MUDANÇAS PÓS-FOGO NA FLORÍSTICA E ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO ARBÓREO-ARBUSTIVA DE UM CERRADO SENTIDO RESTRITO EM PLANALTINA, DF
DOI:
https://doi.org/10.5902/1980509832028Palabras clave:
fogo, cerrado, florística, fitossociologia.Resumen
O monitoramento da vegetação arbóreo-arbustiva foi realizado em parcelas permanentes, em duas áreas de Cerrado sentido restrito em Planaltina (DF), em sete ocasiões de 1988 a 2012. Em uma área, Área 1, foram aplicadas queimadas bienais, em agosto de 1988, 1990 e 1992; a outra área, Área 2, foi protegida até julho de 1994, antes do fogo acidental que atingiu as duas áreas em agosto. As áreas foram protegidas da ação do fogo de 1995 a 2012. Antes das queimadas, foram medidas a circunferência, a 30 cm do solo, e a altura de todos os indivíduos arbóreo-arbustivos que atingiam um metro ou mais; em 1988, foi medida a altura apenas. A riqueza foi comparada entre as duas áreas. A diversidade de espécies foi analisada por meio dos perfis de diversidade e a similaridade florística, pelo método UPGMA. Foram avaliados os parâmetros de densidade, frequência, dominância e Índice de Valor de Importância. O fogo não influenciou a riqueza de espécies nas duas áreas, em todo o período. Foram registradas 82 espécies nas duas áreas durante todo o período de estudo, sendo, na Área 1, 74 espécies, em 35 famílias, e na Área 2, 73 espécies, em 34 famílias. De 1988 a 1994, as duas áreas apresentaram diferenças na diversidade e na similaridade florística. Após 18 anos de proteção, em 2012, as duas áreas mostraram similaridade florística, porém, diferenças na diversidade, com maior diversidade na Área 1. A comunidade arbóreo-arbustiva se mostrou resistente e resiliente ao fogo. As queimadas bienais reduziram a densidade e a área basal, mas, a exclusão do fogo favoreceu o aumento desses parâmetros nas duas áreas. As distribuições dos indivíduos em classes de altura e de diâmetro não diferiram significativamente, nas duas áreas, mas o fogo afetou, principalmente, os indivíduos nas menores classes de altura e de diâmetro.
Descargas
Citas
ALMEIDA, R. F. et al. Mudanças florísticas e estruturais no cerrado sensu stricto ao longo de 27 anos (1985-2012) na Fazenda Água Limpa, Brasília, DF. Rodriguésia, Rio de Janeiro, v. 65, n. 1, p. 1-19, 2014.
ANDRADE, L. A. Z. et al. Fitossociologia de uma área de cerrado denso na RECOR-IBGE, Brasília-DF. Acta Botanica Brasilica, Belo Horizonte, v. 16, n. 2, p. 225-240, 2002.
ANDRADE, L. A. Z.; MIRANDA, H. S. O fator fogo no banco de sementes. In: MIRANDA, H. S. (Org.). Efeitos do fogo sobre a estrutura de comunidades de Cerrado: resultados do Projeto Fogo. Brasília: IBAMA, 2010. p. 103-119.
ASSUNÇÃO, S.; FELFILI, J. M. Fitossociologia de um fragmento de cerrado sensu stricto na APA do Paranoá, DF. Brasil. Acta Botanica Brasilica, Belo Horizonte, v. 18, p. 903-909, 2004.
CAMARGOS, V. L. et al. Estudo do comportamento do fogo em um trecho de floresta estacional semidecídua no município de Viçosa, Minas Gerais. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 25, n. 3, p. 537-545, 2015.
CARVALHO, F. A. et al. Composição florística, riqueza e diversidade de um cerrado sensu stricto no sudeste do estado de Goiás. Bioscience Journal, Uberlândia, v. 24, n. 4, p. 64-72, 2008.
CHASE, M. W.; REVEAL, J. L. A phylogenetic classification of the land plants to accompany APG III. Botanical Journal of the Linnean Society, London, v. 161, p. 122-127, 2009.
CIANCIARUSO, M. V.; SILVA, I. A.; BATALHA, M. A. Aboveground biomass of functional groups in the ground layer of savannas under different fire frequencies. Australian Journal of Botany, Melbourne, v. 58, n. 3, p. 169-174, 2010.
CIRNE, P.; MIRANDA, H. S. Effects of prescribed fires on the survival and release of seeds of Kielmeyera coriacea (Spr.) Mart. (Clusiaceae) in savannas of Central Brazil. Brazilian Journal of Plant Physiology, Londrina, v. 20, n. 3, p. 197-204, 2008.
COUTINHO, L. M. Fire in the ecology of the Brazilian cerrado. In: GOLDAMMER, J. G. (Ed.). Fire in the Tropical Biota. Berlin: Springer-Verlag, 1990. p. 82-105.
FELFILI, J. M. et al. Changes in the floristic composition of cerrado sensu stricto in Brazil over a nine-year period. Journal of Tropical Ecology, Cambridge, v. 16, p. 579-590, 2000.
FELFILI, J. M.; REZENDE, R. P. Conceitos e métodos em fitossociologia. Brasília: Universidade de Brasília, 2003. (Comunicações técnicas, n. 1).
FIEDLER, N. C. et al. Efeito de Incêndios Florestais na Estrutura e Composição Florística de uma Área de Cerrado Sensu Stricto na Fazenda Água Limpa-DF. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 28, n.1, p. 129-138, 2004.
HAMMER, O.; HARPE, A. T. D.; RYAN, P. D. PAST: Paleontological statistics software package for education and data analysis. Paleontologia Eletronica, Oslo, v. 4, n. 1, p. 1-9, 2001.
HENRIQUES, R. P. B. Influência da história, solo e fogo na distribuição e dinâmica das fitofisionomias no bioma Cerrado. In: SCARIOT, A.; SOUSA-SILVA, J. C.; FELFILI, J. M. (Org.). Cerrado: ecologia, biodiversidade e conservação. Brasília: MMA, 2005. p. 73-92.
HENRIQUES, R. P. B.; HAY, J. D. Patterns and dynamics of plant population. In: OLIVEIRA, P. S.; MARQUIS, R. J. The Cerrados of Brazil: ecology and natural history of a neotropical savanna. New York: Columbia University Press, 2002. p. 140-158.
HOFFMANN, W. A. The effects of fire and cover on seedling establishment in a Neotropical Savanna. Journal of Ecology, Oxford, v. 84, n. 3, p. 383-393, 1996.
HOFFMANN, W. A.; SOLBRIG, O. T. The role of topkill in the differential response of savanna woody species to fire. Forest Ecology and Management, Wageningen, v. 180, p. 273-286, 2003.
JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO. Lista de espécies da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso em: dez. 2015.
LEINSTER, T.; COBBOLD, C. A. Measuring diversity: the importance of species similarity. Ecology, Washington, v. 93, n. 3, p. 477-489, 2012.
LIBANO, A. M.; FELFILI, J. M. Mudanças temporais na composição florística e na diversidade de um cerrado sensu stricto do Brasil Central em um período de 18 anos (1985-2003). Acta Botanica Brasílica, Belo Horizonte, v. 20, n. 4, p. 927-936, 2006.
LIMA, E. S.; LIMA, H. S.; RATTER, J. A. mudanças pós-fogo na estrutura e composição da vegetação lenhosa em um cerrado mesotrófico, no período de cinco anos (1997-2002) em Nova Xavantina – MT. Cerne, Lavras, v. 15, n. 4, p. 468-480, 2009.
MEDEIROS, M. B.; MIRANDA, H. S. Mortalidade pós-fogo em espécies lenhosas de campo sujo submetido a três queimadas prescritas anuais. Acta Botanica Brasilica, Belo Horizonte, v. 19, n. 3, p. 493-500, 2005.
MEDEIROS, M. B.; MIRANDA, H. S. Post-fire resprouting and mortality in cerrado woody plant species over a three-year period. Edinburgh Journal of Botany, Edinburgh, v. 65, n. 1, p. 53-68, 2008.
MEDINA, E.; SILVA, J. F. Savannas of northern South América: a steady state regulated by water-fire interactions on a background of low nutrient availability. Journal of Biogeography, Malden, v. 17, p. 403-413, 1990.
MIRANDA, H. S.; NASCIMENTO NETO, W.; NEVES, B. M. C. Caracterização das queimadas no Cerrado. In: MIRANDA, H. S. (Org.). Efeitos do regime do fogo sobre a estrutura de comunidade de Cerrado: Projeto fogo. Brasília: IBAMA, 2010. p. 23-33.
MIRANDA, S. C.; SILVA JUNIOR, M. C.; CARVALHO, P. S. O efeito da proteção do fogo na estrutura da vegetação lenhosa de uma área de Cerrado sentido restrito no Brasil. Heringeriana, Brasília, v. 7, n. 1, p. 61-72, 2013.
MOREIRA, A. G. Effects of fire protection on savanna structure in Central Brazil. Journal of Biogeography, Malden, v. 27, p. 1021-1029, 2000.
MORO, M. F.; MARTINS, F. R. Métodos de levantamento do componente arbóreo-arbustivo. In: FELFILI, J. M. et al. Fitossociologia no Brasil: métodos e estudos de casos. Viçosa, MG: UFV, 2011. p. 174-212.
MUELLER-DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. Aims and methods of vegetation ecology. New York: Willey and Sons, 1974.
PARRON, L. M. et al. Reservas ecológicas da Embrapa Cerrados: caracterização e zoneamento. Planaltina: EMBRAPA; CPAC, 1998. 80 p.
PINHEIRO, E. S.; DURIGAN, G. Dinâmica espaço-temporal (1962-2006) das fitofisionomias em unidade de conservação do Cerrado no sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 32, n. 3, p. 441-454, 2009.
RAMOS, A. E. O efeito da queima sobre a vegetação lenhosa do cerrado. 1990. 142 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia) – Universidade de Brasília, Brasília, 1990.
RIBEIRO, M. N. et al. Fogo e dinâmica da comunidade lenhosa em cerrado sentido restrito, Barra do Garças, Mato Grosso. Acta Botanica Brasilica, Belo Horizonte, v. 26, n. 1, p. 203-217, 2012.
SAMBUICHI, R. H. R. Efeitos de longo prazo do fogo periódico sobre a fitossociologia da camada lenhosa de um Cerrado em Brasília, DF. 1991. 129 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia) – Universidade de Brasília, Brasília, 1991.
SATO, M. N. et al. O fogo e o estrato arbóreo do Cerrado: efeitos imediatos e de longo prazo. In: MIRANDA, H. S. (Org.). Efeitos do regime do fogo sobre a estrutura de comunidade de Cerrado: Projeto fogo. Brasília: IBAMA, 2010. p. 77-91.
SCARIOT, A. et al. Efeitos da fragmentação sobre os habitats. In: RAMBALDI, D. M; OLIVEIRA, D. A. S. (Org.). Fragmentação de ecossistemas. Brasília: MMA, 2003. p. 103-123.
SCOLFORO, J. R. S.; THIERSCH, C. R. Biometria florestal: medição, volumetria e gravimetria. Lavras: UFLA, 2004. 285 p.
SHEPHERD, G. J. Manual do usuário. FITOPAC 2.1.2.85 Campinas: UNICAMP, 2010.
SILVA, D. M. et al. Os efeitos dos regimes de fogo sobre a vegetação de Cerrado no Parque Nacional das Emas, GO: considerações para a conservação da diversidade. Biodiversidade Brasileira, Brasília, v. 1, n. 2, p. 26-39, 2011.
SILVA, M. A. Mudanças na composição florística e estrutura de um cerrado sensu stricto, em um período de 12 anos (1985- 1997), na Fazenda Água Limpa (FAL)-Brasília - DF. 1999. 62 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) – Universidade de Brasília, Brasília, 1999.
SOKAL, R. R.; ROHLF, F. J. Introduction to Biostatistics. 2nd ed. New York: DOVER, 2009. 63 p.
SPERA, S. T. et al. Características físicas de um Latossolo Vermelho-Escuro, no Cerrado de Planaltina, DF, submetido à ação do fogo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 35, n. 9, p. 1817-1824, 2000.
TÓTHMÉRÉSZ, B. Comparasion of different methods for diversity ordering. Journal of Vegetation Science, Malden, v. 6, p. 283-290, 1995.
VALENTIN, J. L. Ecologia numérica: uma introdução à análise multivariada de dados ecológicos. Rio de Janeiro: Interciência, 2000. 117 p.
ZAR, J. H. Biostatistical analysis. New Jersey: Prentice-Hall, 2009.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
A CIÊNCIA FLORESTAL se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da lingua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
As provas finais serão enviadas as autoras e aos autores.
Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da revista CIÊNCIA FLORESTAL, sendo permitida a reprodução parcial ou total dos trabalhos, desde que a fonte original seja citada.
As opiniões emitidas pelos autores dos trabalhos são de sua exclusiva responsabilidade.