Reflexões sobre práticas pedagógicas inclusivas com estudantes com deficiência intelectual
DOI:
https://doi.org/10.5902/1984686X69440Palavras-chave:
Inclusão escolar, "Deficiência", Ofício de alunoResumo
A inclusão escolar de estudantes com deficiência se tornou uma questão central no campo educacional, pois envolve a inserção do público-alvo da educação especial em escolas regulares de ensino. Este artigo é um recorte de uma dissertação de Mestrado em Educação e tem por objetivo propor reflexões sobre práticas pedagógicas inclusivas realizadas com estudantes com deficiência intelectual (DI). A metodologia envolveu técnicas da etnografia (observação participante, elaboração de diário de campo, realização de entrevistas ), análise de documentos da escola campo da investigação e de dispositivos legais nacionais e municipais que garantem os direitos das crianças com deficiência de frequentar e ter acesso ao conhecimento em escolas regulares de ensino. A geração de dados foi realizada em 2018 numa escola pública da rede municipal de Florianópolis – Santa Catarina (SC), que trabalha na perspectiva inclusiva. Os sujeitos alvo da pesquisa foram três estudantes com DI, matriculadas no 6º e no 8º ano. A análise dos dados permitiu concluir que, se a inclusão escolar dos estudantes com DI na escola pesquisada está garantida do ponto de vista legal, observações e entrevistas demonstraram que existem desafios e barreiras (pedagógicas e atitudinais) que comprometem a acessibilidade simbólica desses estudantes. Ademais, que eles conseguem aprender no seu ritmo e em condições adequadas, mas, o ideal de aluno, presente no conceito de ofício de aluno (MARCHI, 2010; PERRENOUD,1995), pode contribuir tanto para o fracasso escolar quanto para a instauração de práticas de exclusão branda (BOURDIEU & CHAMPAGNE, 2008).
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