coordenadora do Programa Farmácias Vivas da UFC, Supervisora do Núcleo de Fitoterápicos da Coordenadoria de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, Coordenadora do Comitê Estadual de Fitoterapia do Ceará e Membro do Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Tem experiência na área de Farmácia, com ênfase em Farmácias Vivas, atuando principalmente nos seguintes temas: Fitoterapia em Saúde Pública, Farmacovigilância, Controle de Qualidade de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e Fitoquímica de Produtos Naturais.

José Ribamar Furtado de Souza, Universidade Federal do Ceará

Graduado em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal do Ceará (UFC), especialização em Extensão Rural na Universidade de Madrid, mestrado em Extensão Agrícola - Faculty of Education - University of Reading , PhD em Economia e Ciências Politicas - London School of Economics and Political Sciences (LSE). Pós-doutorados em Sociologia do Desenvolvimento (Universidade de Paris X ( Nanterre) Paris – França; LSE – Inglaterra;  pesquisador convidado no CIRAD – França. Tem experiência em elaboração e coordenação de projetos de pesquisa e desenvolvimento e extensão nos níveis local, estadual e nacional e na cooperação internacional. Atualmente é professor permanente da Pós-graduação, em Educação Brasileira da UFC e professor colaborador do CCA da UFC, desenvolvendo as atividades de ensino, pesquisa e extensão em Formação Profissional das Agrárias.

José Newton Pires Reis, Universidade Federal do Ceará

Possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal do Ceará (1990) e Doutorado em Economia Aplicada pela Universidade de São Paulo (1995). Atualmente é Professor Associado 4 da Universidade Federal do Ceará. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia Agrária, atuando principalmente nos seguintes temas: agronegócio, comercialização, marketing e empreendedorismo.

Referências

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Publicado

2019-12-28

Como Citar

Rufino, L. L., Gamarra-Rojas, G., Bandeira, M. A. M., Souza, J. R. F. de, & Reis, J. N. P. (2019). Prática das farmácias vivas do município de Fortaleza, Ceará, e a necessidade de uma ação de extensão sistêmica. Extensão Rural, 25(4), 40–56. https://doi.org/10.5902/2318179625598

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